Dois jovens proscritos usados como cobaias para drogas experimentais adquiriram talentos extraordinários e tiveram os seus destinos para sempre entrelaçados. Num frágil equilíbrio entre redenção e vingança, Manto e Adaga levam luz aos inocentes e trevas aos culpados. Subsistindo, contudo, a dúvida: serão eles mutantes ou não?
Nomes originais das personagens: Cloak & Dagger
Criadores: Bill Mantlo (história) e Ed Hannigan (arte)
Licenciadora: Marvel Comics
Primeira aparição: Peter Parker, the Spectacular Spider-Man nº64 (março de 1982)
Identidades civis: Tyrone "Ty" Johnson (Manto) e Tandy Bowen (Adaga)
Locais de nascimento: Respetivamente, Boston (Massachusetts) e Cleveland (Ohio)
Afiliação: Ao longo da sua carreira, Manto e Adaga tiveram passagens fugazes por vários coletivos heroicos, entre os quais Vingadores Secretos, X-Men, X-Men Sombrios e Fugitivos. A título individual, Adaga esteve ainda temporariamente engajada com os Novos Guerreiros e com os Marvel Knights.
Base de operações: Nova Iorque
Armas, poderes e habilidades: Inicialmente classificados como mutantes cujo gene X latente fora ativado por via da ação das drogas experimentais que neles foram inoculadas, nos tempos mais recentes Manto e Adaga foram recategorizados como humanos transformados. Significando isto que os seus talentos especiais derivam de uma fonte mutagénica exógena.
Utilizada pela primeira vez no decurso da saga Civil War, esta designação não colhe, porém, consenso, na medida em que genuínos homo superior, como os antigos X-Men Solaris e Pássaro Trovejante, também necessitaram de um estímulo exterior para que as suas habilidades se manifestassem.
No entanto, o estatuto de mutantes já foi sonegado a Manto e Adaga por Matt Fraction, um dos argumentistas de Uncanny X-Men. Que foi taxativo nas suas declarações motivadas por esta controvérsia: "Não, Manto e Adaga não são mutantes nem se veem como membros dessa comunidade. Facto que não deixa de ser significativo num contexto em que os homo superior quase foram extintos. Afinal, como poderiam eles não ter conhecimento dessa família ou não desejarem pertencer-lhe?".
O postulado de Fraction já foi entretanto parcialmente corroborado na banda desenhada. No arco de histórias Utopia, após o casal ter sido recrutado por Norman Osborn para os seus X-Men Sombrios, Manto e Adaga fizeram notar ao seu mentor que não são mutantes. Diagnóstico ulteriormente ratificado pelo Doutor Némesis que, depois de submeter Adaga a vários exames genéticos, concluiu que as suas habilidades derivam exclusivamente da droga que lhe foi injetada na adolescência.
Depreendendo-se, portanto, que o mesmo princípio seria aplicável a Manto. Sem que isso tivesse, porém, sido empiricamente comprovado. Somando a isto o facto de o jovem ter adquirido a Forma Sombria do demónio Desespero, a dúvida quanto à verdadeira origem dos seus poderes não foi totalmente dissipada.
Mutantes ou não, certo é que Manto e Adaga foram agraciados com poderes fascinantes. No caso dele, além da intangibilidade, avulta a sua capacidade de teleportar-se a si mesmo ou a outrem para uma dimensão de trevas. Já ela é capaz de gerar e direcionar psionicamente adagas de luz, que tanto podem drenar a energia vital dos seus alvos como curá-los de adições.
Entre os dois existe uma relação de interdependência - quase simbiótica- , visto que Manto sente uma "fome" constante, apenas aplacada pela luz nele projetada pela sua parceira ou pela energia vital dos indivíduos que envia para a dimensão escura. Adaga, por sua vez, encontra proteção e refúgio nas sombras de Manto, sendo-lhe extremamente leal.
Ambos possuem ainda uma razoável experiência em combate corpo a corpo adquirida no período em que (sobre)viveram nas ruas.
Utilizada pela primeira vez no decurso da saga Civil War, esta designação não colhe, porém, consenso, na medida em que genuínos homo superior, como os antigos X-Men Solaris e Pássaro Trovejante, também necessitaram de um estímulo exterior para que as suas habilidades se manifestassem.
No entanto, o estatuto de mutantes já foi sonegado a Manto e Adaga por Matt Fraction, um dos argumentistas de Uncanny X-Men. Que foi taxativo nas suas declarações motivadas por esta controvérsia: "Não, Manto e Adaga não são mutantes nem se veem como membros dessa comunidade. Facto que não deixa de ser significativo num contexto em que os homo superior quase foram extintos. Afinal, como poderiam eles não ter conhecimento dessa família ou não desejarem pertencer-lhe?".
O postulado de Fraction já foi entretanto parcialmente corroborado na banda desenhada. No arco de histórias Utopia, após o casal ter sido recrutado por Norman Osborn para os seus X-Men Sombrios, Manto e Adaga fizeram notar ao seu mentor que não são mutantes. Diagnóstico ulteriormente ratificado pelo Doutor Némesis que, depois de submeter Adaga a vários exames genéticos, concluiu que as suas habilidades derivam exclusivamente da droga que lhe foi injetada na adolescência.
Depreendendo-se, portanto, que o mesmo princípio seria aplicável a Manto. Sem que isso tivesse, porém, sido empiricamente comprovado. Somando a isto o facto de o jovem ter adquirido a Forma Sombria do demónio Desespero, a dúvida quanto à verdadeira origem dos seus poderes não foi totalmente dissipada.
Mutantes ou não, certo é que Manto e Adaga foram agraciados com poderes fascinantes. No caso dele, além da intangibilidade, avulta a sua capacidade de teleportar-se a si mesmo ou a outrem para uma dimensão de trevas. Já ela é capaz de gerar e direcionar psionicamente adagas de luz, que tanto podem drenar a energia vital dos seus alvos como curá-los de adições.
Entre os dois existe uma relação de interdependência - quase simbiótica- , visto que Manto sente uma "fome" constante, apenas aplacada pela luz nele projetada pela sua parceira ou pela energia vital dos indivíduos que envia para a dimensão escura. Adaga, por sua vez, encontra proteção e refúgio nas sombras de Manto, sendo-lhe extremamente leal.
Ambos possuem ainda uma razoável experiência em combate corpo a corpo adquirida no período em que (sobre)viveram nas ruas.
Luz que alimenta a escuridão; escuridão que protege a luz. |
Conceção e desenvolvimento: Segundo rezam as crónicas, a inspiração para criar Manto e Adaga acometeu Bill Mantlo na sequência de uma sua visita a Ellis Island (ilha situada na baía de Nova Iorque que, desde o século XIX, serve de porta de entrada a imigrantes à conquista do sonho americano).
Em discurso direto, Mantlo evoca esse momento singular: "As duas personagens surgiram-me noite adentro, quando tudo à minha volta estava silencioso e a minha mente estava em branco. Materializaram-se diante de mim, trazendo consigo a sua origem, atributos e motivações perfeitamente definidos. No fundo, eles corporizavam todo o medo, sofrimento e miséria que me tinham assombrado na minha visita a Ellis Island. Eram apenas mais dois proscritos que tinham se manter unidos para sobreviver."
Bill Mantlo teve a ideia de criar Manto e Adaga após uma visita a Ellis Island. |
Por seu turno, Ed Hannigan, o desenhador que colaborava com Mantlo em Peter Parker, The Spectacular Spider-Man, lembra-se bem de como os dois conceberam em conjunto o figurino das novas personagens: "Bill mostrou-me a sinopse da história, escrita numa página ou duas. Li-a e, de seguida, trocámos algumas impressões sobre qual a aparência mais adequada para cada uma das personagens. Apesar do grande espaço de manobra que me foi dado por Bill, ficou claro desde o primeiro momento que Manto seria afro-americano e que usaria um manto negro "animado", como se de uma extensão natural do seu corpo se tratasse. Adaga, por outro lado, seria caucasiana e vestiria uma espécie de body colante. Posso estar enganado, mas acho que partiu de mim a ideia de ela ser uma bailarina. Circunstância que serviria para realçar a sua elegância e graciosidade. Olhando a esta distância, admito que o figurino de Adaga era bastante audacioso para os padrões da época."
Ed Hannigan divide com Mantlo a paternidade de Manto e Adaga. |
Histórico de publicação: Após a sua estreia em Peter Parker, the Spectacular Spider-Man nº64 (março de 1982), Manto e Adaga foram durante algum tempo coadjuvantes nas histórias do Escalador de Paredes. Em outubro de 1983 ganhariam, porém, uma minissérie própria composta por quatro volumes, com argumento de Bill Mantlo e arte de Rick Leonardi. Devido ao inesperado sucesso da iniciativa, dois anos depois a Marvel resolveu arriscar numa série bimestral estrelada pelo heterodoxo casal, e cuja produção ficaria a cargo da mesma equipa criativa.
Supervilões fantasiados raramente surgiam nas histórias de Manto e Adaga, mais focados que estavam num combate sem tréguas ao narcotráfico. Traficantes de drogas, proxenetas e outros malfeitores comuns eram, pois, os seus alvos privilegiados.
A partir do 11º número de Cloak & Dagger (e já depois da saída de Leonardi), os editores da Marvel decidiram fundir o título com Doctor Strange, dando assim origem à nova série mensal Strange Tales.
Agora com enredos de Terry Austin e arte de Bret Blevins, as aventuras de Manto e Adaga continuaram na senda do sucesso por mais algum tempo, antes de as vendas entrarem em declínio. Numa tentativa de o contrariar, Austin introduziu o primeiro némesis do casal: Mister Jip, um feiticeiro perverso com uma aparência disforme.
Em 1988, Manto e Adaga protagonizaram Marvel Graphic Novel nº34, edição que assinalou a despedida de Bill Mantlo da série. Quanto a Strange Tales, seriam publicados 19 fascículos antes da Marvel deliberar o seu cancelamento. Em consequência disso, Manto & Adaga e o Dr. Estranho retomaram as suas séries independentes com periodicidade bimestral.
Agora sob o título The Mutant Misadventures of Cloak and Dagger, a série estrelada por Manto e Adaga continuava a ter enredos da autoria de Terry Austin, mas recebeu um novo desenhador, Mike Vosburg. Com Adaga a perder a visão logo no primeiro número, a forma como ela aprendeu a lidar com essa circunstância foi a pedra angular desta nova fase da dupla. Com o tempo a série foi, porém, perdendo o seu fulgor inicial, facto que acabaria por ditar o seu cancelamento ao fim de 19 edições.
Nos anos subsequentes, Manto e Adaga continuaram a fazer participações especiais nos títulos de outras personagens da Casa das Ideias, como Runaways ou na saga Maximum Carnage, na qual foram aliados do Homem-Aranha. Manto faria também uma aparição a solo na minissérie dos X-Men House of M (2005), na qualidade de membro do movimento subterrâneo de resistência humana. Já a existência de Adaga nessa realidade alternativa permanece uma incógnita, uma vez que não lhe foi feita qualquer referência no decurso da saga.
Depois de terem ensaiado um regresso à ribalta por via de uma minissérie própria lançada pela Marvel em 2008, Manto e Adaga desempenhariam, no ano seguinte, um papel de relevo na saga Utopia. Incorporado nos X-Men Sombrios de Norman Osborn, o casal recuperou alguma da notoriedade de outrora. Que poderá consolidar-se já este ano com a sua anunciada participação no redivivo título Runaways.
Supervilões fantasiados raramente surgiam nas histórias de Manto e Adaga, mais focados que estavam num combate sem tréguas ao narcotráfico. Traficantes de drogas, proxenetas e outros malfeitores comuns eram, pois, os seus alvos privilegiados.
A estreia de Manto e Adaga mereceu destaque na capa de Peter Parker, the Spectacular Spider-Man nº64 (1982). |
A partir do 11º número de Cloak & Dagger (e já depois da saída de Leonardi), os editores da Marvel decidiram fundir o título com Doctor Strange, dando assim origem à nova série mensal Strange Tales.
Agora com enredos de Terry Austin e arte de Bret Blevins, as aventuras de Manto e Adaga continuaram na senda do sucesso por mais algum tempo, antes de as vendas entrarem em declínio. Numa tentativa de o contrariar, Austin introduziu o primeiro némesis do casal: Mister Jip, um feiticeiro perverso com uma aparência disforme.
Em 1988, Manto e Adaga protagonizaram Marvel Graphic Novel nº34, edição que assinalou a despedida de Bill Mantlo da série. Quanto a Strange Tales, seriam publicados 19 fascículos antes da Marvel deliberar o seu cancelamento. Em consequência disso, Manto & Adaga e o Dr. Estranho retomaram as suas séries independentes com periodicidade bimestral.
Agora sob o título The Mutant Misadventures of Cloak and Dagger, a série estrelada por Manto e Adaga continuava a ter enredos da autoria de Terry Austin, mas recebeu um novo desenhador, Mike Vosburg. Com Adaga a perder a visão logo no primeiro número, a forma como ela aprendeu a lidar com essa circunstância foi a pedra angular desta nova fase da dupla. Com o tempo a série foi, porém, perdendo o seu fulgor inicial, facto que acabaria por ditar o seu cancelamento ao fim de 19 edições.
Há precisamente 30 anos, Manto e Adaga ganhavam a sua série própria. |
Nos anos subsequentes, Manto e Adaga continuaram a fazer participações especiais nos títulos de outras personagens da Casa das Ideias, como Runaways ou na saga Maximum Carnage, na qual foram aliados do Homem-Aranha. Manto faria também uma aparição a solo na minissérie dos X-Men House of M (2005), na qualidade de membro do movimento subterrâneo de resistência humana. Já a existência de Adaga nessa realidade alternativa permanece uma incógnita, uma vez que não lhe foi feita qualquer referência no decurso da saga.
Depois de terem ensaiado um regresso à ribalta por via de uma minissérie própria lançada pela Marvel em 2008, Manto e Adaga desempenhariam, no ano seguinte, um papel de relevo na saga Utopia. Incorporado nos X-Men Sombrios de Norman Osborn, o casal recuperou alguma da notoriedade de outrora. Que poderá consolidar-se já este ano com a sua anunciada participação no redivivo título Runaways.
O grotesco Mister Jip foi o primeiro arqui-inimigo de Manto e Adaga. |
Origem: Os caminhos de Tyrone "Ty" Johnson e Tandy Bowen cruzaram-se casualmente pela primeira vez nas ruas de Nova Iorque. Ambos adolescentes fugitivos, depressa estabeleceram uma forte cumplicidade. Tinha sido, contudo, longo o caminho que cada um deles trilhara até chegar à cidade que nunca dorme.
Com 17 anos de idade e de raízes modestas, Ty fora em tempos um promissor jogador de basquetebol no liceu onde estudava, em Boston. Cidade de onde fugiu na sequência do trágico atropelamento do seu melhor amigo que, devido à sua gaguez incapacitante, ele não conseguira evitar.
Nascida num subúrbio abastado de Cleveland, Tandy, de apenas 16 anos, era filha de uma supermodelo e sonhava vir a ser bailarina. Depois de o seu pai partir para a Índia em busca de um renascimento espiritual, a jovem sentiu-se traída e magoada. Sentimentos exacerbados pelo desafeto da sua egocêntrica mãe, sempre demasiado focada na sua carreira profissional e vida social para dar atenção à filha. Cansada da indiferença materna, Tandy resolveu deixar para trás a sua vida confortável, porém infeliz.
Partindo de pontos tão distintos, nada faria prever que as trajetórias de Tyrone e Tandy seriam convergentes. No entanto, foram essas as malhas que o Destino (ou o Desespero) teceu.
Quando perambulava sozinha pelas ruas nova-iorquinas, Tandy viu a carteira ser-lhe roubada por um
meliante. A fuga deste seria, porém, corajosamente travada por um jovem sem-abrigo que, de seguida, devolveu a carteira a Tandy. Para o recompensar pelo seu heroico ato, ela comprou comida ao rapaz. Ficando também a saber o seu nome: Tyrone (Ty para os amigos).
Nascia assim uma amizade para a vida entre dois jovens oriundos de mundos tão diferentes e, aparentemente, sem nada em comum. Os opostos parecem, porém, sentir uma irresistível atração entre eles.
Enquanto o casal vivia nas ruas, um grupo de homens desconhecidos ofereceu-lhes abrigo. Oferta que Tandy ingenuamente aceitou. Desconfiado, Ty acompanhou-a para a proteger das eventuais más intenções dos seus presumíveis benfeitores.
Confirmando-se os piores receios de Ty, os dois adolescentes foram levados à presença de Simon Marshall, um químico sem escrúpulos e com ligações ao submundo do crime. A pedido da organização terrorista Maggia, Marshall estava a desenvolver uma nova droga sintética que serviria de sucedâneo da heroína. Necessitava, porém, de testar os efeitos do narcótico em cobaias humanas. Dois sem-abrigo jovens e saudáveis seriam, pois, os candidatos perfeitos.
Com a droga a correr-lhes nas veias, Tandy e Ty sofreram violentas convulsões, mas sobreviveram à experiência com resultados inesperados. Após conseguirem escapulir-se do seu cativeiro, os dois descobriram que haviam ganho habilidades sobre-humanas.
Ty viu-se subitamente engolfado pelas trevas e fustigado por uma estranha fome, aplacada apenas pela luz irradiada pela sua companheira. Tentando disfarçar a sua sinistra aparência, Ty embrulhou-se num enorme manto negro. Sempre faminto, absorveu para o seu interior de tenebrosa escuridão alguns dos asseclas de Marshall. Ao mesmo tempo que Tandy derrubava os restantes com as suas adagas de luz.
Adotando os codinomes Manto e Adaga, o casal adolescente declarou uma guerra sem quartel ao narcotráfico, passando a atuar como vigilantes e a prestar auxílio a outros jovens fugitivos como eles.
Vários anos depois seria, contudo, revelado que toda esta série de eventos fora secretamente manipulada pelo demónio Desespero, com quem Manto mantém uma ainda não totalmente explicada conexão.
Certo é que, conforme foi referenciado na saga Ilha das Aranhas (Spider-Island), foi a interferência de Desespero que ditou a reversão dos dons que estavam destinados a Manto e Adaga. Ou seja, os poderes luminosos de Tandy pertenciam originalmente a Ty, e vice-versa.
Inversão de papéis que, de resto, se verificou no decurso do aludido arco de histórias graças à ação do vilão conhecido como Senhor Negativo, e que persiste até hoje.
Ignora-se, no entanto, até que ponto essas circunstâncias influenciaram as personalidades de Tandy e Tyrone.
Com 17 anos de idade e de raízes modestas, Ty fora em tempos um promissor jogador de basquetebol no liceu onde estudava, em Boston. Cidade de onde fugiu na sequência do trágico atropelamento do seu melhor amigo que, devido à sua gaguez incapacitante, ele não conseguira evitar.
Nascida num subúrbio abastado de Cleveland, Tandy, de apenas 16 anos, era filha de uma supermodelo e sonhava vir a ser bailarina. Depois de o seu pai partir para a Índia em busca de um renascimento espiritual, a jovem sentiu-se traída e magoada. Sentimentos exacerbados pelo desafeto da sua egocêntrica mãe, sempre demasiado focada na sua carreira profissional e vida social para dar atenção à filha. Cansada da indiferença materna, Tandy resolveu deixar para trás a sua vida confortável, porém infeliz.
Partindo de pontos tão distintos, nada faria prever que as trajetórias de Tyrone e Tandy seriam convergentes. No entanto, foram essas as malhas que o Destino (ou o Desespero) teceu.
Quando perambulava sozinha pelas ruas nova-iorquinas, Tandy viu a carteira ser-lhe roubada por um
meliante. A fuga deste seria, porém, corajosamente travada por um jovem sem-abrigo que, de seguida, devolveu a carteira a Tandy. Para o recompensar pelo seu heroico ato, ela comprou comida ao rapaz. Ficando também a saber o seu nome: Tyrone (Ty para os amigos).
Nascia assim uma amizade para a vida entre dois jovens oriundos de mundos tão diferentes e, aparentemente, sem nada em comum. Os opostos parecem, porém, sentir uma irresistível atração entre eles.
Enquanto o casal vivia nas ruas, um grupo de homens desconhecidos ofereceu-lhes abrigo. Oferta que Tandy ingenuamente aceitou. Desconfiado, Ty acompanhou-a para a proteger das eventuais más intenções dos seus presumíveis benfeitores.
Confirmando-se os piores receios de Ty, os dois adolescentes foram levados à presença de Simon Marshall, um químico sem escrúpulos e com ligações ao submundo do crime. A pedido da organização terrorista Maggia, Marshall estava a desenvolver uma nova droga sintética que serviria de sucedâneo da heroína. Necessitava, porém, de testar os efeitos do narcótico em cobaias humanas. Dois sem-abrigo jovens e saudáveis seriam, pois, os candidatos perfeitos.
Com a droga a correr-lhes nas veias, Tandy e Ty sofreram violentas convulsões, mas sobreviveram à experiência com resultados inesperados. Após conseguirem escapulir-se do seu cativeiro, os dois descobriram que haviam ganho habilidades sobre-humanas.
Manto e Adaga sobreviveram a várias provações e tiveram os seus destinos entrelaçados. |
Ty viu-se subitamente engolfado pelas trevas e fustigado por uma estranha fome, aplacada apenas pela luz irradiada pela sua companheira. Tentando disfarçar a sua sinistra aparência, Ty embrulhou-se num enorme manto negro. Sempre faminto, absorveu para o seu interior de tenebrosa escuridão alguns dos asseclas de Marshall. Ao mesmo tempo que Tandy derrubava os restantes com as suas adagas de luz.
Adotando os codinomes Manto e Adaga, o casal adolescente declarou uma guerra sem quartel ao narcotráfico, passando a atuar como vigilantes e a prestar auxílio a outros jovens fugitivos como eles.
Vários anos depois seria, contudo, revelado que toda esta série de eventos fora secretamente manipulada pelo demónio Desespero, com quem Manto mantém uma ainda não totalmente explicada conexão.
Certo é que, conforme foi referenciado na saga Ilha das Aranhas (Spider-Island), foi a interferência de Desespero que ditou a reversão dos dons que estavam destinados a Manto e Adaga. Ou seja, os poderes luminosos de Tandy pertenciam originalmente a Ty, e vice-versa.
Inversão de papéis que, de resto, se verificou no decurso do aludido arco de histórias graças à ação do vilão conhecido como Senhor Negativo, e que persiste até hoje.
Ignora-se, no entanto, até que ponto essas circunstâncias influenciaram as personalidades de Tandy e Tyrone.
Desespero, o demónio que tem manipulado as vidas de Manto e Adaga. |
Noutros media: Com diminuta expressão fora dos quadradinhos, Manto e Adaga poderão nos próximos anos notabilizar-se junto do grande público caso se concretizem os planos dos Estúdios Marvel e da Paramount Pictures para uma adaptação cinematográfica.
Outros projetos audiovisuais envolvendo as personagens, como uma série televisiva a ser produzida para o canal ABC Family e anunciada em plena San Diego Comic Con 2011, nunca saíram do papel. Por conseguinte, a única saída da sua zona de conforto mediática ocorreu quando Manto e Adaga fizeram uma participação especial na terceira temporada da série de animação Ultimate Spider-Man (em exibição desde 2012).
Outros projetos audiovisuais envolvendo as personagens, como uma série televisiva a ser produzida para o canal ABC Family e anunciada em plena San Diego Comic Con 2011, nunca saíram do papel. Por conseguinte, a única saída da sua zona de conforto mediática ocorreu quando Manto e Adaga fizeram uma participação especial na terceira temporada da série de animação Ultimate Spider-Man (em exibição desde 2012).
Manto e Adaga continuam à espera de uma oportunidade fora da BD. |
Excelente texto de personagens mal explorados.
ResponderEliminarOlá. Everaldo.
EliminarMuito obrigado pelo teu comentário. Apesar das suas inegáveis potencialidades, Manto e Adaga são personagens que nunca foram, de facto, devidamente exploradas pela Marvel. Enquanto isso não acontece, espero que este meu texto venha a servir para as dar a conhecer um pouco melhor às gerações mais recentes de leitores, para as quais, regra geral, Manto e Adaga não passam de ilustres desconhecidos.
Excelente post.
ResponderEliminarUma das origens mais trágicas do universo Marvel. A relação entre os dois sempre foi parecida com seus poderes, ou seja, conturbada e diferente. Pena que seus títulos sempre foram rapidamente cancelados. Essa dupla merecia uma nova chance após Secret Wars. Parabéns pelo post.
ResponderEliminarPelas suas características "sui generis", Manto e Adaga são personagens dotadas de um considerável potencial, dentro e fora dos quadradinhos. Acredito, por exemplo, que uma série televisiva baseada na parelha seria um produto interessante, não apenas para os fãs da Marvel, mas para o público em geral.
EliminarPelas suas características "sui generis", Manto e Adaga são personagens dotadas de um considerável potencial, dentro e fora dos quadradinhos. Acredito, por exemplo, que uma série televisiva baseada na parelha seria um produto interessante, não apenas para os fãs da Marvel, mas para o público em geral.
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