27 junho 2016

GALERIA DE VILÃS: TALIA AL GHUL




   Assassina de gabarito mundial, nas veias corre-lhe o sangue de um dos arqui-inimigos do Batman. Herói a quem salvou a vida em diversas ocasiões e com quem concebeu o mais recente Menino Prodígio. Alcunhada de Filha do Demónio, tem-se esmerado em fazer jus à sua reputação.

Criadores: Dennis O'Neil (história) e Bob Brown (esboços)
Licenciadora: Detective Comics (DC)
Primeira aparição: Detective Comics nº411 (maio de 1971)
Identidade civil: Talia al Ghul
Local de nascimento: Desconhecido
Parentes conhecidos: Ra's al Ghul (pai), Melisande (mãe falecida), Dusan al Ghul (irmão), Nyssa Raatko (meia-irmã), Damian Wayne (filho) e Bruce Wayne (ex-marido)
Afiliação: Líder da Leviatã, ex-líder da Liga de Assassinos e membro reserva da Sociedade Secreta de Supervilões
Base de operações: Móvel
Armas, poderes e habilidades: Comummente descrita como uma atleta de nível olímpico, Talia al Ghul é também uma atiradora de elite. Extraordinariamente destra no manuseamento tanto de armas de fogo como brancas, não depende contudo delas para cultivar a letalidade que faz dela uma assassina de renome mundial.
Apesar de muitas vezes subestimada pelos seus adversários, a sua proficiência numa vasta gama de artes marciais tornam-na uma exímia lutadora mano a mano.
Detentora de um quociente de inteligência muito superior à média, a sua eclética formação académica inclui pós-graduações em Biologia, Engenharia e Gestão Financeira, sendo também poliglota.
Sedutora por natureza, é dona de uma beleza exótica à qual nem o próprio Batman consegue resistir. Essa é, aliás, outras das armas a que Talia não hesita em lançar mão para cumprir os seus desígnios.
Em adição a tudo isto, teve a sua longevidade incrementada pelo uso reiterado do Poço de Lázaro, pertença do seu pai.


Talia al Ghul deu todo um novo significado
 ao conceito de femme fatale.

Histórico de publicação: Saída da imaginação do escritor Dennis O'Neil e do artista Bob Brown, não é por acaso que Talia al Ghul faz lembrar uma Bond Girl. Tanto as aventuras cinematográficas de 007 como as do Doutor Fu Manchu* serviram de inspiração ao desenvolvimento da personagem.Que fez a sua estreia em maio de 1971, nas páginas de Detective Comics nº411. Ainda que nessa sua primeira aparição a filha de R'as al Ghul seja referenciada apenas como Talia, servindo de emissária do pai, o qual  revelaria a sua presença somente no mês seguinte, em Batman Vol.1 nº232.
De então para cá, a Filha do Demónio já soma mais de duas centenas de aparições individuais em diversos títulos da DC, com especial incidência naqueles que têm o Cavaleiro das Trevas como cabeça de cartaz. Sem contar com as suas múltiplas adaptações a outros meios audiovisuais (ver Noutros media).

A Filha do Demónio aparentava ser uma donzela indefesa
na sua primeira aparição em Detective Comics nº411 (1971).
Retratada tanto como vilã como anti-heroína, Talia parece sentir-se confortável na pele de ambas. Outro papel de que nunca desdenhou foi o de interesse romântico do Batman. Com quem, ao longo dos anos, já viveu tórridos - porém efémeros - romances. De um dos quais resultaria o nascimento do filho de ambos: Damian Wayne, o quinto (e, de longe, o mais petulante) Menino Prodígio.
Tudo porque o diabólico pai de Talia, Ra's al Ghul**, mesmo sendo inimigo jurado do Homem-Morcego vê nele o sucessor perfeito para assumir as rédeas do seu vasto império criminoso. No entanto, face ao total desinteresse do herói em assumir o cargo, compete a Talia administrar os negócios paternos, apesar de não ser a sua única herdeira. Nyssa Raatko é sua meia-irmã e principal rival, mesmo no que aos afetos de Batman diz respeito.
Este pôde contar com a ajuda de Talia al Ghul em variadíssimas ocasiões. Tantas como aquelas em que teve a vida salva pela filha do seu némesis. Com efeito, a maior parte dos atos criminosos cometidos por Talia foram motivados mais pela sua lealdade ao pai do que por ganância ou malícia. Ambiguidade moral por que sempre pautou a sua conduta mas que, em encarnações mais recentes, tem vindo a diluir-se. Afirmando-se agora Talia cada vez mais como vilã e adversária do Cavaleiro das Trevas, tanto na sua qualidade de líder da Liga de Assassinos como integrada na Sociedade Secreta de Supervilões. Ou ainda como cérebro da Leviatã, organização terrorista subsidiária da Liga de Assassinos fundada para travar uma guerra sem quartel com a Corporação Batman.

* Personagem ficcional criada em 1933 pelo escritor britânico Sax Rohmer, já adaptada ao cinema.
** Perfil disponível em http://bdmarveldc.blogspot.pt/2012/08/nemesis-ras-al-ghul.html

Talia al Ghul: bela e letal como uma Bond Girl.

Biografia: Na adolescência, Talia al Ghul viajou pelo mundo na companhia do pai, o temido terrorista internacional Ra's al Ghul. Nessa jornada aprendeu com a sabedoria do seu progenitor ao mesmo tempo que se inteirava dos seus inúmeros negócios. Apesar de Ra's al Ghul considerar as mulheres inferiores aos homens - e, por conseguinte, indignas de serem suas herdeiras - Talia provou estar muito mais preparada do que o irmão para assumir o controlo do vasto império familiar.
Demonstrando uma extraordinária habilidade para administrar quer os negócios legítimos quer as atividades clandestinas do pai, Talia afirmou-se como a principal candidata à sua sucessão. Complexa e meticulosa, o seu primeiro encontro com o Batman ocorreu quando este a resgatou das garras do Dr. Darkk, o autoproclamado líder da Liga de Assassinos. Organização que, na verdade, prestava vassalagem a Ra's al Ghul, sendo Darkk um simples lacaio insubordinado. No final dessa história, a Filha do Demónio saldou o seu débito para com o Homem-Morcego salvando-lhe a vida. Sendo essa a primeira de muitas vezes que o faria no decurso dos anos.
Após Robin (Dick Grayson) ter sido raptado, Ra's al Ghul invadiu a Batcaverna, revelando assim conhecer os segredos mais íntimos da Dupla Dinâmica, inclusive as suas identidades secretas. Confrontado pelo Batman, o vilão pediu-lhe auxílio para encontrar Talia, também ela em paradeiro incerto. Presumindo haver uma ligação entre ambos os casos, o herói acedeu ao pedido e partiu com Ra's em busca de Talia e de Robin. Apenas para logo descobrir que tudo não passara de uma artimanha engendrada por Ra's para testar as capacidades do seu inimigo por quem a sua filha se perdera de amores.

Talia cresceu na sombra do seu diabólico pai.
No entanto, apesar de Batman ter passado com distinção no teste a que foi submetido, recusou desposar Talia e dessa forma herdar o legado de Ra's al Ghul. Decisão que deixou a Filha do Demónio de coração partido e  R'as profundamente desapontado.
Nos anos que se seguiram, Talia viveu dividida entre a sua lealdade ao pai e o seu amor pelo seu maior inimigo. Sentimento que, gradualmente, foi sendo correspondido pelo Cavaleiro das Trevas. Culminando com o casamento de ambos em Batman: Son of the Demon (1987). Esta foi, porém, tecnicamente, a segunda vez que os dois deram o nó, visto que, numa história anterior - datada de 1978 - eles já o haviam feito. Aconteceu em DC Special Series nº15 e foi uma das inconsistências produzidas pela reestruturação da cronologia da DC operada em Crise nas Infinitas Terras.
Em qualquer caso, dessas segundas núpcias de Batman e Talia resultou uma gravidez. Pouco tempo depois, o herói sobreviveu por um triz a um atentado que tinha por alvo a sua cara-metade. Ganhando consciência de que os dois nunca poderiam levar uma vida normal juntos, Talia simulou um aborto antes de exigir a dissolução do matrimónio.

Batman e Talia desfrutam das delícias conjugais
em Batman: Son of The Demon (1987).
Meses depois, foi entregue num orfanato um bebé dado secretamente à luz por Talia. Adotado por um casal estrangeiro , o menino foi batizado de Ibn al Xu'ffasch (literalmente, "Filho do Morcego" em árabe). Outra pista quanto à verdadeira origem da criança consistia  num colar de joias preciosas com que Batman presenteara Talia, e que esta deixou com o filho quando o abandonou à porta do orfanato, embrulhado apenas num pequeno cobertor.
Ainda no campo dos segredos familiares, em Batman: Death and the Maidens (história saída da pena de Greg Rucka em 2003), foi revelada a existência de uma meia-irmã de Talia al Ghul. Durante uma jornada pelo Império Russo no século XVIII, Ra's al Ghul envolvera-se com uma mulher de quem tivera uma filha a quem deu o nome de Nyssa. E que fora abandonada por Ra's num momento crucial: em pleno Holocausto, a rapariga foi torturada e teve toda a sua família exterminada num campo de concentração nazi. Deixada estéril depois de ter o útero queimado com ácido por um médico do campo, Nyssa jurou vingança em relação ao seu desnaturado pai.
Subentendendo-se que durante todos esses anos Nyssa terá recorrido ao Poço de Lázaro para incrementar a sua longevidade, a filha mais velha de Ra's al Ghul empregou a sua considerável fortuna e recursos para localizá-lo. Conquistando de seguida a confiança de Talia apenas com o intuito de usá-la como arma contra o pai de ambas.

Nyssa Raatko, a cruel meia-irmã de Talia al Ghul.
Capturada por Nyssa, Talia foi atrozmente torturada pela irmã. Que, não satisfeita, a matou repetidas vezes para, em seguida, a ressuscitar mergulhando o seu corpo sem vida no Poço de Lázaro. Traumatizada por esse horror indizível, Talia percebeu, ainda assim, que tudo fazia parte de mais um dos maquiavélicos planos de Ra's al Ghul, entretanto assassinado por Nyssa.
Na sequência da aparente morte do seu progenitor, as duas irmãs aceitaram finalmente a sua herança, dando continuidade aos planos genocidas de Ra's. Entronizada como a nova Cabeça do Demónio, Talia renegou o seu amor pelo Batman e, tal como Nyssa, passou a considerá-lo seu inimigo figadal.
Os destinos de Talia e do Cavaleiro das Trevas continuariam, porém, entrelaçados. Vários anos mais tarde, um segredo antigo voltaria para assombrar a Filha do Demónio e de caminho virar do avesso a vida do herói. Pese embora com muitas liberdades poéticas (e algum ultraje à mistura), em 2006 o escritor britânico Grant Morrison reinterpretou os acontecimentos narrados quase duas décadas antes em Batman: Son of the Demon. Nessa espécie de desdobramento tardio da história original a que foi atribuído o título Batman and Son, foi apresentada a biografia secreta de Damian Wayne, filho de Bruce Wayne e Talia al Ghul.

Sobrepujada em combate pelo próprio filho,
 o insolente Damian Wayne.
Gerado num útero artificial, o menino fora treinado pela Liga de Assassinos praticamente desde que deixara de gatinhar. Tendo também o seu caráter moldado pelo seu pérfido avô materno, que viu nele o tão almejado herdeiro para o seu império velho de séculos.
Apresentado pela mãe a um atónito Batman que, de um dia para o outro, se viu chamado a assumir responsabilidades parentais em relação a um filho cuja existência sequer conhecia, Damian assumiria pouco tempo depois o manto de Robin. Passando dessa forma a acolitar o pai na sua interminável cruzada contra o crime. Apesar de a relação entre ambos nem sempre ser pacífica por conta da petulância e da falta de compaixão evidenciadas pelo pequeno Damian.
Assumindo conservar memórias pouco vivídas da história original, Grant Morrison admitiu ter cometido algumas incongruências na sua revisitação da mesma. Começando pelo pormenor de, nesta nova versão da trama, Talia ter drogado Batman antes de abusar sexualmente dele. Circunstância que acrescentou ao já de si pouco recomendável currículo da Filha do Demónio o  anátema de predadora sexual.

Talia al Ghul entronizada como a nova Cabeça do Demónio.
Apontamentos:

* Malgrado a introdução de Talia al Ghul nos cânones da DC reportar ao período pré-Crise nas Infinitas Terras, a sua existência manteve-se intacta na sequência desses eventos. Alguns elementos da sua história pregressa poderão, contudo, ter sido modificados ou suprimidos na nova continuidade da Editoras das Lendas. Devendo, por conseguinte, ser considerados apócrifos;
*Desconhecem-se os contornos precisos da origem de Talia al Ghul revista no período pós-Crise. Na graphic novel Batman: Birth of the Demon (1992) é explicitado que a sua mãe seria uma beldade mestiça - descendente de árabes e chineses - , cujo caminho cruzara o de Ra's al Ghul durante o festival musical de Woodstock (1969). E que teria morrido em consequência de uma overdose pouco tempo depois de trazer Talia ao mundo. Narrativa que colide de frente com aquela que fora apresentada, cinco anos antes, em Batman: Son of the Demon. Nesta versão, a mãe de Talia é identificada como Melisande, tendo sido assassinada por um serviçal de Ra's. Em comum, o facto de ambas as histórias serem narradas na perspetiva de um adulto que se autodenomina Ibn al Xu'ffasch. Expressão árabe para Filho do Morcego, sugerindo, assim, que se trataria de um presumível descendente de Batman e Talia. Trata-se, todavia, de uma personagem não canónica que serviria de base à conceção de Damian Wayne e sua ulterior inserção na continuidade da DC.

Muito permanece ainda por esclarecer
 sobre o passado de Talia al Ghul.
Noutros media: Surgindo num meritório 42º lugar na lista dos 100 Maiores Vilões de Todos os Tempos organizada pelo site IGN, Talia al Ghul tem perfumado com o seu charme assassino muitas produções audiovisuais com a chancela da DC.
A sua estreia fora da banda desenhada verificou-se em 1992, num episódio da temporada inaugural de Batman: The Animated Series, intitulado Off Balance, e no qual contou com a voz emprestada de Helen Slater (atriz que interpretou  Supergirl no filme homónimo de 1984). Esta foi, contudo, a primeira de muitas participações suas em produções similares, tanto para o pequeno como para o grande ecrã. Assumindo papel preponderante no recente filme de animação estrelado pelo Homem-Morcego, Batman: Bad Blood. Lançada já este ano no circuito DVD, a película mostra-nos uma Talia totalmente amoral e mais perigosa do que nunca.
A mesma amoralidade e perigosidade que, em 2012, haviam caracterizado a sua versão cinematográfica em The Dark Knight Rises (O Cavaleiro das Trevas Renasce). Neste terceiro e último capítulo da trilogia de Batman dirigida por Chris Nolan, coube à atriz Marion Cotillard emprestar corpo à insidiosa filha de Ra's al Ghul que quase consegue varrer Gotham City do mapa. Ainda no campo da ação real, já este ano, a vilã fez um cameo na primeira temporada da série DC's Legends of Tomorrow, surgindo retratada ainda como uma criança.

Marion Cotillard , uma sedutora Talia al Ghul
em Cavaleiro das Trevas Renasce (2012).

1 comentário:

  1. A CNIT foi um marco da DC, mas não sei pra quê. Grant M. ainda dá uma pisada na bola. Essa Marion C. é gata!!!!!

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