Noite após noite, a cidade profana é velada pelo seu Diabo da Guarda. Aquele a quem os ímpios temem e os deserdados clamam por justiça cega. O tipo de justiça que somente um homem sem medo pode servir.
Denominação original: Daredevil
Editora: Marvel Comics
Criadores: Stan Lee (história) e Bill Everett (arte conceptual)
Estreia: Daredevil #1 (fevereiro de 1964)
Identidade civil: Matthew Michael Murdock
Espécie: Humano mutado
Local de nascimento: Cozinha do Inferno, Nova Iorque
Parentes conhecidos: Jonathan Murdock (pai, falecido); Margaret Murdock (mãe); Mila Donovan (ex-cônjuge)
Ocupação: Advogado, aventureiro, vigilante urbano
Base operacional: Cozinha do Inferno, Nova Iorque
Afiliações: Ex-parceiro da Viúva Negra e ex-membro dos Marvel Knights, integra atualmente os Defensores.*
Némesis: Rei do Crime
*Grupo de vigilantes urbanos ( adaptado em 2017 ao pequeno ecrã) de que também fazem parte Luke Cage, Jessica Jones e Punho de Ferro, sem qualquer ligação à pandilha homónima liderada pelo Doutor Estranho.
Poderes e parafernália: A mesma substância radioativa que roubou a visão a Matt Murdock na infância ampliou-lhe os restantes sentidos a níveis sobre-humanos e dotou-o de um novo. Similar ao sistema de ecolocalização dos morcegos, o radar interno do Demolidor permite-lhe visualizar mentalmente pessoas e objetos através da captação de sons ambientes.
Apesar das semelhanças com o sentido de aranha, o radar do Demolidor ganha na comparação com este porquanto permite antecipar as ameaças com maior antecedência. Até mesmo a materialização de teleportadores pode ser detetada antecipadamente através de subtis alterações na atmosfera envolvente.
O radar do Demolidor imita a ecolocalização dos morcegos. |
Graças aos seus sentidos hiperaguçados, o Demolidor consegue, por exemplo, perceber se alguém está a mentir, devido às oscilações no respetivo ritmo cardíaco ou temperatura corporal. De tão apurado, o seu paladar permite-lhe contabilizar com precisão o número de grãos de açúcar presentes num donut.
Com uma perceção perfeita de cada objeto móvel ou imóvel ao seu redor e dono de reflexos e agilidade sem paralelo, o Demolidor, indiferente à sua cegueira, pode realizar proezas incríveis - como aparar balas com o seu bastão - ou executar acrobacias impossíveis mesmo para um ginasta de alta competição.
Treinado por aquele que é, possivelmente, o melhor sensei do mundo, o Demolidor desenvolveu um estilo de luta que combina harmoniosamente várias artes marciais, designadamente Ninjutsu, Krav Maga e Boxe. É também exímio no manejo de diferentes tipos de armas, desde facas a espingardas, passando pelo arco e flecha. Salvo em situações extremas, o seu código moral impede-o, porém, de empregar força letal contra os seus adversários.
A mente analítica de Matt Murdock aliada ao seu traquejo como advogado e profundo conhecimento das ruas fazem dele um detetive bastante competente. Igualmente eficazes são os seus métodos de interrogatório. Frequentemente baseados na coação, permitem-lhe extorquir informação mesmo dos criminosos mais renitentes.
O Demolidor é inseparável do seu bastão especial disfarçado como a bengala de cego que usa quotidianamente na sua identidade civil. Trata-se de uma arma versátil e multifuncional vocacionada tanto para manobras defensivas como ofensivas. Contém no seu interior nove metros de cabo metálico com um pequeno gancho de aço temperado na extremidade. Os mecanismos internos do bastão permitem que o cabo seja enrolado e desenrolado de forma controlada, enquanto o gancho é lançado por uma mola poderosa. Por ser extensível e desdobrável, o bastão pode ser usado como peça única ou em duas peças separadas.
Contudo, o principal "poder" do Demolidor - aquilo que verdadeiramente o diferencia de outros heróis de rua - é a sua vontade férrea e a ausência de medo. Mesmo quanto tem de arrostar oponentes mais poderosos, fá-lo sem vacilar e com um sorriso desafiador nos lábios. Tal como o seu pai costumava fazer nos ringues.
O bastão do Demolidor é uma extensão do corpo do herói. |
Fraquezas: Conquanto desconhecida da generalidade dos seus inimigos e aliados, a cegueira do Demolidor constitui, indubitavelmente, a sua maior fraqueza. Devido a essa deficiência, o herói é incapaz de discernir imagens e só pode adivinhar as cores com base na quantidade de calor que elas absorvem ou refletem.
De tão amplificados, os sentidos remanescentes do Homem Sem Medo são particularmente suscetíveis a ruídos e/ou odores excessivos. Além de extremamente dolorosos, os efeitos disruptivos de uma sobrecarga sensorial desabilitam o radar do herói, deixando-o paralisado e desorientado. Situação análoga àquela que se verifica quando tem o seu corpo imerso em água.
Dada a sua condição de simples humano, o Demolidor é tão vulnerável a lesões físicas e doenças como qualquer outra pessoa. Dentre estas últimas destaca-se o seu historial de depressões, que ciclicamente o prendem em espirais autodestrutivas. Durantes essas fases, o seu comportamento tende a tornar-se errático e impulsivo, ao ponto de fazer perigar a própria vida.
Sobrecargas sensoriais são extremamente dolorosas para o Homem Sem Medo. |
Justiça cega
Um dos mais antigos, torturados e carismáticos residentes da Casa das Ideias, o Demolidor chegou à meia-idade assombrado pelas dúvidas relacionadas com a sua filiação. Ainda que esta tenha sido oficialmente atribuída a Stan Lee e Bill Everett (criador do Tocha Humana da Idade de Ouro), ignora-se o real contributo de Jack Kirby na conceção visual da personagem. Mas vamos por partes.
Na esteira do sucesso do Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, X-Men e tantos outros, o Demolidor assinalou, de certa forma, o fim desse dilúvio criativo por parte dos demiurgos da Marvel. Como é sabido, a equipa-maravilha capitaneada por Lee privilegiava heróis mais humanos com os quais as pessoas comuns pudessem identificar-se mais facilmente. Em harmonia com essa filosofia, Lee idealizou um justiceiro cego cuja audácia compensava a sua deficiência. Um exemplo de superação que teria a sua força de vontade como "superpoder".
Um herói invisual não era, contudo, novidade. Em 1941, a DC apresentara o seu Doutor Meia-Noite. A grande diferença é que este consegue ver perfeitamente no escuro e nunca ficou sequer próximo dos níveis de popularidade do seu homólogo da Marvel.
Apesar desse precedente, Lee receava uma reação adversa por parte da comunidade invisual ao lançamento de um super-herói com essas características. Receio que se esfumaria quando, nas semanas imediatas à estreia da personagem, a redação da Marvel foi inundada por cartas de associações de cegos a louvar a iniciativa e a solicitar donativos para as suas causas sociais.
Doutor Meia-Noite, o primeiro super-herói cego. |
No momento de batizar o neófito, Lee tomou emprestado o nome de um antigo conceito da Lev Gleason relegado para o domínio público desde o final da Idade de Ouro: Daredevil.
Diabo Destemido numa tradução literal, "daredevil" é um termo da gíria americana vulgarmente utilizado para designar acrobatas, duplos, pilotos de corridas ou qualquer indivíduo que ultrapassa as barreiras do senso comum para alcançar feitos únicos. Com o tempo tornou-se, também, sinónimo de "corajoso" ou "audaz". Porém, quando, em 1968, a EBAL adquiriu os direitos de publicação do herói em terras de Vera Cruz, crismou-o de Demolidor. Apesar de canhestra, esta adaptação da nomenclatura original (aproveitando o duplo D estilizado que adorna o uniforme) prevalece até hoje dos dois lados do Atlântico. Mesmo depois de outra editora brasileira, a GEA, ter provisoriamente renomeado o Demolidor de Defensor Destemido.
Numa referência aos trajes de cores berrantes usados por artistas circenses (e, quiçá, ao do Daredevil original), o Demolidor começou por vestir de vermelho e amarelo. Sem que ninguém saiba ao certo de quem terá partido a ideia. São tantos aqueles a afirmar que foi Kirby o autor dos primeiros esboços modificados por Everett como aqueles que defendem o contrário.
O Daredevil original. |
Uma pista importante para ajudar a desvendar o mistério poderá ser a capa de Daredevil #1 onde, em abril de 1964, o Homem Sem Medo fez a sua estreia. A capa em questão foi assinada por Jack Kirby, o que poderá, com efeito, indicar que foi ele o primeiro a desenhar a personagem. Isto porque, à época, era prática consagrada a produção das capas preceder a arte interior de cada edição.
Alguns investigadores da 9ª Arte aventam uma terceira possibilidade. Kirby terá sido chamado a desenhar a capa do número inaugural de Daredevil porque Everett, a braços com o seu alcoolismo, falhou o prazo de entrega da mesma. Numa tentativa de relançar a carreira do artista, Stan Lee tê-lo-á creditado como cocriador do Demolidor.
Teorias à parte, certo é que o uniforme amarelo depressa saiu de moda. Logo em Daredevil #7 (abril de 1965), Wally Wood, o novo artista das histórias do Demolidor, substituiu-o, sem qualquer justificação, pelo icónico modelo vermelho. Essa evolução estética não foi, porém, acompanhada por uma mudança do tom das histórias, que conservaram o seu registo ligeiro. Com efeito, nas suas primícias o Demolidor era adepto do mesmo humor coriscante com que o Homem-Aranha brindava os seus leitores. Muito longe, portanto, do cunho dramático que posteriormente assumiria.
Em cima: A estreia do Homem Sem Medo em Daredevil #1; em baixo: a primeira aparição do traje vermelho em Daredevil #7. |
Apesar disso, as vendas do título mensal do Demolidor, mesmo após a saída de Stan Lee, mantiveram-se sólidas durante toda a década de 60. Quando, na segunda metade da década seguinte, ficou evidente que a personagem perdera gás, Daredevil, para descontentamento dos fãs, passou a bimestral.
Essa alteração de periocidade coincidiu com a chegada de um novo escritor às histórias do Demolidor. Com grande experiência em contos de terror, Roger McKenzie começou a explorar a faceta mais sombria do herói. No fundo, essa fase continha o gérmen do renascimento do herói orquestrado pouco tempo depois por Frank Miller.
McKenzie não só fez o Demolidor enfrentar demónios interiores, amiúde refletidos em antagonistas que personificavam a Morte, como também o colocou perante as perturbadoras consequências da exposição da sua identidade secreta pelo repórter Ben Urich. Em virtude disso, o Demolidor enveredou por caminhos que nunca antes havia trilhado e de que não mais voltaria a afastar-se.
A despeito dos esforços de McKenzie, as vendas não descolavam e Daredevil estava prestes a ser cancelado. Numa tentativa desesperada de reverter a situação, McKenzie foi rendido no posto por Frank Miller (que já vinha desenhando o Demolidor há um par de meses). Obreiro de perspetivas revigorantes, Miller foi o piloto da mudança que se impunha. Manteve a aposta do seu antecessor de explorar o potencial dramático da personagem, mas a uma escala dez vezes superior.
Pela mão de Miller, o Demolidor adentrou nas trevas psicológicas e saiu das trevas editoriais. Miller não se quedou, porém, pela drástica mudança de tom. Levou a cabo uma profunda reinterpretação do herói introduzindo sucessivos retcons e personagens memoráveis, como Stick ou Elektra, sem se preocupar em enfurecer os fãs mais ardorosos. À parte a aparência física, o seu Demolidor tinha pouquíssimo em comum com as versões pregressas. Em resultado disso, foi nos anos 80 que o herói que conhecemos teve os seus momentos definidores e de maior glória.
Duro, sofrido e violento. Assim era o novo Demolidor de Miller. |
Diabo da Guarda
A jornada heroica do Demolidor teve como ponto de partida a Cozinha do Inferno, um mal-afamado bairro operário nova-iorquino maioritariamente habitado por imigrantes irlandeses. Foi pela mão calejada do seu pai, um pugilista decadente chamado Jack "Batalhador" Murdock, que o pequeno Matt Murdock deu os primeiros passos.
Fazendo jus à alcunha conquistada nos ringues, Jack enfrentou muitos desafios para criar o filho sozinho. Desejoso de proporcionar-lhe as oportunidades que não tivera, incentivava constantemente Matt a estudar em vez de praticar desporto. Jack não queria que o filho tivesse, também ele, de ganhar a vida com os punhos.
Aos olhos das outras crianças, Matt era, pois, um rato de biblioteca com medo da própria sombra. Foi assim que ganhou a alcunha trocista de Destemido (Daredevil, no original). Alcunha que lhe moldaria o caráter para sempre.
Incapaz de desobedecer ao pai que diariamente se sacrificava para que nada lhe faltasse, Matt dava secretamente vazão à frustração acumulada no ginásio onde o seu ídolo treinava.
Quando os combates de boxe começaram a rarear, Jack não teve outro remédio senão aceitar trabalhar para um mafioso local conhecido apenas como Arranjador. Da sua descrição de funções faziam parte, entre outros expedientes, a cobrança de dívidas e a intimidação de comerciantes que recusavam pagar pela proteção do Arranjador.
Certo dia, ao caminhar pela rua, Matt, então um pré-adolescente, apercebeu-se que um cego estava prestes a ser atropelado por um camião. Sem pensar duas vezes, Matt saltou para a frente do veículo e empurrou o homem para fora do caminho, salvando-lhe a vida. Ato contínuo, o camião, que transportava resíduos tóxicos, entrou em despiste deixando cair parte da carga na via. Um dos tubos soltos partiu-se com o impacto e Matt teve as vistas salpicadas por uma substância radioativa. Foi essa a última vez que viu a luz do dia antes de mergulhar nas trevas eternas.
Um acidente mudaria para sempre a vida de Matt Murdock. |
Enquanto recuperava no hospital, Matt descobriu que os seus outros sentidos haviam sido intensificados a níveis sobre-humanos e que desenvolvera uma espécie de radar mental que lhe permitia descortinar formas difusas.
Passado o desnorte inicial, Matt guardou segredo das suas novas habilidades ao regressar a casa. Anos mais tarde, Stick, um cego mestre em artes marciais, ensinou-o a controlá-las e transformou-o numa arma viva.
Apesar do seu infortúnio, Matt continuou a estudar com denodo. A sua dedicação foi recompensada com a admissão na prestigiada Universidade de Direito de Columbia. Foi lá que conheceu Franklin "Foggy" Nelson - seu melhor amigo e futuro associado - e Elektra Natchios, a bela filha de um diplomata grego que seria o maior e mais trágico amor da sua vida. Após o assassinato do pai, Elektra desapareceu sem deixar rasto, deixando Matt de coração destroçado. O casal voltaria, no entanto, a reencontrar-se anos mais tarde, já não como amantes mas como adversários.
Entretanto, o velho Batalhador continuava a sua carreira como pugilista. Apesar de estar na mó de cima, aceitou perder, a troco de uma choruda maquia, um combate combinado pelo Arranjador. Na hora H, Jack mudou porém de ideias ao avistar Matt na plateia. Com uma sequência de golpes demolidores levou o seu oponente ao tapete. Audácia que lhe custaria caro. Nessa mesma noite, o pai de Matt foi morto às mãos dos homens do Arranjador.
O último combate de um pai herói. |
Agora órfão, Matt conseguiu diplomar-se em Direito e abriu um pequeno escritório de advocacia na Cozinha do Inferno. Tendo Foggy Nelson como sócio e Karen Page como secretária, Matt prestava, frequentemente pro bono, assistência jurídica aos mais desfavorecidos. Entre a sua clientela contavam-se prostitutas, homossexuais, mães solteiras e outros deserdados do sistema legal. Todos eles clamavam pelo tipo de justiça que tribunal algum lhes poderia servir.
Foi a pensar neles - e na sua vingança - que Matt usou os velhos robes do pai para confecionar o traje vermelho e amarelo do Demolidor.
Católico devoto seduzido pelo profano, Matt Murdock não procura penitência para o que fez mas perdão para o que terá de fazer. Porque, quando a Lei emudece e Deus ensurdece, todas as preces aflitas se viram para o Diabo da Guarda.
Entre o sagrado e o profano. |
Miscelânea
*Além de Homem Sem Medo, o Demolidor é igualmente cognominado de Diabo da Guarda, Chifrudo, Vermelho, Aventureiro Escarlate e O Homem Mais Perigoso do Mundo;
*A identidade da mãe de Matt Murdock - uma freira católica chamada Irmã Maggie - só foi revelada na saga A Queda de Murdock (já aqui esmiuçada). Sofrendo os efeitos de uma depressão pós-parto, Maggie desenvolveu uma personalidade paranoide tornando-se uma ameaça para si própria e para o filho. Em resultado disso, Matt era ainda bebé quando foi abandonado pela mãe. Num ato de contrição, Maggie ingressaria anos depois num convento;
Só o amor de mãe pode curar certas feridas. |
*Matt sente-se sufocado nas suas roupas civis, mormente nos elegantes fatos que a sua profissão de advogado o obriga a usar no dia a dia. Por considerar o Demolidor a parte mais importante da sua personalidade dual, é na pele do herói que se sente mais confortável. Um pouco à semelhança de Bruce Wayne, Matt Murdock é tão-somente uma persona criada pelo Demolidor para conservar o anonimato;
*Velho inimigo do Homem-Aranha, Electro foi o primeiro supervilão com quem o Demolidor mediu forças. Antes de ser erigido a némesis do Homem Sem Medo, o próprio Rei do Crime havia antagonizado o Escalador de Paredes;
*Após a revelação acidental da sua identidade secreta por parte do Homem-Aranha, Matt Murdock conseguiu manter o seu segredo a salvo inventando um irmão gémeo com personalidade contrastante com a sua. Mike Murdock (personagem interpretada pelo próprio Matt) cumpriu o propósito de convencer Foggy Nelson e Karen Page de que era ele o Homem Sem Medo. Como forma de tornar a farsa ainda mais convincente, Matt (que se gaba do seu talento de representação) disfarçava a cegueira quando encarnava o irmão imaginário. Apesar de bizarra, a ideia funcionou e Mike foi "morto" pouco tempo depois. Mas não sem antes provocar uma pequena crise de identidade a Matt que, a dado momento, começou a ter dúvidas sobre quem seria o seu verdadeiro eu;
*Muito mais do que meros parceiros no combate ao crime, Demolidor e Viúva Negra formaram o primeiro casal de super-heróis a viver maritalmente sem estarem ligados pelos laços do matrimónio;
Heróis em união de facto. |
*Naturalmente sedutor, Matt Murdock coleciona conquistas amorosas, mas só por uma vez subiu ao altar. Durante algum tempo, foi casado com Mila Donovan, também ela invisual. O enlace seria, contudo, rapidamente desfeito, depois de Mila constatar que Matt era ainda apaixonado por Karen Page;
*A história do Demolidor serviu de inspiração à origem das Tartarugas Ninja, que, tal como ele, sofreram mutações genéticas após terem sido acidentalmente expostas a um isótopo radioativo;
*De longe o escriba mais influente do Homem Sem Medo, Frank Miller não foi, porém, aquele que durante mais tempo assinou as histórias do herói. Esse recorde de longevidade é detido por Brian Michael Bendis, que escreveu Daredevil durante 5 anos (contra os 4 de Miller);
*Desde 2011 que o Demolidor encerra o Top 10 dos Melhores Heróis da Banda Desenhada divulgado pelo IGN. Por sua vez, a revista Wizard colocou-o em 21º lugar na sua lista das 200 Melhores Personagens de Sempre da Banda Desenhada;
*Fora dos quadradinhos, o Demolidor fez a sua primeira aparição em 1981, num episódio avulso da série animada Spider-Man and his Amazing Friends. Com a sua estreia em ação real a ter lugar 8 anos mais tarde, no telefilme O Julgamento do Incrível Hulk no qual foi interpretado por Rex Smith. A estreia a solo no segmento audiovisual aconteceu apenas em 2003, ano em que a longa-metragem do herói cego estrelada por Ben Affleck chegou aos cinemas de todo o mundo. Em 2015, foi a vez do britânico Charlie Cox assumir o papel em Daredevil, série televisiva com a chancela da Marvel e da Netflix.
Da esq. para a dir.: Rex Smith, Ben Affleck e Charlie Cox, três Diabos da Guarda de carne e osso. |
*Este blogue tem como Guia de Estilo o Acordo Ortográfico de 1990 aplicado à norma europeia da Língua Portuguesa;
*Artigos sobre Bill Everett, Frank Miller, Rei do Crime e A Queda de Murdock disponíveis para leitura complementar.
Muito bom texto. O Demolidor é aquele personagem que já passou por tanta coisa (como Batman), que é muito bem vinda uma resenha que reúna fatos sobre ele. Lembramos de detalhes, arcos, encontros, cenas, mas para entender o personagem é preciso imergir em sua alma, com nossos cinco sentidos. E mais um radar, se tiver.
ResponderEliminarÀ primeira vista, pode-se pensar que o Demolidor é um super herói médio, associado à violência urbana, circunscrevendo-se a este âmbito. Como outros surgidos em sua época (Hulk, Aranha, X-Men), nasceu da radiação nuclear. Porém, ele cresceu e se tornou muito maior, desenvolvendo-se em complexidade e camadas, enfrentando desde simples assaltantes até Ultron, e encarando desde o Tentáculo até Mefisto (memorável história).
Por tudo isso, Matthew Murdock é muito humano, muito como nós. Ele enfrentou todo tipo de "demônio" interior e, mesmo chegando ao fundo do poço, reergueu-se. Felizmente, grandes artistas souberam respeitar e explorar o personagem, apenas enriquecendo-o. O Demolidor não precisa ser cósmico para ser o gigante que é, pois sua grandeza está justamente em sua humanidade. Aqui para mim, a religiosidade é um componente importante do personagem.
Enfrentou problemas de relacionamento, drogas, perda de entes queridos, ruína total, as entrelinhas da lei, e ainda assim lá estava ele de volta. Esteve presente, mesmo timidamente, em grandes sagas da Marvel. Teve um encontro fantástico com Batman (que naturalmente logo percebeu a deficiência visual e os sentidos ampliados do Demolidor).
Quem foi ou é leitor do Demolidor e nunca se imaginou com sentidos ampliados e um radar? Quantos outros personagens não foram criados com este poder depois? Na TV, a série "O Sentinela" mostrava um homem com os cinco sentidos ampliados. Em "The Alphas", uma delas também era assim, e podia ampliar um deles ainda mais se cancelasse os outros quatro. E na própria Marvel, temos Dominic, do Clã Destino, hipersensível. Tanto que um dia se distraiu e comeu um pedaço de chocolate - desmaiou com o estímulo gustativo.
Ainda bem que o Demolidor tem mais controle.
Cumprimento-o novamente pelo texto, Ricardo.
Um dos teus melhores textos, sr. Ricardo Cardoso! Teu conhecimento do herói, somado à elegância literária, nos dá prazer na leitura. Sem contar as informações extras, de bastidores, sobre o personagem. Parabéns!
ResponderEliminarBrilhante apresentação de um herói de carne e osso.
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