Pela segunda vez, o mais implacável dos Juízes de Mega City 1 voltou ao grande ecrã para aplicar a sua lei. Contudo, apesar do veredito favorável do público, foi sumariamente condenado pelo tribunal das bilheteiras. Sem direito a recurso ou a sequela, tornou-se um filme de culto enquanto aguarda pelo julgamento da História.
Título original: Dredd
Ano: 2012
País: Reino Unido / África do Sul
Género: Ação/Aventura/Ficção Científica
Duração: 95 minutos
Produção: DNA Films, IM Global e Reliance Entertainment
Realização: Pete Travis
Argumento: Alex Garland
Argumento: Alex Garland
Distribuição: Liongate e Entertainment Film Distributors
Elenco: Karl Urban (Juiz Dredd); Olivia Thirlby (Juíza Cassandra Anderson); Lena Headey (Madeline "Ma-Ma" Madrigal) e Wood Harris (Kay)
Orçamento: 45 milhões de dólares
Receitas: 41,5 milhões de dólares
Outro dos pósteres promocionais de Dredd. |
Desenvolvimento: Apesar do argumentista Alex Garland ter começado a trabalhar no enredo em meados de 2006, só dois anos depois foi anunciado oficialmente o desenvolvimento de uma nova longa-metragem baseada no taciturno universo do anti-herói criado em 1977 por John Wagner e Carlos Ezquerra. Projeto que seria produzido pelo estúdio britânico DNA Films, em parceria com a agência de marketing norte-americana IM Global.
Em maio de 2010, a Reliance Big Pictures (proprietária da IM Global) concordou em cofinanciar a produção em 3D orçamentada em 45 milhões de dólares. Joanesburgo, na África do Sul, foi o local escolhido para acolher as filmagens, a terem início antes do final desse mesmo ano.
Depois de Duncan Jones ter recusado dirigir o filme, Pete Travis foi o escolhido para ocupar a cadeira de realizador. Numa entrevista concedida ainda antes do arranque das filmagens, o cineasta inglês falou sobre a sua visão pouco convencional do projeto. Descrevendo-a como bizarra, negra e divertida, reconheceu, no entanto, que talvez não casasse bem com o enredo produzido por Garland.
Um mês antes de ter sido divulgado o título do filme (setembro de 2010), Karl Urban havia já sido oficialmente confirmado no papel principal. Seguindo-se o anúncio de que a atriz Olivia Thirlby interpretaria Cassandra Anderson, a parceira precognitiva de Dredd.
Na edição desse ano do Festival de Cinema de Toronto, Dredd arrecadou 30 milhões de dólares em pré-vendas a distribuidores que representavam 90% do mercado cinematográfico. Montante no qual se incluíam os 7 milhões de dólares referentes ao negócio efetuado com a distribuidora britânica Entertainment Film Distributors. Quanto à distribuição nos EUA, seria assegurada pela Lions Gate Entertainment.
Em janeiro de 2011, Lena Headey juntou-se ao elenco para vestir a pele da má da fita, uma impiedosa rainha do narcotráfico afetuosamente apelidada de Ma-Ma pelos seus súbditos. Mais ou menos na mesma altura, John Wagner - um dos criadores do Juiz Dredd - foi contratado como consultor criativo. A quem coube, também, anunciar que Dredd era uma nova adaptação da personagem ao grande ecrã, e não um remake de Judge Dredd (película de 1995 com Sylvester Stallone como cabeça de cartaz).
Com um orçamento de 45 milhões de dólares, o projeto começaria a ganhar forma e substância em novembro de 2010, data em que principiaram as filmagens. Com as metrópoles sul-africanas Joanesburgo e Cidade do Cabo a servirem de cenário, estas prolongaram-se durante cerca de 13 meses.
Em maio de 2010, a Reliance Big Pictures (proprietária da IM Global) concordou em cofinanciar a produção em 3D orçamentada em 45 milhões de dólares. Joanesburgo, na África do Sul, foi o local escolhido para acolher as filmagens, a terem início antes do final desse mesmo ano.
Depois de Duncan Jones ter recusado dirigir o filme, Pete Travis foi o escolhido para ocupar a cadeira de realizador. Numa entrevista concedida ainda antes do arranque das filmagens, o cineasta inglês falou sobre a sua visão pouco convencional do projeto. Descrevendo-a como bizarra, negra e divertida, reconheceu, no entanto, que talvez não casasse bem com o enredo produzido por Garland.
Um mês antes de ter sido divulgado o título do filme (setembro de 2010), Karl Urban havia já sido oficialmente confirmado no papel principal. Seguindo-se o anúncio de que a atriz Olivia Thirlby interpretaria Cassandra Anderson, a parceira precognitiva de Dredd.
Alex Garland (esq.) e Pete Travis deram um novo elã a Dredd no cinema. |
Na edição desse ano do Festival de Cinema de Toronto, Dredd arrecadou 30 milhões de dólares em pré-vendas a distribuidores que representavam 90% do mercado cinematográfico. Montante no qual se incluíam os 7 milhões de dólares referentes ao negócio efetuado com a distribuidora britânica Entertainment Film Distributors. Quanto à distribuição nos EUA, seria assegurada pela Lions Gate Entertainment.
Em janeiro de 2011, Lena Headey juntou-se ao elenco para vestir a pele da má da fita, uma impiedosa rainha do narcotráfico afetuosamente apelidada de Ma-Ma pelos seus súbditos. Mais ou menos na mesma altura, John Wagner - um dos criadores do Juiz Dredd - foi contratado como consultor criativo. A quem coube, também, anunciar que Dredd era uma nova adaptação da personagem ao grande ecrã, e não um remake de Judge Dredd (película de 1995 com Sylvester Stallone como cabeça de cartaz).
Com um orçamento de 45 milhões de dólares, o projeto começaria a ganhar forma e substância em novembro de 2010, data em que principiaram as filmagens. Com as metrópoles sul-africanas Joanesburgo e Cidade do Cabo a servirem de cenário, estas prolongaram-se durante cerca de 13 meses.
Karl Urban e Olivia Thirlby com Alex Garland numa ação promocional de Dredd. |
Enredo: Num futuro distópico, tudo o que resta do território em tempos ocupado pelos EUA é um vastíssimo deserto radioativo sugestivamente batizado de Terra Amaldiçoada. Localizada na antiga Costa Leste, Mega City 1 é uma violenta megalópole com 800 milhões de habitantes e um rácio diário de 17 mil crimes.
Em meio à anarquia quotidiana, os Juízes são os únicos a manter a ordem. Cada um desses agentes da Lei age simultaneamente como juiz, júri e executor. Entre eles, o mais severo é Dredd, que é designado pelo seu comandante para avaliar o desempenho de uma jovem recruta. Dotada de talentos psíquicos, Cassandra Anderson reprovara, todavia, nos testes de aptidão para Juiz.
Apesar da renitência em aceitar a missão de supervisionar uma novata, Dredd não tem outro remédio senão acatar a ordem do seu superior.
Em Peach Trees, um gigantesco complexo habitacional ocupado por um exército de párias e delinquentes, é a rainha do narcotráfico Madeline "Ma-Ma" Madrigal quem impõe a sua própria lei. Três pequenos traficantes que haviam ousado roubá-la são esfolados vivos, infundidos com Slo-Mo (droga altamente aditiva que diminui a perceção temporal do consumidor a 1% do normal) e atirados do alto de uma torre.
Ma-Ma, uma mulher de armas. |
Destacados para investigar o crime, ao chegarem ao local Dredd e Anderson intercetam um dos lugares-tenentes de Ma-Ma chamado Kay. Uma sondagem telepática efetuada pela rapariga revela que foi ele um dos autores da matança.
A partir da sala de comando da torre, Ma-Ma observa atentamente as movimentações do casal de Juízes. Quando Dredd prende Kay e se prepara para levá-lo para interrogatório, a vilã aciona as blindagens antibomba, selando automaticamente todas as entradas e saídas do edifício. Ordenando, de seguida, aos seus homens que matem os Juízes.
Encurralados nos labirínticos corredores do edifício, Dredd e Anderson veem-se obrigados a abrir caminho por entre dezenas de meliantes armados até aos dentes. Ao chegarem ao 76º andar, os dois Juízes são atacados com metralhadoras pesadas, cujas balas conseguem perfurar as paredes, causando assim a morte a dezenas de residentes.
Enquanto Dredd chama reforços, Ma-Ma envia Caleb - outro dos seus lugares-tenentes- no encalço dos Juízes. Quando, por fim, ele os encontra, envolve-se numa violenta luta corpo a corpo com Dredd. Petrificada, Ma-Ma vê o Juiz empurrar Caleb para a morte.
Convicto de que Ma-Ma está desesperada por silenciar Kay, Dredd espanca-o para lhe arrancar informações. Após insistência de Anderson, Dredd permite que a rapariga sonde a mente de Kay. É assim que ficam a saber que Ma-Ma fez de Peach Trees o seu centro de produção e distribuição de Slo-Mo.
Anderson sugere que se mantenham escondidos até a ajuda chegar, mas Dredd resolve ir no encalço de Ma-Ma.
Enquanto isso, dois Juízes respondem ao chamado de Dredd, mas são convencidos pelo perito informático de Ma-Ma de que as portas não podem ser abertas devido a uma avaria no sistema de segurança da torre.
Vários andares acima, Dredd e Anderson são emboscados por um bando de adolescentes armados. Depois de desarmar Anderson, Kay fá-la refém, fugindo com ela para o esconderijo de Ma-Ma, localizado no cimo da torre.
Cassandra Anderson feita refém pelos homens de Ma-Ma. |
Com Dredd a aproximar-se perigosamente, Ma-Ma convoca os Juízes corruptos Lex, Kaplan, Chan e Alvarez, a quem é permitida a entrada no edifício. Quando Dredd dá de caras com Chan, suspeita da atitude do colega por este não o questionar acerca do paradeiro de Anderson. Desmascarado, Chan ataca Dredd mas acaba morto por este.
Kay, entretanto, tenta executar Anderson com a sua própria arma. Ao não reconhecer o ADN do seu usuário, a Lawgiver explode, decepando o braço do patife. Em fuga, Anderson depara-se com Kaplan, que prontamente liquida depois ter ficado a conhecer as intenções do colega por via de uma sondagem mental.
Noutro local, também Alvarez é abatido por Dredd, que fica no entanto sem munição. Contrariedade de que Lex não hesita em tirar vantagem, ao alvejar o seu camarada de armas no abdómen. À mercê de Lex, Dredd consegue ainda assim empatá-lo tempo suficiente para que Anderson chegue ao local e mate o Juiz traidor.
Após extorquirem o código de acesso ao apartamento de Ma-Ma ao seu perito informático, Dredd e Anderson vão até lá para confrontá-la. Acuada, a vilã exibe aos Juízes um dispositivo no seu pulso que deteta o seu batimento cardíaco. Caso este cesse, serão acionadas automaticamente cargas explosivas plantadas nos andares superiores da torre, provocando dessa forma o seu desabamento.
Dredd deduz que o sinal do dispositivo não será capaz de acionar os explosivos a grande distância e, por isso, obriga Ma-Ma a inalar Slo-Mo antes de atirá-la para o pátio, numa queda de centenas de metros.
Quando o casal de Juízes consegue finalmente abandonar Peach Trees, Anderson reconhece ter falhado no teste de campo ao permitir que Kay a desarmasse. Depois de ela se afastar, o Juiz-Chefe questiona Dredd sobre o desempenho da recruta. Dredd responde que a jovem está apta a assumir as funções de Juíza.
Trailer:
Curiosidades:
* Fiel à banda desenhada original - e por oposição ao primeiro filme -, em momento algum da história Dredd remove o capacete;
* Tanto na sala de aula como no centro comercial instalados em Peach Trees é possível ver o novo estandarte dos EUA, o qual conta agora com somente 6 estrelas (correspondendo às 6 megalópoles que formam o país naquele futuro distópico);
* Peach Trees, o gigantesco bloco de apartamentos que serve de cenário a grande parte da ação, foi assim batizado em homenagem ao restaurante em que Alex Garland e John Wagner se reuniram pela primeira vez para discutir o filme;
* Nas paredes grafitadas de Peach Trees é possível ver o nome de várias personagens proeminentes das histórias de Dredd, tais como Chopper e Kenny Who?;
* Peach Trees, o gigantesco bloco de apartamentos que serve de cenário a grande parte da ação, foi assim batizado em homenagem ao restaurante em que Alex Garland e John Wagner se reuniram pela primeira vez para discutir o filme;
* Nas paredes grafitadas de Peach Trees é possível ver o nome de várias personagens proeminentes das histórias de Dredd, tais como Chopper e Kenny Who?;
Ninguém alguma vez viu o rosto de Dredd na BD. |
* Para replicar as Lawgivers (as armas personalizadas portadas pelos Juízes), foram utilizadas pistolas Glock 17 modificadas, um dos modelos mais populares entre as forças de segurança de todo o mundo;
* No primeiro rascunho do argumento, a vilã Ma-Ma era retratada como uma anciã. Alex Garland foi, porém, convencido por Lena Headey a converter a vilã numa mulher de meia-idade com um profundo desprezo pelo sexo masculino;
* As Lawmasters eram motociclos verdadeiros e funcionais, conduzidos por atores (Karl Urban fez questão de conduzir a sua) e duplos durante as filmagens. Pneus maiores e chassis alongados foram algumas das alterações levadas a cabo nos modelos originais, visando emular os icónicos veículos de duas rodas em que os Juízes habitualmente se fazem transportar na BD;
* Karl Urban procurou mimetizar a voz sibilante e alguns dos trejeitos faciais de Clint Eastwood na sua interpretação de Dredd. Opção que nada teve de casual, uma vez que a personagem foi parcialmente decalcada do eficiente - porém, politicamente incorreto - protagonista de Dirty Harry, clássico da 7ª arte produzido em 1971;
Clint Eastwood em Dirty Harry. |
* Na cena que precede a entrada de Dredd e Anderson em Peach Trees, todos os delitos em curso naquele momento em Mega City 1 são mostrados num painel de ecrãs de computador instalado no quartel-general dos Juízes. Para acorrer a um deles, é designado o Juiz Hershey, personagem de relevo em Judge Dredd (1995);
* Dredd tem precisamente a mesma duração (95 minutos) do seu antecessor, com a diferença de que a ação se desenrola num único dia;
* Mais sangrento do que o filme original, a contagem de corpos em Dredd ascende aos 102.
Dredd demonstra ter mira certeira. |
Sequela?
Atendendo à reação globalmente positiva do público e da crítica, muito se tem especulado nos últimos anos acerca de uma possível sequela de Dredd. À medida que o tempo vai passando, essa hipótese vai, contudo, ganhando contornos mais improváveis.
Logo em junho de 2012 (um mês antes da estreia oficial de Dredd na San Diego Comic-Con), Alex Garland estimava que uma receita de bilheteira na ordem dos 50 milhões de dólares viabilizaria a produção de um segundo filme. Anunciando de caminho que tinha planos ainda para um terceiro.
De acordo com o argumentista de Dredd, o segundo capítulo da trilogia seria focado nas origens do protagonista e de Mega City 1. Ficando reservado para o terceiro filme o confronto de Dredd com os seus némesis Juiz Morte e os seus Juízes Negros (Judge Death e Dark Judges, no original).
Confrontado com as fracas receitas de bilheteira (que não deram sequer para cobrir as despesas de produção), em agosto do mesmo ano Garland admitia já que o futuro do projeto poderia passar por uma série televisiva baseada no Juiz Dredd.
Menos de um ano depois, em março de 2013, o produtor Adi Shankar afirmou publicamente que a produção de um segundo filme seria improvável. Declarações contraditadas meses depois por Karl Urban, que disse ainda acreditar nessa possibilidade.
Tentando resolver o impasse, os fãs de Dredd lançaram uma petição no Facebook exigindo uma sequela. Iniciativa que levou a 2000 AD (licenciadora britânica detentora dos direitos da personagem) a associar-se à campanha, divulgando a petição na sua linha de títulos mensais. No espaço de poucas semanas, foram recolhidas mais de 80 mil assinaturas. Número que, ainda assim, não impressionou os produtores de Hollywood.
Recusando-se a atirar a toalha ao chão - e crendo, porventura, que a sorte realmente sorri aos audazes - a 2000 AD divulgaria entretanto uma imagem promocional de Dredd 2, apontando setembro de 2013 como data de estreia. Aconteceu nas páginas de Judge Dredd Megazine nº340, que chegaria às bancas precisamente nesse mês. Apesar da profecia não se ter realizado, os fãs mantiveram acesa a esperança quando, no início do ano seguinte, vieram a lume notícias dando conta de contactos exploratórios mantidos entre Alex Garland e um estúdio de cinema. Esperanças que cairiam definitivamente por terra em março de 2015, quando o mesmo Garland anunciou não ser possível a realização de uma sequência direta de Dredd num futuro próximo; menos ainda com a equipa responsável pela produção do primeiro filme.
Atendendo à reação globalmente positiva do público e da crítica, muito se tem especulado nos últimos anos acerca de uma possível sequela de Dredd. À medida que o tempo vai passando, essa hipótese vai, contudo, ganhando contornos mais improváveis.
Logo em junho de 2012 (um mês antes da estreia oficial de Dredd na San Diego Comic-Con), Alex Garland estimava que uma receita de bilheteira na ordem dos 50 milhões de dólares viabilizaria a produção de um segundo filme. Anunciando de caminho que tinha planos ainda para um terceiro.
De acordo com o argumentista de Dredd, o segundo capítulo da trilogia seria focado nas origens do protagonista e de Mega City 1. Ficando reservado para o terceiro filme o confronto de Dredd com os seus némesis Juiz Morte e os seus Juízes Negros (Judge Death e Dark Judges, no original).
Confrontado com as fracas receitas de bilheteira (que não deram sequer para cobrir as despesas de produção), em agosto do mesmo ano Garland admitia já que o futuro do projeto poderia passar por uma série televisiva baseada no Juiz Dredd.
Menos de um ano depois, em março de 2013, o produtor Adi Shankar afirmou publicamente que a produção de um segundo filme seria improvável. Declarações contraditadas meses depois por Karl Urban, que disse ainda acreditar nessa possibilidade.
Tentando resolver o impasse, os fãs de Dredd lançaram uma petição no Facebook exigindo uma sequela. Iniciativa que levou a 2000 AD (licenciadora britânica detentora dos direitos da personagem) a associar-se à campanha, divulgando a petição na sua linha de títulos mensais. No espaço de poucas semanas, foram recolhidas mais de 80 mil assinaturas. Número que, ainda assim, não impressionou os produtores de Hollywood.
Recusando-se a atirar a toalha ao chão - e crendo, porventura, que a sorte realmente sorri aos audazes - a 2000 AD divulgaria entretanto uma imagem promocional de Dredd 2, apontando setembro de 2013 como data de estreia. Aconteceu nas páginas de Judge Dredd Megazine nº340, que chegaria às bancas precisamente nesse mês. Apesar da profecia não se ter realizado, os fãs mantiveram acesa a esperança quando, no início do ano seguinte, vieram a lume notícias dando conta de contactos exploratórios mantidos entre Alex Garland e um estúdio de cinema. Esperanças que cairiam definitivamente por terra em março de 2015, quando o mesmo Garland anunciou não ser possível a realização de uma sequência direta de Dredd num futuro próximo; menos ainda com a equipa responsável pela produção do primeiro filme.
Quadrinização de uma sequela que nunca viu a luz do dia em Judge Dredd Megazine nº340 (2013). |
Veredito: 73%
Mesmo não tendo qualquer ligação com o filme de 1995, são inevitáveis as comparações entre Dredd e o seu antecessor. Podendo afirmar-se com justeza que o reboot bate aos pontos a película original.
Desde logo porque estamos em presença de uma adaptação mais fidedigna do conceito primordial. Não apenas porque, desta vez, o protagonista não passa dois terços da história com o rosto descoberto, mas, essencialmente, pelo registo mais violento que pauta a sua ação. Importa observar que Dredd é, em derradeira análise, um fascista com requintes de sadismo. Muito longe, portanto, do arquétipo heroico encarnado por Stallone em Judge Dredd. Carecendo, no entanto, ambas as versões do elemento satírico que configura uma das pedras de toque da BD em que se baseiam.
Despretensioso e direcionado para um público adulto, Dredd inebria os espectadores com um tipo de violência gráfica a remeter para o universo dos jogos de vídeo. Levando ao limite a criatividade em 3D, as numerosas sequências de ação mais parecem painéis de quadradinhos a explodir no ecrã.
Ao imitar os maneirismos de Clint Eastwood e falando apenas o estritamente necessário (por contraponto a um Stallone palavroso em Judge Dredd), Karl Urban capta eficazmente a essência da personagem a quem emprestou corpo e alma (mais corpo do que alma, convenhamos). Rubricando dessa forma uma interpretação consistente que, a espaços, não evita contudo ser ofuscada pela de Lena Headey, no papel da cruel Ma-Ma.
Escrevi no início deste comentário que Dredd supera o seu antecessor em quase todos os quesitos. De facto, os cenários são a única exceção em que ele perde na comparação com o primeiro filme. Visualmente, Judge Dredd (cuja resenha já aqui publiquei) era bastante mais apelativo. Quem não vibrou, por exemplo, com as suas feéricas panorâmicas aéreas de Mega City 1? Num flagrante contraste com a opção de confinar a quase totalidade da ação de Dredd no interior de um bloco de apartamentos. Circunstância que, por um lado, confere uma atmosfera claustrofóbica à narrativa e, por outro, cansa o espectador com o que parece ser a repetição incessante do mesmo corredor.
Apesar do elevado potencial para uma sequela, Dredd, que caíra nas boas graças do júri composto pelo público e pela crítica, acabou ainda assim condenado ao degredo pelo impiedoso tribunal do deve e do haver. Resta-lhe gozar do seu estatuto de filme de culto enquanto espera que o tempo lhe faça justiça.
Mesmo não tendo qualquer ligação com o filme de 1995, são inevitáveis as comparações entre Dredd e o seu antecessor. Podendo afirmar-se com justeza que o reboot bate aos pontos a película original.
Desde logo porque estamos em presença de uma adaptação mais fidedigna do conceito primordial. Não apenas porque, desta vez, o protagonista não passa dois terços da história com o rosto descoberto, mas, essencialmente, pelo registo mais violento que pauta a sua ação. Importa observar que Dredd é, em derradeira análise, um fascista com requintes de sadismo. Muito longe, portanto, do arquétipo heroico encarnado por Stallone em Judge Dredd. Carecendo, no entanto, ambas as versões do elemento satírico que configura uma das pedras de toque da BD em que se baseiam.
Despretensioso e direcionado para um público adulto, Dredd inebria os espectadores com um tipo de violência gráfica a remeter para o universo dos jogos de vídeo. Levando ao limite a criatividade em 3D, as numerosas sequências de ação mais parecem painéis de quadradinhos a explodir no ecrã.
Ao imitar os maneirismos de Clint Eastwood e falando apenas o estritamente necessário (por contraponto a um Stallone palavroso em Judge Dredd), Karl Urban capta eficazmente a essência da personagem a quem emprestou corpo e alma (mais corpo do que alma, convenhamos). Rubricando dessa forma uma interpretação consistente que, a espaços, não evita contudo ser ofuscada pela de Lena Headey, no papel da cruel Ma-Ma.
Escrevi no início deste comentário que Dredd supera o seu antecessor em quase todos os quesitos. De facto, os cenários são a única exceção em que ele perde na comparação com o primeiro filme. Visualmente, Judge Dredd (cuja resenha já aqui publiquei) era bastante mais apelativo. Quem não vibrou, por exemplo, com as suas feéricas panorâmicas aéreas de Mega City 1? Num flagrante contraste com a opção de confinar a quase totalidade da ação de Dredd no interior de um bloco de apartamentos. Circunstância que, por um lado, confere uma atmosfera claustrofóbica à narrativa e, por outro, cansa o espectador com o que parece ser a repetição incessante do mesmo corredor.
Apesar do elevado potencial para uma sequela, Dredd, que caíra nas boas graças do júri composto pelo público e pela crítica, acabou ainda assim condenado ao degredo pelo impiedoso tribunal do deve e do haver. Resta-lhe gozar do seu estatuto de filme de culto enquanto espera que o tempo lhe faça justiça.
Stallone em Judge Dredd versus Karl Urban em Dredd: qualquer semelhança será (ou não) mera coincidência. |
Excelente post.
ResponderEliminarConcordo com a avaliação.
Eu amei o desempenho de Lena Headey, sempre ela consegue destacar graças à sua grande obra. Amei se trabalho na série Game of Thrones 7 no site oficial eu vi mais detalhes da nova temporada. Eu gostei a originalidade da história e da grande equipe de produção.
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