Terrorista sanguinária ou combatente da liberdade? Rebelde com causa ou fanática sem coração? Num mundo pintado a preto e branco mas repleto de zonas cinzentas, a mutante das mil caras é tudo isso e muito mais. Ou não fossem as suas motivações tão camaleónicas quanto a sua aparência.
Denominação original: Mystique
Licenciadora: Marvel Comics
Criadores: Dave Cockrum (conceito), Chris Claremont (história) e Jim Mooney (arte)
Estreia: Ms. Marvel nº16 (abril de 1978)
Identidade civil: Raven Darkholme
Espécie: Homo Superior (nomenclatura científica para a subespécie humana com poderes inatos, vulgarmente conhecida como mutantes)
Local de nascimento: Presumivelmente, algures na Áustria
Parentes conhecidos: Barão Christian Wagner (marido, falecido), Ralph Brickman (marido, falecido), Charles Xavier (marido), Irene Adler / Sina (companheira, falecida), Graydon Creed (filho, falecido), Kurt Wagner / Noturno (filho), Gloria Brickman (filha) e Anna Marie / Vampira (filha adotiva)
Ocupação: Terrorista internacional, mercenária, aventureira e ex-agente secreta ao serviço dos governos norte-americano e germânico.
Base operacional: À natureza clandestina das suas atividades está associada a itinerância. Nunca permanecendo muito tempo no mesmo local, já esteve sediada em latitudes e longitudes tão diversas como a Terra Selvagem, Washington D.C. ou a ilha de Alcatraz, ao largo da baía de São Francisco.
Afiliações: Ex-líder da Irmandade de Mutantes e da Força Federal, ex-membro do X-Factor, do Tentáculo e do Departamento de Defesa dos EUA, aderiu recentemente ao Clube do Inferno, embora prefira agir por conta própria.
Némesis: X-Men e qualquer inimigo declarado da raça mutante
Poderes e parafernália: Mutante metamórfica, Mística detém a incrível habilidade de induzir psionicamente a reconfiguração das suas células biológicas. Consequentemente, consegue imitar na perfeição a aparência de qualquer ser humano ou humanoide, ao ponto de replicar com precisão retinas, padrões vocais e impressões digitais. Expediente que lhe permite, entre outras coisas, ludibriar eficazmente sistemas de segurança baseados no reconhecimento dessas características únicas de cada indivíduo.
As suas transformações fisionómicas não se restringem, todavia, a matrizes orgânicas. Mística possui a não menos assombrosa capacidade de reproduzir peças de vestuário e outro tipo de acessórios fabricados a partir de diferentes materiais, como óculos, brincos ou carteiras. Uma vez que os seus poderes lhe permitem criar a indumentária mais adequada às circunstâncias, Mística nunca veste roupa verdadeira - o mesmo é dizer que, tecnicamente, anda sempre desnuda.
Apesar da provecta idade (especula-se que terá nascido há mais de um século), Mística conserva um aspeto jovem. O segredo reside no facto de os seus poderes retardarem os efeitos degenerativos do envelhecimento celular, expandindo-lhe desse modo a longevidade. Para a qual muito contribui também a sua imunidade a um amplo espectro de toxinas e venenos desenvolvida sempre que é exposta a substâncias desse tipo.
O aprimoramento dos poderes de Mística decorreu da sua exposição a níveis perigosos de radiação quando tentava salvar Sapo, seu colega de equipa na Irmandade de Mutantes. Graças às novas propriedades regenerativas adquiridas no processo, a vilã consegue agora cicatrizar muito mais depressa do que um ser humano normal, sendo também menos suscetível a doenças e infeções. O seu fator de cura não é , porém, comparável ao de outros mutantes, nomeadamente ao de Wolverine.
Ainda mais extraordinária é a sua capacidade de mudar de posição os seus órgãos vitais, por forma a sobreviver a disparos, esfaqueamentos e outros ataques potencialmente fatais. Em razão disso, a mente de Mística é virtualmente inexpugnável a intrusões telepáticas. Nem mesmo o Professor X consegue capturar-lhe a mente, ou sequer ler-lhe os pensamentos.
Especialista em operações de infiltração e sabotagem, Mística possui notáveis dotes de representação, domina como poucos as tecnologias de informação e é fluente em, pelo menos, onze línguas, entre as quais o português. É também uma brilhante estrategista e as suas competências em combate desarmado ombreiam com as da Viúva Negra.
Após quase um século a fazer-se passar por outras pessoas, Mística desenvolveu a peculiar capacidade de detetar disfarces através da leitura da linguagem corporal de quem os usa. Aprendeu também a camuflar o seu odor corporal, o que a torna irrastreável tanto para cães pisteiros como para detentores de sentidos aguçados, como Wolverine ou Dentes-de-Sabre.
Sempre que a missão o justifica, Mística utiliza um arsenal diversificado, dando primazia às armas de fogo, visto tratar-se de uma atiradora exímia. Por vezes faz-se transportar num sofisticado avião equipado com a mais avançada tecnologia furtiva e dispõe de dezenas de esconderijos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Recursos financiados pela colossal fortuna de B. Byron Biggs, um dos seus incontáveis alter egos.
Conotada com dezenas de atentados terroristas um pouco por todo o mundo e com um número indeterminado de assassinatos no currículo, Mística foi em tempos descrita por Nick Fury, ex-diretor da SHIELD, como uma ameaça à segurança internacional e uma das mulheres mais perigosas do planeta. Reputação perfeitamente merecida e que muito diverte a mutante das mil caras.
Fraquezas: Originalmente, Mística conseguia apenas imitar a aparência de outros seres humanos, não conseguindo, porém, editar o seu próprio código genético. Em virtude dessa condicionante, continua a ser-lhe de todo impossível adquirir eventuais poderes ou habilidades das pessoas em quem se transforma. Ao mimetizar, por exemplo, o seu filho Noturno, Mística não pode teleportar-se. Do mesmo modo que, antes de ter os seus poderes aprimorados, revertia à sua verdadeira forma se inconsciente.
As suas transformações fisionómicas não se restringem, todavia, a matrizes orgânicas. Mística possui a não menos assombrosa capacidade de reproduzir peças de vestuário e outro tipo de acessórios fabricados a partir de diferentes materiais, como óculos, brincos ou carteiras. Uma vez que os seus poderes lhe permitem criar a indumentária mais adequada às circunstâncias, Mística nunca veste roupa verdadeira - o mesmo é dizer que, tecnicamente, anda sempre desnuda.
Apesar da provecta idade (especula-se que terá nascido há mais de um século), Mística conserva um aspeto jovem. O segredo reside no facto de os seus poderes retardarem os efeitos degenerativos do envelhecimento celular, expandindo-lhe desse modo a longevidade. Para a qual muito contribui também a sua imunidade a um amplo espectro de toxinas e venenos desenvolvida sempre que é exposta a substâncias desse tipo.
O aprimoramento dos poderes de Mística decorreu da sua exposição a níveis perigosos de radiação quando tentava salvar Sapo, seu colega de equipa na Irmandade de Mutantes. Graças às novas propriedades regenerativas adquiridas no processo, a vilã consegue agora cicatrizar muito mais depressa do que um ser humano normal, sendo também menos suscetível a doenças e infeções. O seu fator de cura não é , porém, comparável ao de outros mutantes, nomeadamente ao de Wolverine.
Ainda mais extraordinária é a sua capacidade de mudar de posição os seus órgãos vitais, por forma a sobreviver a disparos, esfaqueamentos e outros ataques potencialmente fatais. Em razão disso, a mente de Mística é virtualmente inexpugnável a intrusões telepáticas. Nem mesmo o Professor X consegue capturar-lhe a mente, ou sequer ler-lhe os pensamentos.
Bela e perigosa, Mística é uma assassina de classe mundial. |
Após quase um século a fazer-se passar por outras pessoas, Mística desenvolveu a peculiar capacidade de detetar disfarces através da leitura da linguagem corporal de quem os usa. Aprendeu também a camuflar o seu odor corporal, o que a torna irrastreável tanto para cães pisteiros como para detentores de sentidos aguçados, como Wolverine ou Dentes-de-Sabre.
Sempre que a missão o justifica, Mística utiliza um arsenal diversificado, dando primazia às armas de fogo, visto tratar-se de uma atiradora exímia. Por vezes faz-se transportar num sofisticado avião equipado com a mais avançada tecnologia furtiva e dispõe de dezenas de esconderijos espalhados pelos quatro cantos do mundo. Recursos financiados pela colossal fortuna de B. Byron Biggs, um dos seus incontáveis alter egos.
Conotada com dezenas de atentados terroristas um pouco por todo o mundo e com um número indeterminado de assassinatos no currículo, Mística foi em tempos descrita por Nick Fury, ex-diretor da SHIELD, como uma ameaça à segurança internacional e uma das mulheres mais perigosas do planeta. Reputação perfeitamente merecida e que muito diverte a mutante das mil caras.
Fraquezas: Originalmente, Mística conseguia apenas imitar a aparência de outros seres humanos, não conseguindo, porém, editar o seu próprio código genético. Em virtude dessa condicionante, continua a ser-lhe de todo impossível adquirir eventuais poderes ou habilidades das pessoas em quem se transforma. Ao mimetizar, por exemplo, o seu filho Noturno, Mística não pode teleportar-se. Do mesmo modo que, antes de ter os seus poderes aprimorados, revertia à sua verdadeira forma se inconsciente.
Outra limitação aos formidáveis poderes de Mística decorre da sua incapacidade de reajustar a própria massa corporal. Qualquer transformação em pessoas de maior estatura física requer da sua parte um enorme esforço. Quanto maior for a diferença de peso e de altura em relação ao indivíduo replicado maior será a dificuldade de Mística em manter a forma assumida.
Por outro lado, as constantes alterações fisionómicas de Mística afetam subtilmente o seu tecido cerebral sob a forma de esquizofrenia. Distúrbio mental que imprime volatilidade à sua personalidade, tornando-a imprevisível e, por vezes, errática na sua tomada de decisões.
Rapsódia azul
Principalmente como antagonista - embora, também, como ocasional aliada -, Mística é uma velha conhecida dos X-Men. Foi, no entanto, nas histórias de uma outra ilustre moradora da Casa das Ideias que fez a sua estreia.
Tudo começou quando o artista Dave Cockrum mostrou a Chris Claremont - com quem trabalhara em Uncanny X-Men - os esboços da sua nova personagem: uma escultural transmorfa de pele azulada. Claremont batizou-a de Mística e, com o beneplácito do colega, introduziu-a como vilã da Miss Marvel (Carol Danvers, atualmente conhecida como Capitã Marvel). Com Mística a apresentar as suas credenciais em Ms. Marvel nº16, edição datada de maio de 1978.
No entanto, nesta sua primeira aparição, Mística não exibia a sua verdadeira forma, uma vez que operava sob disfarce. Isso só aconteceria dois meses depois, em Ms. Marvel nº18, com ambas as histórias a serem desenhadas por Jim Mooney, que acabou assim creditado como coautor da personagem.
Nos seus primórdios, Mística nutria um profundo rancor pela Miss Marvel, pese embora a origem desse sentimento não tenha sido devidamente explicitada. A série da heroína foi cancelada antes que as reais motivações da sua inimiga fossem conhecidas.
Chris Claremont revelaria mais tarde que a ideia era ligar Miss Marvel a uma perturbadora visão de Sina (mutante precognitiva íntima de Mística) em relação ao futuro. Um futuro no qual a heroína causaria grande sofrimento a Vampira, a filha adotiva de Mística. Levando dessa forma a vilã a procurar por todos os meios impedir a concretização da profecia.
Ironicamente, as ações de Mística tiveram como consequência, anos mais tarde, a absorção dos poderes da Miss Marvel por parte de Vampira. O que, efetivamente, causou grande sofrimento emocional à jovem e ditaria o afastamento de mãe e filha. Com ambas a demonstrarem desde então sentimentos contraditórios em relação uma à outra.
Claremont revelaria ainda que pretendia estabelecer Mística e Sina como pais biológicos do X-Man Noturno (com a primeira a transformar-se em homem para o ato de conceção). Proposta prontamente vetada pela Marvel, ao abrigo do rígido regulamento moral imposto pela Comics Code Authority. Que, entre outros constrangimentos, à época proibia o uso de personagens declaradamente homossexuais ou bissexuais. Por conseguinte, só muito tempo depois Mística passaria a ser explicitamente retratada como fazendo parte desta segunda categoria, vivendo maritalmente com Sina até à morte desta.
Mas quem é, afinal, Raven Darkholme, essa rapsódia em tons de azul que adotou Mística como nome de guerra?
Apesar dos vários exercícios de continuidade retroativa realizados ao longo dos anos, o passado de Mística permanece envolto na obscuridade, fazendo dela um enigma tão fascinante quanto indecifrável.
Uma vez que não é conhecida a sua filiação, ignora-se se Mística terá sido concebida por humanos, mutantes ou uma mistura de ambos. Outra incógnita é a sua data de nascimento, embora se presuma que terá vindo ao mundo cerca de cem anos atrás - provavelmente, numa qualquer localidade austríaca. Nada se sabe também acerca da sua infância, exceto que os seus poderes terão despontado por volta dos doze anos de idade.
Numa das suas primeiras missões sob disfarce no estrangeiro, no auge da Guerra Fria, Mística teve um brevíssimo affair com Victor Creed, o assassino mutante conhecido como Dentes-de-Sabre. Uma relação que teria sido inconsequente para ambos se dela não tivesse resultado um filho. Para perplexidade e desgosto de Mística, o seu bebé nasceu humano. O que a levou a dá-lo para adoção tão logo se restabeleceu do parto. O nome do menino era Graydon Creed.
Ao descobrir a verdade sobre o seu passado, Graydon passou a odiar os mutantes. Já adulto, lançaria uma feroz campanha política contra eles antes de ser assassinado por uma versão futura da própria mãe.
Antes desses eventos, Mística foi casada com o Barão Christian Wagner, um influente membro da aristocracia germânica, e daria à luz um segundo filho. Kurt Wagner foi fruto da relação extraconjugal mantida pela sua mãe com o demónio Azazel, tendo por isso nascido com a aparência de um demónio de olhos amarelos e pele azulada. Prestes a ser linchada pelos aldeões, e já depois de ter assassinado o marido na vã tentativa de encobrir a sua infidelidade, Mística atirou o bebé ao rio. O pequeno Kurt seria, no entanto, resgatado por uma cigana que o perfilharia. Só muitos anos mais tarde ficaria a conhecer a identidade da sua verdadeira mãe, com quem continua a manter uma relação distante.
Ao lado de Sina, o grande amor da sua vida, Mística encontraria relativa estabilidade emocional, sem nunca renunciar à sua luta pela libertação dos mutantes, que considerava oprimidos pela Humanidade. Do desejo da parelha de constituir família resultou a adoção de Vampira, uma jovem proscrita nascida com a habilidade de absorver poderes e memórias alheios.
Foi também nessa fase da sua vida que Mística fundou e liderou a terceira encarnação da Irmandade de Mutantes, organização terrorista que se batia pela supremacia dos Homo Superior. Após o atentado falhado contra o Senador Robert Kelly orquestrado pelo grupo, o sentimento antimutante exacerbou-se ainda mais entre a população humana. Levando o Governo norte-americano a criar uma força-tarefa especial para dar caça a mutantes fora da lei.
Temendo pela vida, Mística e alguns dos seus apaniguados da Irmandade de Mutantes aceitaram integrar a Força Federal (Freedom Force, no original), a troco de um indulto presidencial para os seus muitos crimes passados. Quando a Força Federal foi dissolvida e substituída pelo X-Factor, Mística colaborou brevemente com o grupo.
Mas depressa voltaria a trilhar o seu próprio caminho. Sempre com os inimigos da sua espécie na mira e com uma guerra racial no horizonte. Uma guerra que estava convicta que poderia apenas ter como desfecho a vitória dos Homo Superior. Mas que também em vários momentos ajudou a evitar. Chegando assim ao presente enleada nas agrugras e doçuras desse infindável túnel de contradições que é a sua vida.
Miscelânea
Por outro lado, as constantes alterações fisionómicas de Mística afetam subtilmente o seu tecido cerebral sob a forma de esquizofrenia. Distúrbio mental que imprime volatilidade à sua personalidade, tornando-a imprevisível e, por vezes, errática na sua tomada de decisões.
Camaleão humano. |
Principalmente como antagonista - embora, também, como ocasional aliada -, Mística é uma velha conhecida dos X-Men. Foi, no entanto, nas histórias de uma outra ilustre moradora da Casa das Ideias que fez a sua estreia.
Tudo começou quando o artista Dave Cockrum mostrou a Chris Claremont - com quem trabalhara em Uncanny X-Men - os esboços da sua nova personagem: uma escultural transmorfa de pele azulada. Claremont batizou-a de Mística e, com o beneplácito do colega, introduziu-a como vilã da Miss Marvel (Carol Danvers, atualmente conhecida como Capitã Marvel). Com Mística a apresentar as suas credenciais em Ms. Marvel nº16, edição datada de maio de 1978.
No entanto, nesta sua primeira aparição, Mística não exibia a sua verdadeira forma, uma vez que operava sob disfarce. Isso só aconteceria dois meses depois, em Ms. Marvel nº18, com ambas as histórias a serem desenhadas por Jim Mooney, que acabou assim creditado como coautor da personagem.
Nos seus primórdios, Mística nutria um profundo rancor pela Miss Marvel, pese embora a origem desse sentimento não tenha sido devidamente explicitada. A série da heroína foi cancelada antes que as reais motivações da sua inimiga fossem conhecidas.
Chris Claremont revelaria mais tarde que a ideia era ligar Miss Marvel a uma perturbadora visão de Sina (mutante precognitiva íntima de Mística) em relação ao futuro. Um futuro no qual a heroína causaria grande sofrimento a Vampira, a filha adotiva de Mística. Levando dessa forma a vilã a procurar por todos os meios impedir a concretização da profecia.
Foi nesta edição de Ms. Marvel que Mística fez a sua estreia. |
Mística revela enfim a sua verdadeira forma mas não as razões do seu ódio pela Miss Marvel. |
Ironicamente, as ações de Mística tiveram como consequência, anos mais tarde, a absorção dos poderes da Miss Marvel por parte de Vampira. O que, efetivamente, causou grande sofrimento emocional à jovem e ditaria o afastamento de mãe e filha. Com ambas a demonstrarem desde então sentimentos contraditórios em relação uma à outra.
Claremont revelaria ainda que pretendia estabelecer Mística e Sina como pais biológicos do X-Man Noturno (com a primeira a transformar-se em homem para o ato de conceção). Proposta prontamente vetada pela Marvel, ao abrigo do rígido regulamento moral imposto pela Comics Code Authority. Que, entre outros constrangimentos, à época proibia o uso de personagens declaradamente homossexuais ou bissexuais. Por conseguinte, só muito tempo depois Mística passaria a ser explicitamente retratada como fazendo parte desta segunda categoria, vivendo maritalmente com Sina até à morte desta.
Mas quem é, afinal, Raven Darkholme, essa rapsódia em tons de azul que adotou Mística como nome de guerra?
Apesar dos vários exercícios de continuidade retroativa realizados ao longo dos anos, o passado de Mística permanece envolto na obscuridade, fazendo dela um enigma tão fascinante quanto indecifrável.
Uma vez que não é conhecida a sua filiação, ignora-se se Mística terá sido concebida por humanos, mutantes ou uma mistura de ambos. Outra incógnita é a sua data de nascimento, embora se presuma que terá vindo ao mundo cerca de cem anos atrás - provavelmente, numa qualquer localidade austríaca. Nada se sabe também acerca da sua infância, exceto que os seus poderes terão despontado por volta dos doze anos de idade.
Numa das suas primeiras missões sob disfarce no estrangeiro, no auge da Guerra Fria, Mística teve um brevíssimo affair com Victor Creed, o assassino mutante conhecido como Dentes-de-Sabre. Uma relação que teria sido inconsequente para ambos se dela não tivesse resultado um filho. Para perplexidade e desgosto de Mística, o seu bebé nasceu humano. O que a levou a dá-lo para adoção tão logo se restabeleceu do parto. O nome do menino era Graydon Creed.
Ao descobrir a verdade sobre o seu passado, Graydon passou a odiar os mutantes. Já adulto, lançaria uma feroz campanha política contra eles antes de ser assassinado por uma versão futura da própria mãe.
Graydon Creed num comício antimutante. |
Ao lado de Sina, o grande amor da sua vida, Mística encontraria relativa estabilidade emocional, sem nunca renunciar à sua luta pela libertação dos mutantes, que considerava oprimidos pela Humanidade. Do desejo da parelha de constituir família resultou a adoção de Vampira, uma jovem proscrita nascida com a habilidade de absorver poderes e memórias alheios.
Foi também nessa fase da sua vida que Mística fundou e liderou a terceira encarnação da Irmandade de Mutantes, organização terrorista que se batia pela supremacia dos Homo Superior. Após o atentado falhado contra o Senador Robert Kelly orquestrado pelo grupo, o sentimento antimutante exacerbou-se ainda mais entre a população humana. Levando o Governo norte-americano a criar uma força-tarefa especial para dar caça a mutantes fora da lei.
Temendo pela vida, Mística e alguns dos seus apaniguados da Irmandade de Mutantes aceitaram integrar a Força Federal (Freedom Force, no original), a troco de um indulto presidencial para os seus muitos crimes passados. Quando a Força Federal foi dissolvida e substituída pelo X-Factor, Mística colaborou brevemente com o grupo.
Mas depressa voltaria a trilhar o seu próprio caminho. Sempre com os inimigos da sua espécie na mira e com uma guerra racial no horizonte. Uma guerra que estava convicta que poderia apenas ter como desfecho a vitória dos Homo Superior. Mas que também em vários momentos ajudou a evitar. Chegando assim ao presente enleada nas agrugras e doçuras desse infindável túnel de contradições que é a sua vida.
Mística à frente da sua Irmandade de Mutantes, da qual também fazia parte Sina, sua amante e companheira de longa data. |
*Diferente do que vem sendo mostrado no cinema (e, também, em algumas séries animadas dos X-Men), Mística não é o braço-direito de Magneto na Irmandade de Mutantes. Na banda desenhada rareiam, com efeito, os encontros entre ambos, conhecendo-se por isso apenas de raspão. Acresce ainda o facto de Mística ser dona de uma personalidade muito forte e independente, nada compatível com funções subalternas;
*Mística não suporta a própria aparência, pelo que evita sempre observar o seu reflexo no espelho. Assume, porém, com alguma frequência a sua verdadeira forma antes de iniciar duelos. Presume-se que este subterfúgio objetivará surpreender e confundir os seus adversários;
*Apesar de não lhe agradar tirar a vida a outros membros da sua espécie, fá-lo-á sem pestanejar se os considerar irremediavelmente perdidos para a causa mutante ou se estiverem a trabalhar para o inimigo;
*Desconhecendo-se a sua exata data de nascimento, supõe-se que Mística terá vindo ao mundo em setembro de um qualquer ano no dealbar do século XX. Quando, certa vez, foi presenteada com um colar de safiras (pedra preciosa tradicionalmente associada a quem nasce em setembro), Mística perguntou ao seu benfeitor como sabia o seu mês de nascimento;
*Num exercício de continuidade retroativa influenciado pela proximidade existente entre as versões cinematográficas das duas personagens, num passado recente o escritor Brian Michael Bendis alterou drasticamente a relação entre Mística e o Professor Xavier no universo canónico dos X-Men. Algum tempo após a morte do seu mentor, os Filhos do Átomo ficaram em choque com a última vontade inscrita no testamento de Xavier: que todo o seu património revertesse a favor da sua esposa (ninguém menos do que Mística). Um casamento de que nenhum dos cônjuges teria, aparentemente, conhecimento, e que terá resultado da ação de um misterioso viajante do tempo;
*Reflexo da notoriedade alcançada por via da sua participação na franquia cinematográfica dos X-Men iniciada na viragem do século, desde 2009 que Mística ocupa a 18ª posição na lista dos cem melhores vilões de todos os tempos organizada pelo site IGN. À frente, por exemplo, de grandes expoentes de malignidade como Thanos (também da Marvel) ou General Zod, da rival DC. Mística é também considerada uma das personagens femininas mais sensuais dos quadradinhos, o que explica em boa medida o seu sucesso dentro e fora deles.
Noutros media
Mutante das mil caras. |
Noutros media
Fora dos quadradinhos, Mística começou por ser antagonista recorrente dos pupilos do Professor Xavier em X-Men: Animated Series, no ar entre 1992 e 1997. Nesta sua primeira versão animada, a vilã comandava a Irmandade de Mutantes e agia frequentemente em conluio com o Senhor Sinistro, Magneto e Apocalipse. Caracterização que conheceria ligeiras nuances em produções subsequentes. Em Wolverine and the X-Men, por exemplo, Mística mantinha um relacionamento amoroso com Logan ao mesmo tempo que conspirava com o Mestre do Magnetismo contra a Humanidade.
Mística em X-Men: Animated Series. |
Apesar da sua versatilidade, o futuro de Mística no grande ecrã é incerto, dado o cansaço já manifestado por Lawrence relativamente às exigências do papel, designadamente as longas horas despendidas com a respetiva caracterização.
Mesmo que venha a confirmar-se a saída de Jennifer Lawrence, isso em nada comprometeria a participação de Mística numa franquia onde vem sendo figura-chave. Dada a multiplicidade de formas assumidas pela mutante das mil caras, qualquer outra atriz poderia ser escalada para o papel. Certo é que Mística regressará ao grande ecrã já no próximo mês de junho, quando Dark Phoenix chegar às salas de cinema norte-americanas.
Jennifer Lawrence (esq.) e Rebecca Romijn encarnaram Mística no cinema. |
Adorei o texto! Fiquei conhecendo mais sobre Mística. Alguma dupla na Marvel poderia engendrar uma origem para a personagem, concordas?
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