Vidas orgânicas nada significam para o Colecionador de Mundos de mente computorizada e alma digital. Mais próximo da transcendência a cada metamorfose, almeja o conhecimento absoluto e a destruição do Último Filho de Krypton.
Denominação original: Brainiac
Editora: DC
Criadores: Otto Binder (história) e Al Plastino (arte conceptual)
Estreia: Action Comics Vol.1 #242 (julho de 1958)
Identidade civil: Vril Dox
Espécie: Androide Coluano
Local de nascimento: Planeta Colu
Parentes conhecidos: Computadores Tiranos de Colu (criadores); Vril Dox 2 / Brainiac 2 (filho adotivo); Lyril Dox / Brainiac 3 (neto); Kajz Dox / Brainiac 4 (descendente); Querl Dox / Brainiac 5 (descendente do século XXX).
Ocupação: Cientista, conquistador galáctico e colecionador de mundos.
Base operacional: Itinerante. A demanda por novas relíquias antropológicas para a sua coleção compele-o a andar em permanente digressão pelo Universo a bordo da sua Nave Caveira.
Afiliações: Apesar da sua natureza solipsista e de preferir rodear-se de tecnologia e servos robóticos, é aliado recorrente de Lex Luthor. Em tempos integrou também contingentes vilanescos sediados no nosso planeta, como a Legião do Mal e a Anti-Liga da Justiça.
Némesis: Super-Homem
Poderes e parafernália: Apetrechado com uma inteligência de nível 12 (duas vezes superior à humana), Brainiac é comummente considerado um dos maiores expoentes de sapiência universal. A sua mente computorizada permite-lhe, entre muitas outras coisas, armazenar e processar quantidades quase infinitas de informação nos seus bancos de dados.
Brainiac possui também conhecimentos avançados em Engenharia Mecânica, Bioengenharia, Física e numa panóplia de outras ciências teóricas e aplicadas. Competências que possibilitaram a invenção de campos de força virtualmente impenetráveis, mísseis que convertem estrelas em supernovas e, claro, o seu infame raio de encolhimento capaz de reduzir metrópoles (ou até planetas) a maquetas vivas.
Graças aos seus formidáveis poderes mentais (reforçados no pós-Crise com telepatia e telecinésia), Brainiac consegue transferir a sua consciência digital para outras máquinas ou recetáculos orgânicos; criar e manipular sistemas informáticos; produzir réplicas de si mesmo e até viajar no tempo.
Apesar do vastíssimo arsenal que tem ao seu dispor, é na sua Nave Caveira que o Colecionador de Mundos tem a sua arma mais intimidante e mortífera. Projetado para viajar através do hiperespaço, o gigantesco veículo encontra-se equipado com escudos defletores, poderosos tentáculos metálicos e um sistema de mísseis fotónicos inteligentes com elevado potencial destrutivo.
Devido à relação simbiótica com o seu criador, a nave já por diversas vezes reconstruiu o corpo danificado de Brainiac. A bordo dela, o último dos coluanos adquire capacidades físicas que lhe permitem bater-se de igual para igual com o Homem de Aço - ou até com o poder combinado da Liga da Justiça. Apesar de proficiente em todas as artes marciais conhecidas no Universo, Brainiac considera o combate corpo a corpo uma expressão de mentes primitivas, pelo que só muito raramente recorre a ele para subjugar os seus adversários. Sobretudo porque tem às suas ordens um exército de milhares de sondas robóticas que usa como força avançada nas suas incursões planetárias.
Originalmente, porém, Brainiac era um simples cientista sem superpoderes que, tal como Lex Luthor, dependia do seu intelecto e da sua tecnologia para cumprir os seus perversos desígnios. Fruto das suas sucessivas metamorfoses, evoluiu para uma máquina desapiedada que extinguiu e assimilou milhares de civilizações, tornando-se assim o maior genocida galáctico e um dos seres mais temidos no Universo conhecido.
Fraquezas: A despeito dos inúmeros incrementos cibernéticos e da sua mente computorizada, Brainiac possui um conjunto de vulnerabilidades transversais a todas as suas versões. A principal decorre do seu vínculo telepático com a Nave Caveira. Da interrupção abrupta dessa interface decorre, quase sempre, a desabilitação do sistema operativo do vilão. De igual modo, a prolongada separação física de ambos tem como efeito tangível a acelerada deterioração do corpo robótico do último dos coluanos.
Brainiac possui também conhecimentos avançados em Engenharia Mecânica, Bioengenharia, Física e numa panóplia de outras ciências teóricas e aplicadas. Competências que possibilitaram a invenção de campos de força virtualmente impenetráveis, mísseis que convertem estrelas em supernovas e, claro, o seu infame raio de encolhimento capaz de reduzir metrópoles (ou até planetas) a maquetas vivas.
Graças aos seus formidáveis poderes mentais (reforçados no pós-Crise com telepatia e telecinésia), Brainiac consegue transferir a sua consciência digital para outras máquinas ou recetáculos orgânicos; criar e manipular sistemas informáticos; produzir réplicas de si mesmo e até viajar no tempo.
Apesar do vastíssimo arsenal que tem ao seu dispor, é na sua Nave Caveira que o Colecionador de Mundos tem a sua arma mais intimidante e mortífera. Projetado para viajar através do hiperespaço, o gigantesco veículo encontra-se equipado com escudos defletores, poderosos tentáculos metálicos e um sistema de mísseis fotónicos inteligentes com elevado potencial destrutivo.
Um dos modelos mais recentes da Nave Caveira. |
Originalmente, porém, Brainiac era um simples cientista sem superpoderes que, tal como Lex Luthor, dependia do seu intelecto e da sua tecnologia para cumprir os seus perversos desígnios. Fruto das suas sucessivas metamorfoses, evoluiu para uma máquina desapiedada que extinguiu e assimilou milhares de civilizações, tornando-se assim o maior genocida galáctico e um dos seres mais temidos no Universo conhecido.
Mano a mano sem vencedor anunciado. |
Devido à sua personalidade obsessiva (ver Psicopata Robótico), Brainiac tem uma necessidade pungente de controlo e poder em qualquer contexto. Quando isso não se verifica, torna-se extremamente volátil, circunstância que o compele a cometer erros que muitas vezes comprometem irremediavelmente os seus planos.
Nas raras ocasiões em que Brainiac colabora com outros seres que não se encontram sob seu controlo mental, ele domina-os pelo medo e, à primeira oportunidade, atraiçoá-los-á sem hesitações ou remorsos. Esta ausência de empatia acaba sempre por voltar-se contra ele. Especialmente quando isso provoca represálias por parte de ex-aliados poderosos como Lex Luthor.
No passado, a misofobia (aversão patológica a germes e outros agentes contaminantes) era outro dos calcanhares de Aquiles de Brainiac. Num dos seus primeiros recontros com o Homem de Aço, o vilão teve os seus sentidos sobrecarregados quando foi forçado a penetrar na atmosfera terrestre. Essa suscetibilidade ao nosso meio ambiente foi, contudo, suprimida por uma das suas cíclicas reconfigurações sistémicas.
Deus Ex Machina
Apesar de a sua autoria ter sido creditada a Otto Binder e Al Plastino, Brainiac foi decalcado de um conceito preexistente. A sua aparência e motivações são em tudo idênticas às de Romado, criminoso alienígena introduzido poucos meses antes nas tiras diárias do Super-Homem. Os dois tinham até um macaco branco chamado Koko como mascote comum.
Originário de um planeta não identificado, Romado - invocando uma versão extraterrestre de Lex Luthor - era um cientista calvo e de pele esverdeada que viajava pelo Cosmos à procura de novas aquisições para a sua coleção de cidades engarrafadas. Coleção que tinha como maior tesouro Dur-El-Va, uma magnífica metrópole kryptoniana abduzida pouco tempo antes da implosão do mundo natal do Homem de Aço.
À época editor dos títulos do Super-Homem, Mort Weisinger tinha como prática consagrada usar as tiras do herói para testar protótipos de personagens e conceitos que tencionava inserir na mitologia oficial. Antes de Brainiac, também Bizarro, por exemplo, fora sujeito ao mesmo tirocínio. Dur-El-Va, por seu turno, seria renomeada Kandor ao ser transplantada para o cânone.
Embora se desconheçam as razões para o rebatismo de Romado, Brainiac resultou da junção das palavras inglesas "brain" (cérebro) e "maniac" (maníaco). Ao que parece, ninguém na DC sabia porém que o nome já existia.
Escassos meses antes da estreia de Brainiac em Action Comics #242 (julho de 1958), Edmund Berkeley, pioneiro da Computação, havia patenteado o seu segundo "computador doméstico". Herdeiro direto do Geniac (lançado em 1955), Brainiac era descrito pelo seu criador como um "cérebro eletrónico". Designação sofisticada para um aparato rudimentar apetrechado com botões reconfiguráveis que lhe permitiam executar operações simples como jogar ao Jogo do Galo. Não obstante, esse tosco antepassado dos computadores modernos - cujo preço unitário rondava os 20 dólares - fez furor entre o público infantil.
Em resposta às reclamações de Berkeley, a DC cuidou de arranjar uma solução airosa para o problema: em Superman #167 (fevereiro de 1964), Brainiac teve a sua origem revista, sendo transformado num computador vivo. Nessa mesma edição, a DC emitiu uma nota esclarecendo que o nome do vilão era uma homenagem à invenção de Berkeley. Que, seguramente grato pelo reconhecimento e pela publicidade gratuita, deu o assunto por encerrado.
Apesar de, com o tempo, ter granjeado o estatuto de arqui-inimigo do Super-Homem, inicialmente Brainiac funcionava mais como recurso narrativo, espécie de Deus Ex Machina nas mirabolantes tramas da Idade de Prata. Agindo quase sempre nos bastidores, o vilão impunha sucessivas provações ao herói, entrando em cena apenas ao cair do pano.
Numa dessas histórias clássicas, o Homem de Aço logrou resgatar Kandor da nave de Brainiac e guardá-la em segurança na sua Fortaleza da Solidão. Façanha que lhe renderia o ódio perpétuo do Colecionador de Mundos, cujas reais motivações seriam conhecidas apenas em Superboy #106 (julho de 1963).
Na história em questão, Brainiac revelava ser nativo do planeta Bryak, cuja população fora dizimada por uma misteriosa pandemia. O seu plano consistia, desse modo, em abduzir habitantes de outros mundos, com recurso ao seu raio encolhedor, objetivando o repovoamento de Bryak. Resultando óbvia a sua aspiração a tornar-se governante absoluto da nova sociedade.
Na sequência da já citada revisão da sua origem, Brainiac seria apresentado como uma inteligência artificial alojada num corpo robótico fabricado pelos Computadores Tiranos de Colu (a nova designação do seu mundo natal) e investido da missão de espiar outros mundos passíveis de serem invadidos. De caminho foi também explicado que o conjunto de diodos que lhe adornavam o crânio eram, afinal, terminais elétricos dos seus circuitos internos.
Para justificar a existência de Brainiac 5, o seu descendente do século XXX admitido nas fileiras da Legião dos Super-Heróis, a história acrescentava que os Computadores Tiranos haviam providenciado um assistente a Brainiac. Tratava-se de um adolescente coluano chamado Vril Dox - vulgo Brainiac 2 - que se faria passar por filho adotivo do vilão. A ideia era disfarçar a sua natureza robótica, projetando a imagem de um simples cientista e pai de família como forma de conquistar a confiança dos seus alvos.
Após a assunção da natureza robótica de Brainiac, era frequente as histórias que o tinham como interveniente culminarem com a sua aparente destruição. Apenas para ressurgir ao fim de algum tempo com o seu corpo reconstruído e ainda mais obstinado. Por ser, em última análise, um programa informático senciente que poderia ser facilmente instalado noutras máquinas, Brainiac era por vezes anunciado como "o vilão imortal".
Imortal ou não, ao longo dos anos Brainiac provou ser um dos mais formidáveis adversários do Super-Homem. Especialmente quando agia em conluio com Lex Luthor, o único intelecto terrestre que considera à altura do seu e cujo ódio pelo Super-Homem é igualmente profundo.
Em 1983, Brainiac sofreria uma das suas mais radicais transformações. Numa fase assinada por Marv Wolfman e Gil Kane, a tradicional forma humanoide do vilão seria substituída por um tétrico esqueleto metálico. Mais implacável do que nunca, essa encarnação do Colecionador de Mundos fez a sua derradeira aparição em O que aconteceu ao Homem de Aço? e continua a ser a preferida de muitos fãs da velha guarda.
No rescaldo da Crise nas Infinitas Terras, a origem de Brainiac seria totalmente reescrita por John Byrne. Vril Dox era agora um cientista radical coluano disposto a tudo para libertar o seu mundo do jugo dos Computadores Tiranos. Sentenciado à morte, conseguiu no último instante transferir a sua consciência para um excêntrico mentalista terráqueo chamado Milton Moses Fine, o Sensacional Brainiac.
Dada a necessidade de fluido cranial para manter a possessão de Fine, Dox cometeu numerosos homicídios em Metrópolis, atraindo a indesejada atenção do Homem de Aço. Pouco apreciada pelos fãs, essa versão - dotada de genuínos talentos psíquicos - depressa seria substituída por um figurino mais próximo do original.
No contexto dos Novos 52, Brainiac teve novamente a sua origem revisitada. Na sua versão moderna, Vril Dox é um dos maiores cientistas de Yod-Colu, notabilizado pela sua avançada tecnologia no campo da miniaturização. Incapaz de impedir o destino fatídico do seu mundo, distribuiu a sua consciência por um vasto exército de sondas robóticas que percorre o Universo em busca de civilizações dignas de serem eternamente preservadas na nave do Colecionador de Mundos.
Por mais metamorfoses que Brainiac sofra, a sua natureza maligna e o seu ressentimento em relação ao Último Filho de Krypton seguem imutáveis. Ser biológico, androide ou uma mistura de ambos, não se lhe aplicam as leis do tempo e o seu legado nominal perdurará para todo o sempre.
Psicopata Robótico
O vínculo telepático de Brainiac com a sua nave é um dos pontos fracos do Colecionador de Mundos. |
No passado, a misofobia (aversão patológica a germes e outros agentes contaminantes) era outro dos calcanhares de Aquiles de Brainiac. Num dos seus primeiros recontros com o Homem de Aço, o vilão teve os seus sentidos sobrecarregados quando foi forçado a penetrar na atmosfera terrestre. Essa suscetibilidade ao nosso meio ambiente foi, contudo, suprimida por uma das suas cíclicas reconfigurações sistémicas.
Deus Ex Machina
Apesar de a sua autoria ter sido creditada a Otto Binder e Al Plastino, Brainiac foi decalcado de um conceito preexistente. A sua aparência e motivações são em tudo idênticas às de Romado, criminoso alienígena introduzido poucos meses antes nas tiras diárias do Super-Homem. Os dois tinham até um macaco branco chamado Koko como mascote comum.
Originário de um planeta não identificado, Romado - invocando uma versão extraterrestre de Lex Luthor - era um cientista calvo e de pele esverdeada que viajava pelo Cosmos à procura de novas aquisições para a sua coleção de cidades engarrafadas. Coleção que tinha como maior tesouro Dur-El-Va, uma magnífica metrópole kryptoniana abduzida pouco tempo antes da implosão do mundo natal do Homem de Aço.
À época editor dos títulos do Super-Homem, Mort Weisinger tinha como prática consagrada usar as tiras do herói para testar protótipos de personagens e conceitos que tencionava inserir na mitologia oficial. Antes de Brainiac, também Bizarro, por exemplo, fora sujeito ao mesmo tirocínio. Dur-El-Va, por seu turno, seria renomeada Kandor ao ser transplantada para o cânone.
Embora se desconheçam as razões para o rebatismo de Romado, Brainiac resultou da junção das palavras inglesas "brain" (cérebro) e "maniac" (maníaco). Ao que parece, ninguém na DC sabia porém que o nome já existia.
Escassos meses antes da estreia de Brainiac em Action Comics #242 (julho de 1958), Edmund Berkeley, pioneiro da Computação, havia patenteado o seu segundo "computador doméstico". Herdeiro direto do Geniac (lançado em 1955), Brainiac era descrito pelo seu criador como um "cérebro eletrónico". Designação sofisticada para um aparato rudimentar apetrechado com botões reconfiguráveis que lhe permitiam executar operações simples como jogar ao Jogo do Galo. Não obstante, esse tosco antepassado dos computadores modernos - cujo preço unitário rondava os 20 dólares - fez furor entre o público infantil.
O Brainiac de Edmund Berkeley ( em cima) precedeu a estreia do Colecionador de Mundos em Action Comics #242 (1958). |
Apesar de, com o tempo, ter granjeado o estatuto de arqui-inimigo do Super-Homem, inicialmente Brainiac funcionava mais como recurso narrativo, espécie de Deus Ex Machina nas mirabolantes tramas da Idade de Prata. Agindo quase sempre nos bastidores, o vilão impunha sucessivas provações ao herói, entrando em cena apenas ao cair do pano.
Numa dessas histórias clássicas, o Homem de Aço logrou resgatar Kandor da nave de Brainiac e guardá-la em segurança na sua Fortaleza da Solidão. Façanha que lhe renderia o ódio perpétuo do Colecionador de Mundos, cujas reais motivações seriam conhecidas apenas em Superboy #106 (julho de 1963).
Na história em questão, Brainiac revelava ser nativo do planeta Bryak, cuja população fora dizimada por uma misteriosa pandemia. O seu plano consistia, desse modo, em abduzir habitantes de outros mundos, com recurso ao seu raio encolhedor, objetivando o repovoamento de Bryak. Resultando óbvia a sua aspiração a tornar-se governante absoluto da nova sociedade.
Sob o olhar atento de Koko, Brainiac encolhe Paris durante a sua primeira de muitas visitas à Terra. |
Para justificar a existência de Brainiac 5, o seu descendente do século XXX admitido nas fileiras da Legião dos Super-Heróis, a história acrescentava que os Computadores Tiranos haviam providenciado um assistente a Brainiac. Tratava-se de um adolescente coluano chamado Vril Dox - vulgo Brainiac 2 - que se faria passar por filho adotivo do vilão. A ideia era disfarçar a sua natureza robótica, projetando a imagem de um simples cientista e pai de família como forma de conquistar a confiança dos seus alvos.
Por contraponto ao seu antepassado, Brainiac 5 é uma força do Bem. |
Imortal ou não, ao longo dos anos Brainiac provou ser um dos mais formidáveis adversários do Super-Homem. Especialmente quando agia em conluio com Lex Luthor, o único intelecto terrestre que considera à altura do seu e cujo ódio pelo Super-Homem é igualmente profundo.
Luthor e Brainiac, génios do Mal. |
No rescaldo da Crise nas Infinitas Terras, a origem de Brainiac seria totalmente reescrita por John Byrne. Vril Dox era agora um cientista radical coluano disposto a tudo para libertar o seu mundo do jugo dos Computadores Tiranos. Sentenciado à morte, conseguiu no último instante transferir a sua consciência para um excêntrico mentalista terráqueo chamado Milton Moses Fine, o Sensacional Brainiac.
Dada a necessidade de fluido cranial para manter a possessão de Fine, Dox cometeu numerosos homicídios em Metrópolis, atraindo a indesejada atenção do Homem de Aço. Pouco apreciada pelos fãs, essa versão - dotada de genuínos talentos psíquicos - depressa seria substituída por um figurino mais próximo do original.
Renascimento robótico pré-Crise. |
No pós-Crise, Milton Fine serviu de avatar a Brainiac. |
No contexto dos Novos 52, Brainiac teve novamente a sua origem revisitada. Na sua versão moderna, Vril Dox é um dos maiores cientistas de Yod-Colu, notabilizado pela sua avançada tecnologia no campo da miniaturização. Incapaz de impedir o destino fatídico do seu mundo, distribuiu a sua consciência por um vasto exército de sondas robóticas que percorre o Universo em busca de civilizações dignas de serem eternamente preservadas na nave do Colecionador de Mundos.
Por mais metamorfoses que Brainiac sofra, a sua natureza maligna e o seu ressentimento em relação ao Último Filho de Krypton seguem imutáveis. Ser biológico, androide ou uma mistura de ambos, não se lhe aplicam as leis do tempo e o seu legado nominal perdurará para todo o sempre.
Hidra cibernética de mil cabeças e um só cérebro. |
Psicopata Robótico
Psicanalisar uma inteligência artificial poderá, a priori, afigurar-se um exercício paradoxal. A verdade, porém, é que, apesar da absoluta ausência de veleidades humanitárias, Brainiac nem sempre agiu como a máquina fria e calculista que é. Sobrevém essa singularidade do facto de a sua "personalidade" ter sido transplantada de um cientista coluano não-identificado que lhe serviu de arquétipo biológico.
Ao ter incorporados na sua programação original os engramas cerebrais do indivíduo em questão, Brainiac assimilou no processo alguns dos seus traços de caráter. A saber: complexo de Deus, megalomania e narcisismo maligno. Ao mesmo tempo que possibilitava o desenvolvimento de uma identidade individual por parte de Brainiac, o somatório dessas características fez dele um psicopata robótico.
Embora muito do comportamento inicial de Brainiac possa ser atribuído à sua programação pelos Computadores Tiranos de Colu, os constantes desvios à sua diretiva primária e o estabelecimento de novos desideratos comprovam que o cérebro eletrónico do vilão era suficientemente complexo para permitir o surgimento de processos de pensamento espontâneos e flexíveis como aqueles que fundamentam o livre-arbítrio. Por outras palavras, Brainiac era um autómato dotado de vontade própria.
A mente mais perigosa do Universo. |
Devido à aparente incapacidade dos seus criadores em reproduzir as nuances mais subtis da psicologia coluana, a personalidade artificial de Brainiac apresentava inicialmente algumas deficiências. Consequentemente, os seu traços de caráter eram, as mais das vezes, superficiais, óbvios e imutáveis nas suas manifestações, resultando num défice acentuado de empatia emocional.
Brainiac não consegue compreender, por exemplo, o que o Super-Homem vê na Terra, cujos avanços científicos e tecnológicos são irrisórios por comparação com os de Krypton. Ele nunca considera aspetos menos quantificáveis, como amor, amizade ou família. Por maior que seja a sua curiosidade antropológica, a natureza humana continua a afigurar-se-lhe um enigma indecifrável.
Essa incapacidade de Brainiac em processar emoções positivas e conceitos abstratos cristaliza-se igualmente na sua enorme dificuldade em interpretar linguagem figurada. Quando recorre a ela para comunicar com outros seres sencientes, os resultados variam entre o risível e o desastroso.
Quando, em vésperas da Crise nas Infinitas Terras, Brainiac teve a sua consciência digital transferida para um novo corpo robótico, todos os vestígios da sua personalidade coluana foram eliminados para sempre. Em virtude disso, o vilão tornou-se ainda mais friamente lógico e calculista, percecionando as emoções latentes como meros defeitos sistémicos da sua encarnação pregressa.
Paradoxalmente, após esse expurgo emocional, Brainiac desenvolveu um medo irracional de uma suposta entidade divina - o Programador-Mestre - empenhada na sua destruição. Apesar de esse temor ter por base um conjunto de bizarras visões do Colecionador de Mundos durante o período em que a sua consciência habitou um supercomputador alienígena enquanto o seu corpo se reconstruía, é ele que vem pautando todas as suas ações desde então, designadamente as suas incessante tentativas de neutralização do Último Filho de Krypton.
Homem versus Máquina. |
Miscelânea
*Conquistador Galáctico, Terror de Kandor, Psicopata Robótico, Pneumenoide e Dragão Mental são outros dos epítetos tradicionalmente conotados com Brainiac. Na fase dos Novos 52 foi, porém, inicialmente designado apenas como Colecionador de Mundos. Só mais tarde passaria a atender por Brainiac, ficando desse modo implícito que essa seria apenas outra das suas alcunhas, e não o seu nome verdadeiro;
*No vernáculo coloquial estadunidense, "brainiac" é um termo depreciativo para "intelectual" (equivalente ao nosso "marrão"). No entanto, contrariamente à crença generalizada, foi a personagem a inspirar a palavra, e não o inverso;
*Na sua primeira aparição, como forma de prevenir o envelhecimento do seu corpo, Brainiac entrou em animação suspensa durante a sua longa viagem de regresso a casa. Apesar de a Terra distar, aproximadamente, uma centena de anos-luz do planeta natal do vilão, era uma medida desnecessária, porquanto Brainiac era uma máquina e não um ser orgânico;
*Na capa de Action Comics #242, Brainiac surgia retratado com diodos incrustados no crânio. Porém, não há sinal desses adereços no interior da revista, que só ressurgiriam três anos depois, em Action Comics #275;
Brainiac sem diodos a adornar-lhe a calva. |
*Antes de ser abduzida e miniaturizada pelo Colecionador de Mundos, Kandor era a resplandecente capital de Krypton. Em consequência do seu desaparecimento, Kryptonopolis, a cidade natal de Kal-El, seria elevada a capital planetária;
*O Super-Homem suspeita que Brainiac esteve diretamente envolvido na destruição de Krypton. Várias adaptações audiovisuais, como Superman: The Animated Series ou Smallville, têm, com efeito, imputado ao vilão a responsabilidade pela catástrofe que dizimou o planeta natal do Homem de Aço. Também uma história da Idade de Prata, publicada em Superman Vol.1 #141, mostrava como, ao sequestrar Kandor, Brainiac selara o fatídico destino dos kryptonianos;
Mapa dos principais monumentos de Kandor. |
*Em determinado momento, Brainiac viajou até ao século XXX, onde desenvolveu a habilidade de absorver e manipular enormes quantidades de energia estelar. Assumindo a persona de Pulsar Stargrave, antagonizou a Legião dos Super-Heróis e convenceu Brainiac 5 de que era o seu pai biológico;
*Embora efémero, o figurino esquelético de Brainiac seria imortalizado no imaginário coletivo por via da sua participação nas duas últimas temporadas de Super Friends e pela sua inclusão na coleção de bonecos Super Powers;
*Durante a Crise nas Infinitas Terras, Brainiac e Luthor, planeando conquistar os mundos remanescentes, resgataram dezenas de supervilões de diferentes pontos do Multiverso em desagregação;
*Galactiac foi o nome dado à combinação de Galactus e Brainiac no Universo Amálgama povoado por conceitos híbridos Marvel/DC;
Galactiac era a síntese perfeita entre mente e máquina. |
*Ainda sem contraparte cinematográfica, Brainiac esteve, no entanto, várias vezes perto de ser transposto ao grande ecrã. Um primeiro rascunho do argumento de Superman III (1983), da autoria do produtor Ilya Salkind, apresentava-o como antagonista principal. Na versão final do enredo, produzida a meias pelo casal David e Leslie Newman, Brainiac cedeu, porém, lugar ao supercomputador senciente construído por Gus Gorman. Por seu turno, o realizador Bryan Singer anunciou, em 2007, a sua intenção de incluir o vilão coluano em Superman: The Man of Steel, a sequência cancelada de Superman Returns (2006);
*O impressionante lastro mediático de Brainiac, que ao longo das últimas décadas tem marcado presença numa miríade de animações, jogos de vídeo e séries televisivas, teve início em 1966. Ano em que extravasou, pela primeira vez, os quadradinhos para participar em The New Adventures of Superman. Nessa lendária série animada produzida pela Filmation, o vilão era um androide criado pelo Professor Hecla, único sobrevivente do planeta Mega, devastado por um holocausto nuclear. Enviado para a Terra com a missão de construir uma Arca de Noé cósmica que permitiria repovoar Mega, Brainiac seria repetidamente derrotado pelo Super-Homem. Já a sua estreia em ação real ocorreu na quinta temporada de Smallville (2005-06), tendo sido interpretado por diferentes atores. Nesta versão, Brainiac era um computador vivo com forma humanoide e origem kryptoniana que, de algum modo, fora responsável pela desestabilização do núcleo de Krypton, que culminaria na implosão do planeta. Mais recentemente, o Colecionador de Mundos, agora encarnado por Blake Ritson e com um visual incrivelmente fiel aos comics, esteve em grande plano na temporada inaugural de Krypton (2018-19), série que revisita o passado do planeta e a genealogia de Kal-El.
Brainiac na sua estreia audiovisual e, em baixo, interpretado por Blake Ritson na 1ª temporada de Krypton. |
*Este blogue tem como Guia de Estilo o Acordo Ortográfico de 1990 aplicado à norma europeia da Língua Portuguesa.
*Artigos sobre Otto Binder, Super-Homem e "O que aconteceu ao Homem do Amanhã" disponíveis para leitura complementar.
*Artigos sobre Otto Binder, Super-Homem e "O que aconteceu ao Homem do Amanhã" disponíveis para leitura complementar.
Excelente texto e a qualidade das informações é impressionante. Parabéns!
ResponderEliminarNão conhecia o personagem. Hoje em dia ele seria o "muso" perfeito dos SJW: odeia tudo, quer destruir tudo, não consegue entender conceitos básicos como família, amor e amizade.
ResponderEliminarMais um texto primoroso!!!!!!!
Excelente texto
ResponderEliminar