Capaz de superar grande medo, foi o primeiro humano nas fileiras da maior força policial intergaláctica. Da Terra aos confins do Universo, o fulgor esmeralda do seu anel dissipa as trevas do caos e da corrupção. Porque no dia mais claro, na noite mais densa, o Mal sucumbirá ante a sua presença.
Denominação original: Green Lantern
Editora: DC
Criadores: Julius Schwartz (conceito), John Broome (história) e Gil Kane (arte conceptual)
Estreia: Showcase #22 (outubro de 1959)
Identidade civil: Harold "Hal" Jordan
Espécie: Humano
Local de nascimento: Coast City, Califórnia
Parentes conhecidos: Martin Jordan (pai, falecido); Jessica Jordan (mãe); Larry Jordan / Onda Aérea (tio); Jim Jordan (irmão); Jack Jordan (irmão); Sue Jordan (cunhada); Jan Jordan (cunhada); Helen Jordan (sobrinha); Arthur, Jason e Howie Jordan (sobrinhos)
Ocupação: Ex-piloto de testes, ex-investigador de seguros e ex-vendedor de brinquedos, desempenha agora em tempo integral as suas funções de oficial da Tropa dos Lanternas Verdes.
Base operacional: No passado, Hal Jordan desdobrava-se entre Coast City e o planeta Oa, lar dos Guardiões do Universo e quartel-general da Tropa dos Lanternas Verdes. Desde a destruição da sua cidade natal, as suas estadias na Terra tornaram-se, porém, cada vez mais breves e espaçadas.
Afiliações: Ex-oficial da Força Aérea dos EUA; ex-piloto da Ferris Aircraft; ex-parceiro do Arqueiro Verde; cofundador da Liga da Justiça da América e membro ativo da Tropa dos Lanternas Verdes.
Némesis: Sinestro
Poderes e parafernália: Hal Jordan é apenas um homem comum a quem foi confiada aquela por muitos considerada a mais poderosa arma do Universo. O anel energético do Lanterna Verde reage à força de vontade do seu usuário. Quanto maior a força de vontade, maior a eficácia do anel. A real extensão do seu poder permanece, no entanto, uma incógnita.
Nas suas histórias iniciais, o Lanterna Verde era frequentemente visto a realizar uma assombrosa variedade de proezas com o seu anel. Desde a miniaturização de objetos ao fabrico de vestuário, as possibilidades pareciam infinitas. Quaisquer que sejam os efeitos do anel, são sempre acompanhados por um característico fulgor esmeralda.
Com o tempo, porém, a ênfase passou a incidir sobre a capacidade do Lanterna Verde conjurar hologramas de luz sólida controlados telecineticamente. Em função da criatividade de Hal Jordan, esses construtos esverdeados podem assumir praticamente qualquer forma: um escudo para bloquear um ataque, uma espada para cortar uma corda ou uma luva de boxe para esmurrar um adversário são alguns exemplos clássicos.
O anel do Lanterna Verde permite-lhe criar todo o tipo de armas. |
Além de dotar o Lanterna Verde da capacidade de voar e sobreviver aos rigores do espaço sideral, o anel permite-lhe realizar saltos transluminais. Graças aos quais o herói consegue viajar, quase instantaneamente, para qualquer quadrante do Universo conhecido. Para facilitar a comunicação com a miríade de raças alienígenas que o povoam, o anel incorpora um tradutor universal.
O anel do Lanterna Verde é eficaz tanto em ações defensivas como ofensivas. Tanto pode gerar campos de força para proteger o seu usuário como projetar rajadas energéticas contra alvos inimigos. Entre as suas tradicionais funcionalidades, destaque ainda para a sua capacidade de localização e comunicação com outros Lanternas Verdes, independentemente da distância a que se encontram.
Ao possibilitar o acesso remoto à base de dados da Tropa dos Lanternas Verdes, o anel funciona também como um valioso repositório de informação acerca do Cosmos.
Seguindo um protocolo predefinido pelos Guardiões do Universo, sempre que um Lanterna Verde morre no cumprimento do dever, o anel desencadeia de imediato a busca por um substituto compatível. Foi dessa forma que Hal Jordan foi escolhido para render Abin Sur nas funções de protetor do Setor Espacial 2814.
Quanto maior a força de vontade, mais poderoso é o anel do Lanterna Verde. |
Apesar de o Lanterna Verde ter no anel a fonte dos seus poderes, Hal Jordan possui ele próprio um conjunto de habilidades admiráveis. A sua longa carreira como piloto de testes capacitou-o com excelentes reflexos e uma extraordinária resistência à pressão. Mesmo perante situações aparentemente desesperadas, Hal conserva a calma e a agudeza de raciocínio. São elas que lhe permitem, no imediato, conceber a estratégia mais adequada às circunstâncias, fazendo dele um líder nato que os seus camaradas de armas não hesitam em seguir. O seu proverbial destemor é admirado até pelos seus inimigos (com Sinestro à cabeça), elevando-o assim ao patamar de lenda intergaláctica.
Não é pois por acaso que Hal Jordan é reputado de maior Lanterna Verde de todos os tempos. Título tanto mais impressionante se levarmos em conta que a Tropa Esmeralda patrulha o Universo há vários milhares de anos, e que outros tantos recrutas passaram pelas suas fileiras. Nenhum deles foi, porém, capaz de personificar a Força de Vontade como Hal Jordan.
Fraquezas: A suposta arma mais poderosa do Universo está longe de ser infalível. À consabida ineficácia do anel do Lanterna Verde sobre objetos amarelos (cor que, no Espectro Emocional, simboliza o Medo) acresce a necessidade de recarga periódica. Originalmente, esse ritual - sempre acompanhado do respetivo juramento solene - tinha de ser realizado a cada 24 horas, independentemente do dispêndio de energia. Por estes dias, o anel precisa apenas ser recarregado quando a sua energia se esgota ou atinge níveis perigosamente baixos.
Apesar de altamente resistente, o anel do Lanterna Verde também não é indestrutível. Várias entidades já provaram possuir força ou poder suficientes para quebrá-lo. Com a agravante de que apenas os Guardiões do Universo possuem a tecnologia requerida para o conserto de um anel danificado.
Áureo foi um dos muitos vilões de cor amarela que o Lanterna Verde já enfrentou. |
Contudo, à semelhança de qualquer arma convencional, a maior debilidade do anel do Lanterna Verde poderá residir afinal no seu portador. Se este estiver deprimido, amedrontado ou sob influência de estupefacientes, a produção de energia será instável condicionando a criação de construtos. O mesmo sucedendo quando o usuário não consegue visualizar corretamente o aparato que está a tentar replicar, ou ignora o seu funcionamento básico.
No caso específico de Hal Jordan, o excesso de confiança é o seu verdadeiro calcanhar de Aquiles. Desafiando as regras do meridiano bom senso, Hal nunca recua perante qualquer ameaça, por maior que ela seja.
Essa sua lendária afoiteza tem tanto de inspiradora como de irracional. Entre ser visto como um covarde ou travar uma luta desigual, Hal escolherá sempre a segunda opção. À boa maneira dos Espartanos, ele não pergunta quantos são os inimigos mas onde estão eles. Ignorando dessa forma um dos mais importantes preceitos da arte da guerra: a glória suprema é derrotar o inimigo sem o combater.
O novo senhor do anel
Para os leitores ocasionais de comics, o Lanterna Verde será porventura um daqueles super-heróis que se (re)conhece mas sobre o qual pouco se sabe. Apesar de ele ser um dos Sete Magníficos que fundaram a famigerada Liga da Justiça, o seu errático histórico de publicação contribuiu, em grande medida, para essa circunstância.
Independentemente, porém, do seu estatuto junto do grande público, o Lanterna Verde é uma das maiores referências do panteão da DC. Em vários momentos da história da editora foi igualmente uma espécie de farol que sinalizou o rumo a seguir nas águas agitadas de uma indústria em perpétua metamorfose.
Criação de Bill Finger e Martin Nodell, o primeiro Lanterna Verde surgiu na Idade de Ouro, apenas dois anos após a estreia do Super-Homem. Alan Scott era um engenheiro ferroviário cujas agulhas do destino mudaram para sempre em All-American Comics #16 (1940). Indumentado com um traje particularmente chamativo, munido de um anel mágico e de uma bateria em forma de lanterna, a personagem incorporava diversos dos elementos pulp que, à época, capturavam o imaginário coletivo.
Aquando da sua estreia, o Lanterna Verde era um dos heróis mais poderosos do mundo, capaz de executar autênticos milagres com o poder aparentemente ilimitado do seu anel. Que tinha, contudo, um inusitado defeito: era inútil contra madeira ou matéria vegetal. Outro ponto fraco era a sua carga limitada, que tinha de ser reposta a cada 24 horas com recurso à lanterna verde que dava nome ao campeão de Capitol City. Ritual sempre pontuado por um juramento solene em verso, que foi evoluindo ao longo dos anos até se tornar peça fundamental no legado do Gladiador Esmeralda.
Alan Scott, o primeiro senhor do anel. |
Não obstante a apreciável popularidade de que usufruiu durante a década de 1940, o Lanterna Verde, a exemplo da generalidade dos seus contemporâneos, viu o seu esplendor desvanecer após a II Guerra Mundial até a última centelha esmeralda se extinguir no final dessa década.
Sem surpresa, em 1949 Green Lantern foi cancelado e foi precisa uma espera de dez anos até o anel do Lanterna Verde voltar a luzir. Ainda a tempo, no entanto, de fazer do Gladiador Esmeralda um dos arautos da Idade de Prata dos comics.
Perante as evidências de que os leitores davam mostras de um renovado interesse em super-heróis, em 1959 o lendário editor Julius Schwartz quis repetir o tratamento que, três anos antes, fora aplicado com sucesso ao Flash. Nesse sentido, escalou o escritor John Broome e o artista Gil Kane para recriarem o Lanterna Verde. A ideia era seguir a receita usada por Robert Kanigher e Carmine Infantino para revitalizar o Velocista Escarlate. Em 1956, fora ele o primeiro herói clássico a ganhar novo impulso na pista da glória reconquistada.
Assim como Jay Garrick cedeu lugar a Barry Allen, Alan Scott foi rendido por Hal Jordan. Em consequência desse protocolo modificativo, o Lanterna Verde deixou de enfrentar ameaças sobrenaturais para passar a agir como uma espécie de xerife do espaço, cuja jurisdição extravasava largamente os limites da sua cidade natal - e até da Terra. Essa vocação cósmica do novo Gladiador Esmeralda foi acentuada pela sua pertença à maior força policial intergaláctica: a Tropa dos Lanternas Verdes. Para criá-la, John Broome foi beber inspiração à saga de ficção científica Lensman, da qual era fã assumido. Com o tempo, a Tropa dos Lanternas Verdes tornou-se num dos principais esteios do Universo DC, servindo de base para algumas das histórias mais memoráveis da Editora das Lendas.
No momento de conceber o visual de Hal Jordan, Gil Kane usou como modelo fisionómico Paul Newman, seu vizinho e um dos maiores galãs de Hollywood. O traje de cores berrante deu, por sua vez, lugar a um uniforme sem capa e com um sóbrio esquema cromático. O anel e a bateria mantiveram-se, mas a origem dos dois artefactos era agora alienígena e não mística. Ambos haviam sido manufaturados pelos Guardiões do Universo, fundadores e líderes espirituais da Tropa dos Lanternas Verdes - que teve em Hal Jordan o seu primeiro recruta terráqueo.
Paul Newman serviu de modelo a Hal Jordan. |
Outro aspeto comum a ambos os Lanternas Verdes era o aparentemente arbitrário ponto fraco dos respetivos anéis. Com a madeira a ser agora substituída pela cor amarela, contra a qual o anel de Hal Jordan nada podia. Desta feita, porém, o calcanhar de Aquiles foi explicado com uma impureza necessária na bateria; uma espécie de trava de segurança criada pelos Guardiões do Universo para prevenir que o poder absoluto corrompesse absolutamente os seus agentes da Lei.
O segundo Lanterna Verde foi apresentado ao leitores em Showcase #22 (1959). Título que, por aqueles dias, servia de tubo de ensaio tanto para conceitos inovadores como recauchutados. Além do Flash, também Adam Strange e os Desafiadores do Desconhecido tinham feito lá o seu tirocínio.
Na senda do sucesso do novo Gladiador Esmeralda, a DC resolveu relançar Green Lantern em 1960. Apesar do cariz cósmico das histórias, elas foram pioneiras em matéria de consciência social. Em vez das costumeiras óperas espaciais, os argumentistas privilegiavam temas mundanos como o combate ao racismo e ao preconceito. Incluindo, para esse efeito, representantes não estereotipados das minorias nas tramas humanizadas.
A vida pessoal de Hal Jordan também tinha pontos de interesse. Ele era um dos vértices de um triângulo amoroso em tudo idêntico ao que envolvia Clark Kent, Lois Lane e o Super-Homem. Hal estava apaixonado por Carol Ferris, a filha do patrão que, por sua vez, suspirava pelo Lanterna Verde. Para apimentar ainda mais a relação, Carol era ocasionalmente controlada por alienígenas que a transformavam na vil Safira Estrela.
O novo Lanterna Verde estreou-se em Showcase #22 (1959). |
Quando, por fim, Carol desistiu de conquistar o coração do Gladiador Esmeralda e partiu com outro homem, Hal ficou devastado. Depois de abandonar o seu emprego como piloto de testes na Ferris Aircraft, Hal passou a andar à deriva. Tal como a sua série que, ao dobrar a esquina da década de 1960, era uma boa candidata ao cancelamento. O que só não se confirmou devido à decisão providencial do seu editor de emparelhar o Lanterna Verde com o Arqueiro Verde. Juntando dessa forma dois valdevinos com visões muito distintas do papel dos heróis num mundo em acelerada transformação. Assinada por Dennis O'Neil e Neal Adams, uma das duplas-maravilha da 9ª Arte, essa fase foi louvada pela crítica sem que a isso correspondesse um aumento das vendas. Consequentemente, Green Lantern foi cancelado em 1972. Nos quatro anos seguintes, Hal Jordan foi hóspede na revista do Flash, ao mesmo tempo que participava mensalmente nas missões da Liga da Justiça da América. Em virtude dessa perda de influência, tornou-se um super-herói genérico vivendo à sombra de glórias pretéritas.
Green Lantern regressou às bancas em 1976, espelhando os danos que a guerra do Vietname e o escândalo Watergate haviam infligido à autoconfiança do povo americano e à sua fé nas instituições do país. Esse renascimento durou cerca de uma década e ficou marcado tanto pela profusão de ameaças extraterrestres como pela sucessão de crises pessoais do herói, culminando no seu abandono da Tropa dos Lanternas Verdes em vésperas da Crise nas Infinitas Terras.
Esgotadas as ideias para tornar apelativas as histórias do Gladiador Esmeralda, nos anos 1990 os argumentistas fizeram dele o maior inimigo da Tropa dos Lanternas Verdes. Após a destruição de Coast City pelo Supercyborg, Hal Jordan, revoltado com a indiferença dos Guardiões do Universo, foi corrompido por Parallax, o avatar do Medo. Num desfecho previsível, acabaria morto quando tentava reescrever a História (eventos narrados em Zero Hora, saga já aqui analisada). Não sem antes cometer um extenso rol de atrocidades que incluíram a destruição da Bateria Central de Oa e o massacre de praticamente toda a Tropa Esmeralda. Enquanto Hal procurava expiar os seus pecados como Espectro - o Espírito da Vingança que ele tentou, em vão, transformar no Espírito da Redenção - foi substituído por Kyle Rayner nas suas funções de policiamento galáctico. Era agora ele o novo senhor do anel.
De herói a vilão: Hal Jordan como Parallax. |
O regresso definitivo de Hal Jordan só aconteceria uma década mais tarde. Em 2004, a saga Green Lantern: Rebirth reabilitou-o dos hediondos crimes cometidos enquanto Parallax. Dando assim o mote para a vaga revivalista da DC motivada pelo saudosismo que, na viragem do milénio, influenciava a cultura popular. Às mãos de escritores talentosos como Geoff Johns, o Lanterna Verde viu redefinidos e modernizados importantes elementos da sua mitologia. Ficando assim apto a enfrentar os desafios do século XXI.
Uma vez mais, qual farol numa noite de tempestade, a luz esmeralda do Lanterna Verde rasga a escuridão, trespassa o medo e brilha mais intensamente do que nunca.
O triunfo da Força de Vontade. |
Alvorecer esmeralda
Hal Jordan nasceu para voar. Quanto mais alto e mais rápido, melhor. Foi nas asas desse sonho de infância que alcançou as estrelas. Ironicamente, foram dois desastres aéreos a traçar-lhe o destino.
Nascido em Coast City, Hal Jordan foi o segundo dos três filhos do casal Jessica e Martin Jordan. O seu pai era um ex-oficial da Força Aérea americana convertido em piloto de testes da Ferris Aircraft, especialista no fabrico de jatos militares.
Fascinado por máquinas voadoras, o pequeno Hal tinha por hábito faltar às aulas para ir ao aeródromo da Ferris ver o seu pai a voar. Martin Jordan era o ídolo do filho, que sonhava um dia seguir-lhe as pisadas.
Infelizmente, quando era ainda pessoa de palmo e meio, Hal testemunhou a morte do seu pai num acidente de voo. Tragédia que o marcou para o resto da visa. Tanto como o ato heroico de Martin Jordan que, em vez de se ejetar, voou para longe das áreas habitadas, sacrificando a própria vida para salvar dezenas de outras.
Contra a vontade da mãe, Hal planeava ganhar a vida aos comandos de um avião. Na véspera de completar 18 anos, fugiu de casa e passou a noite à porta do centro de recrutamento da Força Aérea. Após anos de intenso treino, Hal tornou-se um piloto exímio e destemido. Isto ao mesmo tempo que desenvolvia um histórico de insubordinação e riscos excessivos.
Hal Jordan, o Ás dos Ares. |
A vida de Hal não estava no entanto fadada a ser um fac-símile daquela que fora vivida pelo seu pai. Certo dia, durante um voo de treino, um halo esverdeado envolveu o seu jato, transportando-o até ao local da queda de uma espaçonave. Ao investigar os destroços, Hal foi surpreendido pela presença de um alienígena moribundo.
Abin Sur - assim se chamava o alienígena - era membro da Tropa dos Lanternas Verdes, uma força policial que há milhares de anos assegurava a paz em todo o Universo. A sua nave fora atacada durante uma patrulha acabando por despenhar-se nas cercanias de Coast City. Antes de exalar o seu último suspiro, Abin Sur ordenara ao seu anel que procurasse um substituto digno. Hal foi o escolhido. Não apenas pela sua integridade moral, mas também pela sua capacidade de superar grande medo.
A passagem de testemunho de Abin Sur a Hal Jordan. |
Promovido a Lanterna Verde do Setor Espacial 2814 (um dos 3600 em que o Universo se divide), Hal foi pouco depois transportado pelo seu anel ao planeta Oa. No quartel-general da Tropa Esmeralda e lar da Bateria Central que abastece os anéis de todos os Lanternas Verdes, Hal foi apresentado aos Guardiões do Universo e a centenas de alienígenas incrédulos com a escolha de um humano.
Durante o treino que lhe foi ministrado por Sinestro e Kilowog, dois Lanternas Verdes veteranos, Hal surpreendeu os seus mentores com a sua incrível força de vontade. Todos ficaram cientes de que ele estava destinado a ser um dos mais valorosos membros da Tropa e que aquele era o alvorecer esmeralda de um novo herói. Um em cuja presença o Mal sucumbiria.
Miscelânea
*As arrepiantes manobras e acrobacias de Hal Jordan aos comandos dos caixões voadores fabricados pela Ferris Aircraft valeram-lhe a alcunha de "Highball". Na gíria dos antigos ferroviários, era a ordem para o comboio seguir a todo o vapor. Nessa época, Hal era também inseparável do blusão de aviador herdado do pai, o qual não hesitava em colocar sobre os ombros de quem dele mais precisasse;
*Hal não foi o primeiro super-herói do clã Jordan. Larry Jordan, tio de Hal, combateu o crime como Onda Aérea. A sua habilidade primária consistia em deslocar-se a grande velocidade através dos cabos elétricos e das linhas telefónicas, usando para esse efeito um par de patins especiais;
Onda Aérea foi o primeiro membro do clã Jordan a combater o crime. |
*Apesar de Hal Jordan ter em Carol Ferris a sua eterna namorada, inicialmente os editores consideraram atribuir-lhe outro interesse romântico: ninguém menos do que a Mulher-Maravilha. Companheiros de equipa na Liga da Justiça, a relação entre ambos nunca foi, contudo, além de uma amizade baseada no respeito e admiração mútuos;
*Aos oficiais da Tropa Esmeralda é concedida a prerrogativa de personalizarem os seus uniformes. Hal Jordan adicionou uma máscara ao modelo-padrão, de modo a salvaguardar a sua identidade e a segurança dos que lhe são próximos;
*Na continuidade pré-Crise, o Lanterna Verde teve um leque de parceiros bizarros: Itty (uma estrela-do-mar alienígena) e um esquimó chamado Pieface (termo com conotações racistas) foram os mais duradouros. Da lista faziam ainda parte um cão e um motorista de táxi;
Itty, a estrela-do-mar alienígena que Hal Jordan teve como mascote. |
*"In brightest day, in blackest night,/ No evil shall escape my sight./ Let those who worship evil's might,/ Beware my power...Green Lantern's light!" A versão original do juramento recitado pelo Lanterna Verde sempre que usa a sua bateria portátil para recarregar o seu anel energético é da autoria de Alfred Bester (1913-1987), conceituado escritor de ficção científica notabilizado por ter sido o primeiro vencedor do Prémio Hugo - galardão que, anualmente, distingue as melhores obras nesse género literário;
*Embora a jurisdição do Lanterna Verde da Terra se estenda por todo o Setor Espacial 2814 (que, por sua vez, abrange, mais de uma centena de planetas), Hal Jordan carece da autorização prévia do Batman para adentrar em Gotham City. Da violação dessa regra já resultaram escaramuças entre os dois heróis;
*A braços com uma grave crise de tesouraria, no início dos anos 80 a DC esteve prestes a vender os direitos de publicação do Lanterna Verde à Marvel. A Casa das Ideias já havia no entanto introduzido, em 1971, um conceito decalcado do Gladiador Esmeralda. Doutor Espectro, membro do Esquadrão Supremo (ele próprio um pastiche assumido da Liga da Justiça), detinha o poder de criar construções multicoloridas de energia luminosa por intermédio de um prisma de origem alienígena;
*No universo da Amalgam Comics, o Lanterna Verde foi fundido com o Homem de Ferro, dando origem ao Lanterna de Ferro, alter ego de Harold Stark;
*Aquando da sua transformação em Parallax, Hal Jordan não usava o seu anel original. Este fora destruído por Lorde Malvolio e substituído por outro forjado pelo vilão. Ao contrário do modelo manufaturado pelos Guardiões do Universo, o novo anel afetava objetos de cor amarela;
*Hal Jordan já foi referenciado no Universo Marvel. Numa história assinada por Peter David, em The Incredible Hulk #426 (fevereiro de 1995), Hal foi apresentado como um doente mental internado num hospital psiquiátrico. No rescaldo de Zero Hora, os eventos por ele narrados são assumidos como meros delírios da sua mente fragmentada;
Alucinações de um herói caído em desgraça. |
*No Top 100 dos melhores super-heróis de todos os tempos divulgado em 2011 pelo portal IGN, o Lanterna Verde ocupa uma honrosa 7ª posição. De entre os seus congéneres da DC, apenas os membros da Trindade surgem mais bem classificados;
*O Lanterna Verde viveu a sua primeira aventura fora dos quadradinhos em 1967. Ano em que estrelou o seu próprio segmento na série animada da Filmation The Superman / Aquaman Hour of Adventure. Antes de, em 2011, Ryan Reynolds vestir a pele de Hal Jordan no cinema, foi Howard Murphy o primeiro a fazê-lo na TV. Em 1979, Legends of the Super-Heroes, minissérie em dois episódios transmitida pela antena da NBC, apresentou o primeiro Lanterna Verde de carne e osso.
Howard Murphy em Legends of Super-Heroes (1979) |
*Este blogue tem como Guia de Estilo o Acordo Ortográfico de 1990 aplicado à norma europeia da Língua Portuguesa.
* Artigos sobre o Lanterna Verde Alan Scott, Sinestro, Arqueiro Verde e Zero Hora disponíveis para leitura complementar.
É sempre agradável ler sobre o Lanterna Verde/Hal Jordan. Eis um personagem que desperta toda sorte de paixões a quem o acompanha, em proporção direta ao tempo de acompanhamento. Jordan provoca risos, lágrimas, revolta, compaixão, e tantas outras emoções, justamente por sua humanidade. Ele erra, exagera, age por impulso e não raras vezes tem mais sorte que juízo. Mas é um verdadeiro herói. Pode ser acusado de qualquer coisa, menos de covarde, passivo ou inerte. Foi assim que se tornou Parallax. E eis a ambivalência: torci por ele então.
ResponderEliminarJordan é o LV que serve de baliza para todos os outros, tenham vindo antes ou depois dele. Aproveito para prestar minhas honras a Alan Scott, que conheci justamente numa das revistas do Lanterna Verde/Arqueiro Verde. Kyle Rainer também honra a tradição, embora mais recentemente tenha sido vítima - como tantos outros heróis - de roteiros ruins e barras forçadas. Gardner é Gardner. E os outros dois nem merecem ser nominados. Enfim, não adianta: qualquer LV que apareça, em qualquer um dos 3600 setores, será comparado a Hal Jordan. Seja no dia mais claro ou na noite mais densa.
Parabéns pelo excelente texto sobre esse que é, dos personagens da DC Comics, o meu preferido, dado além de ser um dos mais interessantes e construídos heróis da DC, é também um personagem cósmico (digamos assim) e seguramente figura ao lado de Surfista Prateado, Adam Warlock e o Capitão Mar-Vell como meus heróis prediletos de sempre. A fase do Lanterna Verde que mais me encheu os olhos foi a do renovo do herói pelas mãos talentosas de Gerard Jones e Pat Broderick, lançadas em terras Brasleiras nos anos 1990.
ResponderEliminarComo sempre, um grande prazer ler um texto que me enche de nostalgia ao mesmo tempo em que me informa (por exemplo, eu desconhecia os dois episódios protagonizados por Howard Murphy). E o escrito jamais perde seu foco, mesmo quando, ao citar Alan Scott, o autor sabiamente deixa de mencionar o triste fim que um mundo bizarro (não o da DC, o nosso mesmo) deu a esse veterano herói trocando-lhe absurdamente as preferências eróticas. Isso conferiria, creio eu, uma nota dissonante e (pelo menos em mim) criaria momentaneamente uma sensação desagradável.
ResponderEliminarMais uma vez, parabéns por essa homenagem a um dos melhores heróis já criados pela minha fábrica preferida de seres poderosos!
Como sempre, ótimo texto. Aprendi muito sobre o Gladiador Esmeralda.
ResponderEliminarMuito bom
ResponderEliminarótimo texto
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