Na viragem do milénio, o advento dos Filhos do Átomo ao grande ecrã foi a chave para o salto evolutivo de todo um género. Manifesto simbólico contra o preconceito social, o filme de Bryan Singer cumpriu exemplarmente o duplo desígnio de entreter e consciencializar.
Título original: X-Men
Ano: 2000
País: EUA
Duração: 104 minutos
Género: Ação / Fantasia / Super-heróis
Produção: Marvel Entertainment Group / The Donner's Company
Realização: Bryan Singer
Argumento: David Hayter, Tom DeSanto e Bryan Singer
Distribuição: 20th Century Fox
Elenco: Patrick Stewart (Charles Xavier / Professor X), Hugh Jackman (Logan / Wolverine), Ian McKellen (Eric Lehnsherr / Magneto), Halle Berry (Ororo Munroe / Tempestade), Famke Janssen (Drª. Jean Grey), James Marsden (Scott Summers / Ciclope), Bruce Davison (Senador Robert Kelly), Rebecca Romijn-Stamos (Raven Darkholme / Mística), Ray Park (Mortimer Toynbee / Sapo), Tyler Mane ( Victor Creed / Dentes-de-Sabre) e Anna Paquin (Marie D'Ancanto / Vampira)
Orçamento: 75 milhões de dólares
Receitas: 296, 3 milhões de dólares
O genoma de um clássico
Os primeiros planos para uma adaptação cinematográfica dos X-Men começaram a ser alinhavados a meio da década de 80, especificamente em 1984. Nesse ano, Roy Thomas e Gerry Conway, editores-chefes da Marvel Comics, escreveram em conjunto o argumento para um filme dos heróis mutantes criados em 1963 por Stan Lee e Jack Kirby, cuja produção deveria ter ficado a cargo da Orion Pictures. O projeto seria no entanto inviabilizado pelos graves problemas de tesouraria entretanto enfrentados pelo estúdio.
Cinco anos mais tarde, em 1989, Stan Lee e Chris Claremont encetaram negociações com a Carolco Pictures com vista à produção de uma longa-metragem baseada nos X-Men. James Cameron seria produtor executivo do filme, ficando a direção endossada a Kathryn Bigelow, que assinaria também o respetivo argumento.
Tudo parecia bem encaminhado (Angela Basset chegou a ser cogitada para o papel de Tempestade) não fosse a inesperada falência da Carolco. Em consequência da qual os direitos da película reverteram para a Marvel, ela própria em situação de pré-rutura financeira.
Em 1992, ao mesmo tempo que a Marvel procurava convencer a Columbia Pictures a adquirir os direitos de adaptação daqueles que eram então os seus mais valiosos ativos, Avi Arad produziu uma série animada dos X-Men para o canal Fox Kids. Impressionada com o enorme êxito desse projeto, a 20th Century Fox, associada à produtora Lauren Shuler Donner (esposa de Richard Donner, realizador de Superman, the Movie), assegurou os direitos das personagens em 1994.
O sucesso da primeira série animada dos X-Men foi fundamental para o lançamento do filme dos Filhos do Átomo. |
Com o vindouro filme dos X-Men em fase de pré-produção, Andrew Kevin Walker escreveu um argumento focado na rivalidade entre o Professor X e Magneto, mas também entre Wolverine e Ciclope. Na trama participariam ainda a Irmandade de Mutantes e os Sentinelas, os robôs gigantes projetados para caçar indivíduos portadores do gene X.
A este primeiro rascunho do enredo sucederam-se várias outras versões, incluindo uma da autoria de Joss Whedon, o futuro realizador de The Avengers. Robert Rodríguez, Paul W.S. Anderson e Brett Retner (que, em 2006, viria a dirigir X-Men 3: Last Stand) foram alguns dos realizadores sondados para o projeto, mas nenhum deles se mostrou disponível para capitaneá-lo.
Depois de ter dirigido com mestria o aclamado The Usual Suspects (1995), Bryan Singer pretendia aventurar-se na ficção cientifica. Sensível a essa veleidade do cineasta, a 20th Century Fox começou por oferecer-lhe a direção de Alien Resurrection mas acabaria por considerá-lo mais indicado para levar X-Men a bom porto.
Apesar de oficialmente confirmado, desde dezembro de 1996, como realizador da película dos Filhos do Átomo, em abril do ano seguinte Bryan Singer assumiu a direção de Apt Pupil, que tinha Ian McKellen como protagonista. Ainda no decurso de 1997, a Fox aprovou um orçamento de 60 milhões de dólares para X-Men e anunciou o Natal de 1998 como data oficial para a estreia do filme.
Seria no entanto apenas em finais de 1998, na sequência de uma profunda revisão do argumento de Tom DeSanto, que a Fox aprovaria o orçamento final da produção, que ascendia agora aos 75 milhões de dólares. O que só foi possível após intensas negociações entre os representantes do estúdio e Bryan Singer, com este a concordar com a remoção de certos elementos e referências extraídos do material original. Entre os quais Fera (um dos X-Men fundadores) e a Sala do Perigo (espécie de campo de treino virtual instalado na Mansão X). Se no caso do primeiro a solução passou por transferir os conhecimentos médico-científicos da personagem para Jean Grey, a ausência da segunda permitiu a Bryan Singer dar mais ênfase a cenas com maior carga dramática.
Ainda que a versão final do argumento tenha sido (re)escrita por David Hayter, Bryan Singer e Tom DeSanto foram igualmente creditados pela história transposta ao grande ecrã. Uma história, que atendendo à enorme popularidade da personagem entre os fãs, tinha, inevitavelmente, em Wolverine uma das figuras centrais.
Com efeito, tão logo as primeiras notícias e rumores acerca do desenvolvimento do filme dos X-Men começaram a circular (viviam-se ainda os primórdios da Internet), nenhum despertou tanto interesse junto dos fãs como aqueles que diziam respeito à escolha do ator para encarnar Wolverine.
Depois de Gary Sinise ter ficado bem cotado em meados dos anos 1990, Russel Crowe seria a primeira escolha de Bryan Singer para o papel. O ator neozelandês recusou mas indicou Hugh Jackman, seu amigo de longa de data. Também ele originário da Oceânia, designadamente da Austrália, Jackman era, à época, um ilustre desconhecido, circunstância que deixou Singer reticente. No entanto, por força das sucessivas "negas" dadas por atores de maior nomeada, Singer resolveu dar uma oportunidade a Jackman, que acabaria por ser contratado apenas três semanas antes do arranque das filmagens.
Incluindo diferentes localizações no Canadá, mormente Toronto, a rodagem do filme prolongou-se por um semestre, entre setembro de 1999 e março de 2000. Inicialmente prevista para o Natal desse ano, a estreia de X-Men acabaria por ser antecipada para 14 de julho de 2000, por forma a preencher uma vaga no calendário de lançamentos resultante do adiamento de Minority Report. Estavam assim lançadas as bases para uma das mais bem-sucedidas franquias da história da 7ª Arte, que perdura até hoje.
Sinopse
Depois de ter dirigido com mestria o aclamado The Usual Suspects (1995), Bryan Singer pretendia aventurar-se na ficção cientifica. Sensível a essa veleidade do cineasta, a 20th Century Fox começou por oferecer-lhe a direção de Alien Resurrection mas acabaria por considerá-lo mais indicado para levar X-Men a bom porto.
Apesar de oficialmente confirmado, desde dezembro de 1996, como realizador da película dos Filhos do Átomo, em abril do ano seguinte Bryan Singer assumiu a direção de Apt Pupil, que tinha Ian McKellen como protagonista. Ainda no decurso de 1997, a Fox aprovou um orçamento de 60 milhões de dólares para X-Men e anunciou o Natal de 1998 como data oficial para a estreia do filme.
Bryan Singer foi o realizador escolhido para dirigir X-Men. |
Arte conceptual do Fera descartada após a revisão do argumento. |
Com efeito, tão logo as primeiras notícias e rumores acerca do desenvolvimento do filme dos X-Men começaram a circular (viviam-se ainda os primórdios da Internet), nenhum despertou tanto interesse junto dos fãs como aqueles que diziam respeito à escolha do ator para encarnar Wolverine.
Depois de Gary Sinise ter ficado bem cotado em meados dos anos 1990, Russel Crowe seria a primeira escolha de Bryan Singer para o papel. O ator neozelandês recusou mas indicou Hugh Jackman, seu amigo de longa de data. Também ele originário da Oceânia, designadamente da Austrália, Jackman era, à época, um ilustre desconhecido, circunstância que deixou Singer reticente. No entanto, por força das sucessivas "negas" dadas por atores de maior nomeada, Singer resolveu dar uma oportunidade a Jackman, que acabaria por ser contratado apenas três semanas antes do arranque das filmagens.
Incluindo diferentes localizações no Canadá, mormente Toronto, a rodagem do filme prolongou-se por um semestre, entre setembro de 1999 e março de 2000. Inicialmente prevista para o Natal desse ano, a estreia de X-Men acabaria por ser antecipada para 14 de julho de 2000, por forma a preencher uma vaga no calendário de lançamentos resultante do adiamento de Minority Report. Estavam assim lançadas as bases para uma das mais bem-sucedidas franquias da história da 7ª Arte, que perdura até hoje.
X-Men guindou Hugh Jackman ao estrelato. |
Sinopse
Sob chuva torrencial, uma multidão de prisioneiros judeus arrasta-se pelo campo de concentração de Auschwitz, na Polónia ocupada. Quando o pequeno Eric Lehnsherr é separado à força dos pais, o desespero do garoto faz com que a sua habilidade mutante de gerar campos magnéticos e de controlar o metal se manifeste. A fúria de Eric cessa apenas quando um dos guardas o golpeia violentamente na cabeça com a coronha da sua espingarda.
Num futuro não muito distante, o Senador Robert Kelly pugna no Congresso dos EUA pela aprovação da Lei de Registo de Mutantes. Medida legislativa que visa compelir os Homo Superior (designação científica para mutantes) a revelarem publicamente os seus poderes e identidades.
O Senador Kelly lidera uma feroz campanha antimutante. |
A assistir de camarote ao debate travado por Kelly e a Drª. Jean Grey em pleno Congresso estão Eric Lehnsherr e Charles Xavier. Dois velhos amigos que a causa mutante atirou para lados opostos da barricada, e que atendem agora pelos nomes de Magneto e Professor X, respetivamente.
Perante a iminente aprovação da nova lei, Xavier fica apreensivo com a reação de Magneto ao que este considera ser um ato persecutório dos humanos relativamente à população mutante. Os dois trocam breves palavras nos corredores do Congresso mas ficam claras as suas divergências no que à coexistência entre as duas espécies diz respeito.
Longe dali, numa pequena cidade do Mississipi, uma adolescente chamada Marie deixa o seu namorado em coma depois de permitir que este a beijasse. Apavorada com o perigo que as suas habilidades mutantes representam para aqueles que a rodeiam, a jovem foge de casa e assume a identidade de Vampira.
Professor X e Magneto, as duas faces de uma causa. |
Na cidade canadiana de Alberta, Vampira encontra Logan, mais conhecido por Wolverine, um mutante possuidor de fator de cura acelerada e com garras metálicas retráteis nas mãos. Apesar de relutante, Wolverine acaba por consentir que Vampira o acompanhe na sua jornada através dos gélidos confins do Grande Vizinho do Norte.
A viagem de ambos é, porém, abruptamente interrompida quando sofrem uma emboscada montada por Dentes-de-Sabre, um dos apaniguados de Magneto e membro da Irmandade de Mutantes.
Com Wolverine ainda aturdido e a recuperar dos graves ferimentos sofridos, Vampira é salva pela intervenção de Ciclope e Tempestade, dois dos X-Men reunidos por Charles Xavier.
Levados para a Escola de Jovens Sobredotados instalada na mansão de Xavier, nos arrabaldes nova-iorquinos, Wolverine e Vampira travam conhecimento com os restantes X-Men e com os alunos mutantes que frequentam a instituição.
Amizade entre proscritos. |
Xavier pede a Wolverine que permaneça na escola enquanto os X-Men investigam os planos de Magneto, que parece ter um especial interesse nas capacidades do mutante canadiano. Vampira, por sua vez, é integrada numa das turmas e logo faz amizade com Bobby Drake, o Homem de Gelo.
Dias depois, o Senador Kelly é raptado por Mística e por Sapo, da Irmandade de Mutantes. Levado para o esconderijo de Magneto numa ilha não-cartografada, Kelly é usado como cobaia para testar os efeitos de uma máquina capaz de induzir mutações em seres humanos normais. Contudo, o esforço despendido por Magneto para energizar o aparato deixa-o exaurido.
Graças às suas novas habilidades mutantes, Kelly consegue evadir-se da base secreta da Irmandade de Mutantes e dá à costa numa praia apinhada de gente.
Enquanto isso, depois de ter usado os seus poderes para absorver temporariamente as capacidades regenerativas de Wolverine - que a tinha, acidentalmente, trespassado com as suas garras de adamantium - , Vampira é convencida por Bobby Drake (na verdade, Mística) de que a sua presença na Escola Xavier é indesejada, devendo partir de imediato.
Mutante de mil caras. |
Ao detetar a fuga da sua mais recente pupila, o Professor X recorre ao seu supercomputador Cérebro para localizar Vampira numa estação ferroviária a vários quilómetros da mansão e envia os X-Men para resgatá-la.Sem que ninguém se aperceba, Mística, agora disfarçada de Charles Xavier, implanta um vírus informático em Cérebro.
Adiantando-se aos seus colegas de equipa, Wolverine encontra Vampira a bordo de um comboio e convence-a a regressar com ele para a Escola Xavier. Contudo, antes que os dois possam arrepiar caminho são atacados por Magneto, que derruba Wolverine e sequestra Vampira.
Malgrado os esforços de Xavier para deter Magneto, este acaba por levar avante os seus intentos ao ameaçar matar os agentes policiais que haviam acorrido à estação de caminhos de ferro.
Quando o Senador Kelly chega à Escola Xavier à procura de ajuda para a sua nova condição, o Professor X submete-o a uma sondagem telepática. Ficando assim a conhecer o verdadeiro plano de Magneto e o funcionamento da máquina por ele construída. Ao observar o estado debilitado de Magneto após operá-la, Xavier deduz que o vilão pretende transferir os seus poderes para Vampira, usando-a como uma bateria para o seu dispositivo, o que resultará na morte da jovem.
Já depois do corpo de Kelly se ter liquefeito, Xavier recorre novamente a Cérebro para descobrir o paradeiro de Vampira, mas fica incapacitado devido à sabotagem executada por Mística. Cabendo então a Jean Grey usar os seus poderes telepáticos para se conectar ao supercomputador. Apesar da agonia que isso lhe causa, Jean consegue descobrir que Magneto instalou a sua máquina na cabeça da Estátua da Liberdade e que tenciona usá-la para transformar em mutantes os líderes mundiais reunidos numa cimeira histórica das Nações Unidas à qual Ellis Island serve de palco.
Os pupilos do Professor X. |
Ao mesmo tempo que Magneto transfere os seus poderes para Vampira, os X-Men enfrentam a Irmandade de Mutantes no interior da Estátua da Liberdade. A máquina de Magneto acaba, no entanto, destruída pelos heróis antes que os seus raios pudessem atingir o alvo.
Para salvar a vida de Vampira, Wolverine permite que ela lhe absorva o seu fator de cura, mergulhando de imediato num coma.
Já com Wolverine e Xavier restabelecidos, os X-Men descobrem que Mística escapou de Ellis Island usando o falecido Senador Kelly como disfarce. Xavier sonda telepaticamente a mente de Wolverine e fornece-lhe pistas sobre o seu passado numa instalação militar secreta numa região remota do Canadá.
Aprisionado numa cela de plástico suspensa num complexo subterrâneo, Magneto recebe a visita de Xavier. Terminada a partida de xadrez disputada por ambos, Magneto avisa o seu velho amigo que pretende recuperar a sua liberdade para liderar a revolução mutante. Ao que Xavier responde que, quando esse dia chegar, ele estará lá fora à sua espera.
Trailer
Prémios e nomeações
X-Men traduziu em prémios metade das 26 nomeações recebidas. Foi particularmente bem-sucedido nos Saturn Awards ao sair vitorioso em segmentos importantes como Melhor Filme de Ficção Científica, Melhor Realizador (Bryan Singer), Melhor Argumento (David Hayter) e Melhor Ator (Hugh Jackman). Um registo notável que faz de X-Men o filme mais galardoado da trilogia original (2000-2006), mas apenas o quinto de toda a franquia, que, recorde-se, inclui igualmente as três películas de Wolverine e as duas já realizadas de Deadpool.
Curiosidades
*Por considerar os comics um género literário menor, Bryan Singer declinou três vezes a proposta para assumir a direção da primeira longa-metragem baseada nos X-Men. Homossexual assumido, o realizador celebrizado por Os Suspeitos do Costume (1995) mudaria radicalmente de opinião após ler algumas das sagas mais marcantes dos Filhos do Átomo, às quais ficou rendido visto abordarem temas como o preconceito e a discriminação de minorias;
*Conscientes do risco de iniciarem uma franquia dispendiosa que poderia não ir além do primeiro filme, os executivos da 20th Century Fox deram luz verde a um orçamento de "apenas" 75 milhões de dólares para X-Men. Valor modesto por comparação com os mais de 100 milhões de dólares que, à época, eram alocados, em média, aos blockbusters estivais;
*Apesar de expressamente proibidas por Bryan Singer, que as considerava uma influência nociva para os atores, as revistas dos X-Men circularam clandestinamente entre o elenco do princípio ao fim das filmagens;
*Nem Patrick Stewart nem Ian McKellen sabiam jogar xadrez. Houve, por isso, a necessidade de contratar um mestre para ensinar-lhes os preceitos básicos do jogo;
Ian McKellen lê a adaptação oficial de X-Men aos quadradinhos. |
*Há muito desejado pelos fãs para o papel de Professor X, o britânico Patrick Stewart foi a única escolha de Bryan Singer e o primeiro ator a ser escalado para o filme. Isto apesar do profundo desconhecimento de Stewart acerca dos heróis mutantes criados por Stan Lee e Jack Kirby;
*O exterior de uma destilaria de Toronto fez as vezes do campo de concentração nazi que enquadra a cena de abertura do filme. Curiosamente, essa havia sido a última cena a ser gravada no Canadá;
*Desde a sua primeira aparição em 1981, Vampira (Rogue, em inglês) nunca possuíra uma identidade civil. Crismada simplesmente de Marie no filme, o seu apelido - D'Ancanto - seria revelado no capítulo seguinte da saga. Em consequência disso, à sua versão canónica seria entretanto atribuído o nome Anna Marie;
*Indiferente ao facto de Vampira ser, à data, uma personagem relativamente secundária nas histórias dos X-Men, Bryan Singer concedeu-lhe papel central na trama, devido à sua capacidade mutante para drenar as memórias, habilidades e energia vital de todos aqueles em quem toca. Misturando elementos de Jubileu e Kitty Pryde, outras jovens pupilas do Professor X na BD, a caracterização de Vampira visou convertê-la num símbolo de alienação das minorias;
*A troca de sorrisos entre um menino e Ciclope durante a cena na estação ferroviária foi totalmente improvisada. O menino era um grande fã dos X-Men, sendo Ciclope o seu favorito, razão pela qual não conseguia parar de sorrir para James Marsden. Bryan Singer gostou tanto dessa interatividade espontânea que decidiu incluir a cena no filme, em detrimento da que havia sido inicialmente planeada;
Vampira foi personagem charneira em X-Men. |
*Composta por 110 próteses personalizadas que cobriam 60% da sua área corporal, a maquilhagem de Mística demorava 9 horas a ser aplicada. Rebecca Romijn-Stamos estava, ademais, proibida de beber álcool ou viajar de avião na véspera de ser submetida ao processo de caracterização, dado o risco de ser desencadeada uma reação química de efeitos imprevisíveis. Apesar dessas interdições, no último dia de filmagens a atriz levou consigo uma garrafa de tequila, que dividiu com o restante elenco. Sucede que ainda lhe faltava gravar a cena de luta com Wolverine, durante a qual Rebecca cobriria Hugh Jackman de vómito azul;
*Tyler Mane ficou temporariamente cego devido ao uso de lentes especiais requerido para a sua caracterização como Dentes-de-Sabre;
*Tyler Mane ficou temporariamente cego devido ao uso de lentes especiais requerido para a sua caracterização como Dentes-de-Sabre;
*Conhecido pela sua ferocidade animal e pelo seu instinto assassino nos quadradinhos, no filme Wolverine não é responsável por qualquer morte;
*Reverso do sonho do Professor X de uma coexistência harmoniosa entre humanos e mutantes, a Irmandade de Mutantes de Magneto é um grupo terrorista que se bate pela supremacia do Homo Superior. Pela mão de Stan Lee e Jack Kirby, a Irmandade de Mutantes fez a sua estreia em X-Men nº4 (março de 1964), tendo como membros fundadores, além do próprio Mestre do Magnetismo, Sapo (anteriormente conhecido como Groxo, no Brasil), Mestre Mental e os gémeos Mercúrio e Feiticeira Escarlate (filhos secretos de Magneto);
*Na dupla qualidade de coautor dos Filhos do Átomo e de produtor executivo da película,, o malogrado Stan Lee fez um cameo em X-Men. É ele o homem junto a uma rulote de cachorros-quentes à entrada da praia quando o Senador Kelly emerge do oceano.
A primeira Irmandade de Mutantes. |
Veredito: 75%
Pelo seu significado e repercussão - equiparável apenas a Superman, The Movie - X-Men foi o principal responsável pelo regresso em força dos super-heróis ao grande ecrã. De onde andavam arredados há largo tempo, tanto por conta do elevado custo desse tipo de produções como pelos apocalipses de bilheteira de algumas delas, tornando-as um género menor aos olhos de Hollywood.
Através de um veículo inteligente, ágil e respeitoso à fonte, Bryan Singer conseguiu estabelecer grande identificação entre o público e as personagens do seu filme. Que transita elegantemente por temáticas tão atemporais como a amizade entre inadaptados sociais e o preconceito de que são alvo.
Singer tem, no entanto, de dividir os méritos de X-Men com David Hayter, autor de um argumento adulto, sagaz e bem trabalhado. É, com efeito, na sua sólida trama (a única original em toda a saga cinematográfica dos X-Men) que reside a mais-valia da película.
Por contraste com muitas adaptações atuais de super-heróis, que privilegiam a espetacularidade visual em prejuízo da consistência narrativa, X-Men presenteia os espectadores com uma história envolvente, repleta de dramas interpessoais, ambivalência moral e amizades nascidas do infortúnio.
A despeito da desenvoltura narrativa de Hayter, a curta duração do filme não lhe permitiu porém desenvolver satisfatoriamente todas as personagens que desfilam pelo ecrã - sendo Tempestade, remetida a um estranho mutismo, a maior vítima dessa circunstância.
O que mais empalidece X-Men quando é feita a comparação com muitas das produções atuais é a notória falta de ambição no que à grandiosidade diz respeito. O filme dececiona nas cenas de ação carentes de espetacularidade e emoção - exceção feita às que têm Mística como protagonista.
Se, mesmo analisando X-Men com a perspetiva concedida por quase uma vintena de anos, o filme se mantém apelativo do ponto de vista simbólico, o mesmo não poderá dizer-se dos seus efeitos especiais datados. Tecnicamente, X-Men não envelheceu bem, comprometendo em certa medida o toque verosímil que Singer se esforçou por imprimir-lhe.
Nada disto impede, contudo, que X-Men continue a exalar o fascínio de um clássico que criou caminho deslizante para a prosperidade do género super-heroico, que vive por estes dias (pelo menos, no cinema) a sua segunda Idade de Ouro. Se X-Men não tivesse sido produzido - ou tivesse fracassado - as adaptações de quadradinhos ao grande ecrã seriam hoje seguramente muito menos exuberantes.
X-Men escancarou as portas do futuro a todo um género. |
Deu vontade de assistir de novo o filme. Talvez num DVD mais próximo de mim.
ResponderEliminarParabéns!
esse filme foi excelente. Foi como um episódio de Star Trek. Poderes contidos, diálogos claros e personagens bem definidos
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