15 agosto 2019

FÁBRICAS DE MITOS: TIMELY COMICS


  Num tempo de maravilhas e prodígios, lançou as bases do Universo Marvel e a trepidante carreira de Stan Lee. Teve no Capitão América o seu porta-estandarte e, tal como ele, foi revivida para enfrentar os desafios do presente.

Self-made man

Numa tentativa de suster a abrupta queda nas vendas, no início de 2016 a Marvel anunciou o lançamento de uma nova linha de títulos económicos com o selo Timely Comics. Face à possibilidade de adquirirem reedições a preços de saldo, os leitores aplaudiram a iniciativa, indiferentes, porém, ao cariz revivalista da mesma. Tanto assim que somente uma ínfima minoria conhecerá a singular história daquela que foi uma espécie de antepassada neolítica da Casa das Ideias. Uma história que começou a ser gravada na pedra há precisamente 80 anos, e que teve em Martin Goodman, self-made man moldado pelos rigores da Grande Depressão, o seu principal intérprete.
Mas quem era, afinal, o homem, personificação do Sonho Americano, que, a partir do zero, construiu um império editorial que continua a influenciar o imaginário coletivo?
Primogénito de um humildade casal de imigrantes lituanos de origem judaica radicados no Brooklyn, foi nesse pitoresco bairro nova-iorquino que, em 1908, nasceu Moses Goodman - o seu nome de batismo antes de adotar o pseudónimo que o imortalizaria na cultura popular. Após breve passagem pelos bancos da escola (consta que não terá ido além da instrução primária), o pequeno Moe, como era tratado pelos amigos, começou a calejar as mãos para ajudar no sustento dos 16 irmãos que a sua mãe trouxera entretanto ao mundo.
Quando os desvarios de Wall Street reduziram a economia americana a um cemitério de sonhos destruídos, o clã Goodman, como tantas outras famílias subitamente atiradas para a mais aviltante pobreza, teve de deixar a cidade que nunca dorme, em busca de uma vida melhor.
Martin Goodman passou, assim, parte da sua juventude a deambular pelo país e a (sobre)viver em acampamentos de indigentes e vagabundos. Esse forte instinto de sobrevivência ajudá-lo-ia, anos mais tarde, a vingar no mundo dos negócios, onde tantas vezes impera a lei da selva.

Martin Goodman: de miserável a magnata.
No início dos anos 1930, Martin Goodman, recém-regressado a Nova Iorque, foi contratado para o departamento comercial da Eastern Distributing Corp., uma distribuidora de revistas presidida por Louis Silberkleit, futuro fundador da Archie Comics, Após a falência da empresa, oficialmente declarada em outubro de 1932, Martin Goodman angariou o capital necessário para criar a sua própria companhia. Nesse mesmo ano nascia a Western Fiction Publishing.
A primeira aposta de Martin Goodman como editor foi a Western Supernovel Magazine, uma antologia de contos ambientados no Velho Oeste que chegou às bancas em maio de 1933. E que, logo na edição seguinte, teria o seu nome alterado para Complete Western Book Magazine.
À boleia do sucesso desta primeira publicação, rapidamente a Western Fiction Publishing diversificou o seu catálogo. Da ficção científica às histórias de detetives, passando pelas aventuras na selva, nenhum dos géneros mais populares ficou de fora. Entre a caterva de títulos lançados, o mais bem-sucedido foi Marvel Science Stories. Seria ele que, em 1939, emprestaria nome à primeira revista editada pela Timely Comics. Que, provavelmente, nunca teria existido se, dois anos antes, Martin Goodman, regressado da sua lua-de-mel europeia, tivesse, como previsto, embarcado no malsinado Hidenburg.
Recorde-se que o dirigível, de fabrico germânico, se incendiou em pleno ar quando se preparava para pousar num aeródromo de Nova Jérsia, causando a morte a 36 pessoas, entre passageiros e membros da tripulação. Apesar de ter adquirido as respetivas passagens, o casal Goodman acabou, à última hora, por optar pelo avião, evitando desse modo uma viagem que poderia ter sido fatídica.

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O magazine pulp que daria nome
 à primeira publicação da Timely Comics.
Enquanto editor, Martin Goodman ficaria conhecido por duas coisas: replicar os sucessos da concorrência e inundar o mercado com publicações sobre as temáticas mais populares. A sua estratégia comercial era, essencialmente, focada no curto prazo. Em vez de ditar tendências, preferia segui-las. Em vez de correr riscos, preferia jogar pelo seguro.
Martin Goodman também não se preocupava muito com a inovação e, dada a sua imaginação limitada, pouco controlo editorial impunha aos seus colaboradores. Estes descreviam-no como um homem cordato e aprumado que não dispensava longas sestas no seu escritório.
Martin Goodman podia não ser um visionário, mas fazia bom dinheiro e evitava dar passos em falso. O seu mantra era "Se tens um título que vende bem, junta-lhe outros do mesmo género e multiplicarás o teu lucro." Sem surpresas, seria essa filosofia de negócios que transplantaria para a Timely Comics, a sua joia da coroa.

Tempos de mudança

Em 1939, Martin Goodman procurava novos nichos de mercado para expandir o seu negócio. Atento ao desenvolvimento da indústria dos comics books a reboque do retumbante êxito do Super-Homem no ano anterior, Goodman resolveu incluí-los na sua eclética linha de publicações. Viviam-se tempos de mudança e o dono da Timely Publications não queria ficar à margem. Era um editor à procura de histórias.
Num daqueles obséquios do acaso, Goodman travou por essa altura conhecimento com um vendedor ao serviço da recém-fundada Funnies Incorporated. Por sinal, uma agência de autores independentes à procura de um editor.
Por aqueles dias, o promissor segmento super-heroico era dominado por um quarteto de editoras: Fox Comics, Centaur Publications, All-American Comics e National Periodicals (estas duas últimas dariam origem à DC). A Funnies Incorporated era constituída por antigos colaboradores da Centaur, que começaram por acalentar o sonho de produzir conteúdos próprios. A falta de liquidez fê-los no entanto repensar a sua estratégia. Que consistia agora em providenciar histórias aos quadradinhos às editoras que não dispunham de staff próprio. Na Timely Comics encontraram uma parceira talhada à medida.
Originalmente, a Timely Comics era uma divisão da Timely Publications, grupo editorial presidido por Martin Goodman. Servia-lhe de sede um pequeno apartamento no McGraw Hill Building, imponente arranha-céus que dominava a paisagem do lendário bairro de Hell's Kitchen.
Conhecida a propensão de Martin Goodman para replicar sucessos da concorrência, muitos acreditam, erroneamente, que o nome "Timely" adveio de uma versão genérica da conceituada revista Time. Na verdade, a marca teve origem noutra imitação. Tal como o título deixa facilmente perceber, a Popular Digest era um fac-símile da Reader's Digest e tinha como premissa "Timely Topics Condensed" (algo como "Tópicos Condensados da Atualidade"). Foi, pois, nessa sua antiga publicação, da qual foram editados apenas dois fascículos, que Goodman se inspirou para batizar a sua nova empresa.

Índice do primeiro número de Popular Digest, a resposta de Martin Goodman à
popularidade da Reader's Digest.
A primeira edição lançada sob os auspícios da Timely Comics chegou às bancas em outubro de 1939. Uma vez mais, com título emprestado. Marvel Comics nº1 compilava histórias de diferentes géneros (nem todas ilustradas) e apresentou ao mundo três novos super-heróis: Tocha Humana, Namor, o Príncipe Submarino e Anjo (um detetive fantasiado sem qualquer relação com o X-Man homónimo). Com 80 mil exemplares vendidos, no mês seguinte seria lançada uma segunda edição de Marvel Comics nº1, obtendo tiragem idêntica à da primeira. Números que, embora impressionantes, eram muito inferiores aos conseguidos pelas maiores concorrentes, designadamente pela National Periodicals. Aos olhos dos "tubarões", a Timely Comics não passava de peixe miúdo. Mas isso estava prestes a mudar.
Em 1939, Marvel Comics nº1 introduziu
 os primeiros super-heróis da Timely.
Percebendo o filão que tinha em mãos, Martin Goodman, fiel à sua estratégia comercial, não perdeu tempo a lançar uma linha de títulos periódicos com super-heróis. Recrutando, para esse efeito, artistas e escritores de diferentes proveniências. No entanto, a sua contratação mais sonora seria um dos maiores talentos da Funnies Incorporated, a quem confiou o cargo de editor. Ninguém menos do que Joe Simon.
Simon não veio sozinho. Consigo trouxe Jack Kirby, seu antigo parceiro criativo na Fox Comics. A dupla criaria, pouco tempo depois, aquele que seria o porta-estandarte da Timely Comics: o Capitão América.
A despeito do bom desempenho do número inaugural de Marvel Comics (entretanto renomeada Marvel Mystery Comics), as edições subsequentes ficaram aquém das expectativas. Lançados com pequenos intervalos ao longo de 1940, Daring Mystery Comics, Mystic Comics e Red Raven Comics também demoravam a afirmar-se. O último seria mesmo precocemente cancelado, logo rendido por The Human Torch. O Tocha Humana tornava-se, assim, o primeiro herói da Timely Comics a ganhar série própria. Mas nem isso atraiu novos leitores
À euforia inicial seguiu-se a estagnação e a Timely Comics parecia condenada a dissolver-se na espuma sazonal. Começaram a soar os alarmes no escritório de Martin Goodman.

Joe Simon (de pé) e Jack Kirby.
Em baixo, dois dos títulos mais populares da Timely Comics.

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Mesmo com tiragem modesta, Marvel Mystery Comics continuava a ser, de longe, o título mais popular da Timely. Muito por conta dos seus dois astros residentes: Tocha Humana e Namor, o Príncipe Submarino. Explorando a dualidade simbólica das duas personagens (Fogo versus Água), em 1940 os respetivos criadores, Carl Burgos e Bill Everett, promoveram aquele que seria o primeiro crossover da história da 9ª Arte.
Numa história em duas partes, narrada sob o ponto de vista de cada um dos contendores, o androide inflamável e o temperamental monarca atlante mediram forças nos números 8 e 9 de Marvel Mystery Comics. Graças a essa arrojada - e inédita - iniciativa, a Timely Comics voltou ao jogo e foram estabelecidas as bases do futuro Universo Marvel.

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Anunciado como "a batalha do século", o duelo entre o Tocha Humana e o Príncipe Submarino
foi o primeiro crossover da histórias da 9ª Arte.
Embora naturalmente satisfeito, Martin Goodman sabia que isso era insuficiente. Com novas editoras e novos heróis a surgirem em barda, sabia estar a travar um combate desigual. Para ficar em paridade de armas, precisava de um campeão de vendas. E foi isso que pediu a Joe Simon.
Ciente da urgência do pedido do patrão, Joe Simon tratou logo de deitar mãos à obra. Dias depois apresentou a sua proposta: um herói de inspiração patriótica vestido com a Star and Stripes e portando um escudo metálico. Em linha com a tradição da Timely, o conceito reproduzia outro preexistente. Escassos meses antes, a MLJ Comics (atual Archie Comics) apresentara uma personagem similar chamada The Shield.
Simon batizou inicialmente a sua criação de Super American, mas Captain America deverá ter-lhe soado melhor. Aprovada a ideia, Jack Kirby foi o escolhido para ilustrar a primeira história do Sentinela da Liberdade.
Lançado em dezembro de 1940, precisamente um ano antes do ataque japonês a Pearl Harbor e consequente participação dos EUA na II Guerra Mundial, Captain America nº1 (cuja capa, da autoria de Joe Simon, mostrava o herói a esmurrar Hitler), excedeu todas as expectativas ao vender mais de um milhão de exemplares.

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A edição de estreia do Capitão América vendeu mais de um milhão de exemplares.
Radiante e com cifrões a retinirem-lhe nos olhos, Martin Goodman de pronto manifestou o seu desejo de adquirir os direitos da personagem. Sabendo ter em mãos uma mina de ouro capaz de despertar a cobiça de editoras com maior poder económico do que a Timely, Joe Simon impôs várias condições à concretização do negócio.
Apesar da sua reputação de negociador implacável, Martin Goodman cedeu às exigências do seu colaborador. Concordou, desde logo, em atribuir uma série própria ao Capitão América, em vez de submergi-lo numa qualquer antologia. Creditados como autores, Joe Simon e Jack Kirby receberiam 25% dos lucros e seriam, ademais, promovidos, respetivamente, a editor-chefe e diretor artístico da Timely Comics. Termos bastante vantajosos e incomuns numa época em que escritores e artistas eram, na sua larga maioria, mão de obra descartável numa indústria que não tinha pejo em explorá-los.
Com o advento do Capitão América, a Timely Comics reuniu a primeira trindade de super-heróis, precedendo em alguns meses a da DC, na medida em que só em finais de 1941 a Mulher-Maravilha se juntaria ao Super-Homem e ao Batman.
Atolados em trabalho, Joe Simon e Jack Kirby imploravam por um assistente. A escolha recaiu sobre um extrovertido jovem de 17 anos que era primo da mulher de Martin Goodman. O seu nome era Stanley Lieber. Ficaria, porém, imortalizado pelo seu pseudónimo: Stan Lee.

A Trindade da Timely recriada pelo traço de David Finch.

Enfant terrible

Nos seus dias de glória, a Timely Publications era um vibrante ninho de nepotismo. Do respetivo staff faziam parte vários parentes de Martin Goodman, incluindo três dos seus irmãos. Artie Goodman elaborava guias de cores para as bandas desenhadas, Abe Goodman tratava da contabilidade e Dave Goodman tinha como árdua tarefa fotografar curvilíneas modelos seminuas para as revistas masculinas.
Outro elemento com ligações familiares ao presidente da Timely era Robert Solomon. Tratava-se de um cunhado de Martin Goodman encarregue dos assuntos que este estaria demasiado ocupado para resolver por si próprio. Solomon, ríspido no trato, era também uma das figuras mais detestadas pelo staff da Timely. Tio de Stan Lee, seria pela sua mão que o futuro guru da Marvel daria os primeiros passos na indústria dos comic books.
Por oito dólares por semana (o dobro do que auferiam muitos artistas), Stan Lee servia cafés, revia roteiros, organizava a correspondência e apagava as linhas de lápis nos esboços arte-finalizados de Jack Kirby. Nos tempos mortos, o irrequieto Stan gostava de bater com as portas ou tocar a sua ocarina, o que deixava os seus colegas de trabalho com os nervos em franja. A Kirby irritava-o profundamente não poder puxar as orelhas àquele enfant terrible, a salvo de corretivos apenas por ser primo do patrão.

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Stan Lee era ainda um jovem imberbe
 quando adentrou no mundo dos quadradinhos.
Apesar dos seus ocasionais atritos, Joe Simon, Jack Kirby e Stan Lee adoravam trabalhar na série mensal do Capitão América. Empolgado com o  apreciável sucesso do Sentinela da Liberdade, Martin Goodman acreditava que ele podia fazer sombra a outros campeões de vendas, como o Capitão Marvel, da Fawcett Comics, ou até mesmo ao próprio Super-Homem. Talvez porque nunca lhe terá ocorrido que o patriotismo, bem como as histórias de super-heróis, poderiam sair de moda.
Levava Captain America uma dezena de números publicados quando surgiu a primeira contrariedade. Entre mútuas acusações de deslealdade, Martin Goodman viu-se obrigado a demitir Joe Simon e Jack Kirby.
Os criadores do Sentinela da Liberdade vinham negociando em segredo uma transferência para a DC. Se Joe Simon não excluía a hipótese de ter havido uma fuga de informação por parte da rival, Jack Kirby, ao invés, estava convicto de que fora Stan Lee a dar com a língua nos dentes. Pouco tempo antes, Kirby cometera a imprudência de confidenciar ao primo do patrão os seus planos para deixar a Timely. Este seria, aliás, o primeiro de muitos episódios controversos a pontuarem a relação desses dois titãs da 9ª Arte.
Após a saída de Joe Simon e Jack Kirby, em finais de 1941, Stan Lee, em vésperas de completar 19 anos, foi promovido a editor interino. Cargo que acumulou com o de escritor de Captain America antes de ser chamado a cumprir o serviço militar. Embora inexperiente, o jovem Stan deu boa conta do recado e a série, mesmo desfalcada dos seus autores, manteve-se na senda do sucesso.
Com Stan Lee ao leme, os anos de guerra foram de prosperidade para a Timely Comics. Apesar de ter ainda no Capitão América o seu indisputado campeão de vendas, a editora dispunha agora de um catálogo abrangente que abarcava praticamente todos os géneros.
Por indicação do próprio Martin Goodman, sempre sintonizado com as tendências do mercado, desde abril de 1942 que a Timely Comics vinha publicando revistas humorísticas maioritariamente protagonizadas por animais antropomorfizados. Títulos como Zippy Pig and Silly Seal ou Super Rabbit Comics vendiam quase tanto como as séries super-heroicas.
Um público até então menosprezado, as adolescentes foram outra das apostas da Timely nesta fase. A pensar nelas foram lançados títulos como Millie the Model ou Patsy Walker, em paralelo com novas super-heroínas como Sun Girl ou Namorita, a contraparte feminina do Príncipe Submarino.

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O ecletismo editorial foi uma das imagens de marca da Timely Comics.
Outra novidade consistiu em incluir um escudo patriótico nas capas de todas as revistas editadas pela Timely Comics. Inspirado no escudo triangular originalmente portado pelo Capitão América, tornar-se-ia o símbolo da editora e aquele que perduraria na memória. Mais ou menos pela mesma altura, a Timely Comics transferiu a sua sede para o 14º piso do Empire State Building, onde permaneceria até 1951.
À medida que o fulgor dos super-heróis desvanecia no pós-guerra, muitas das personagens da Timely Comics foram resvalando para a obscuridade. À qual nem o próprio Capitão América escaparia.
Se é difícil assinalar com precisão o fim da Idade de Ouro, o crepúsculo da Timely Comics, reminiscência dessa era de maravilhas, coincidiu seguramente com o cancelamento de Captain America, em outubro de 1950.
Enquanto soava o dobre a finados de uma era, Martin Goodman, exemplo de perseverança, preparava-se para uma nova. A Timely Comics dava, assim, lugar à Atlas Comics para fazer face aos desafios presentes e futuros. Mas essa é uma história para outra altura...


Parte do panteão da Timely seria incorporado no Universo Marvel.


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2016 marcou o regresso da Timely Comics,
agora como linha low cost da Marvel.

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