12 novembro 2021

ETERNOS: CURT SWAN


  Durante mais de três décadas, o seu lápis esculpiu laboriosamente um dos maiores totens da cultura popular. Considerado o artista definitivo do Super-Homem, o seu monumental legado continua a ser reverenciado por pares e fãs nostálgicos. Via-se, porém, a si mesmo como operário de uma indústria ingrata.

Na esteira de Joe Shuster, foram dezenas os artistas que, ao longo de mais de 80 anos, emprestaram o seu traço ao Homem de Aço. Nessa multidão intermutável de talentos sobressaem nomes como Wayne Boring, John Byrne ou Dan Jurgens. Sem desprimor para os demais, a cada um deles correspondeu uma era de intenso fulgor. Mas nenhum deixou uma marca tão profunda no primeiro dos super-heróis como Curt Swan.
Existe um antes e um depois de Curt Swan na mitologia do Super-Homem. O seu percurso profissional confunde-se com a carreira editorial do herói nas Idades de Prata e de Bronze. Nenhum outro artista desenhou tantas  vezes ( e por tanto tempo) o Homem do Amanhã. Entre capas, tiras e páginas interiores, terão sido, por junto, mais de 19 mil as artes assinadas por Curt Swan durante o seu longo consulado nos títulos da Superfamília.
Tão importante como a quantidade era, outrossim, a qualidade do trabalho de Swan. Que, a despeito do seu inegável virtuosismo, sempre se viu a si mesmo como um humilde proletário de uma indústria em que todos são descartáveis. Um zangão incansável dentro de uma colmeia fervilhante, destinado a morrer depois de cumprir o seu propósito.
Swan definiu a aparência do Super-Homem não para uma, mas para duas gerações. Sob o seu lápis sensível, o Último Filho de Krypton humanizou-se. O estranho visitante de outro planeta passou a absorver mais do nosso afeto e simpatia. Swan chancelou também vários dos momentos capitais do cânone do Homem de Aço, como o primeiro encontro deste com  Batman ou o seu casamento com Lois Lane. Com Otto Binder, outro zangão, criou Krypto, o cão de estimação do Superboy e um dos elementos mais acarinhados da Superfamília. Apenas uma das muitas adições da sua coautoria à mitologia da personagem que o alcandorou ao panteão da 9ª Arte.
Por tudo isto, Curt Swan é geralmente apontado como o artista definitivo do Super-Homem. Mas por trás da lenda existiu um homem. Um homem decente na sua simplicidade, cuja vida e obra, um quarto de século volvido sobre o seu desaparecimento, vale a pena revisitar. Por imperativo de memória numa época fértil em revisionismos históricos.

Curt Swan criou a imagem do Super-Homem que se tornou ícone popular.
(Montagem executada por Emerson Andrade,
a quem deixo aqui o meu agradecimento muito especial).

Curt Swan nasceu Douglas Curtis Swan a 17 de fevereiro de 1920. Teve como berço Wilmar, cidadezinha agrícola do Minnesota ufana do seu estatuto de maior produtora de perus do estado. Seria no entanto outra a ave a defini-lo. Em finais do século XIX, a sua avó paterna, imigrante sueca instalada no Canadá, abreviara o apelido familiar de Swanson para Swan (cisne). No Oriente, o cisne simboliza, entre outras coisas, a coragem, a nobreza e a elegância. Predicados que, ao longo da sua vida, Swan demonstrou ter em comum com o Último Filho de Krypton.
O mais novo dos cinco filhos de um casal da classe trabalhadora - o pai ferroviário, a mãe auxiliar no hospital local -, Swan cresceu a admirar as histórias ilustradas dadas à estampa pela Collier's e outras revistas da época. Cedo demonstrou também talento para desenhar, vendendo o seu primeiro trabalho - um tira rudimentar desenhada na parte de trás de um calendário de mesa - a um colega da sua turma do 6º ano. A sua habilidade com o lápis também não passou despercebida aos professores, que frequentemente a requisitavam para as suas aulas ou em atividades extracurriculares. Ganhar a vida a rabiscar era, todavia, algo com que o pequeno Swan nem se atrevia a sonhar.
Nos anos de chumbo da Grande Depressão, Swan, ainda adolescente, conseguiu emprego num armazém para ajudar a equilibrar o magro orçamento familiar. Desenhar continuava a ser um passatempo que o ajudava a suportar as agruras de um dia a dia pautado pela incerteza.
Quando atingiu a maioridade, Swan alistou-se na Guarda Nacional do Minnesota e, dois anos mais tarde, foi incorporado nas fileiras do Exército. Em 1941, após breve passagem por Forte Dix (Nova Jérsia), o seu regimento de Infantaria foi destacado para a Irlanda do Norte. Foi já com as divisas de sargento cosidas na farda que Swan teve a sua primeira oportunidade como artista.
Enquanto desenhava um mural no Clube da Cruz Vermelha de Fintona - pequena vila rural a cerca de uma centena de quilómetros de Belfast - Swan travou conhecimento com Dick Wingert. Um daqueles obséquios do acaso que lhe mudaria as agulhas da vida. Wingert trabalhava como cartunista no jornal oficial do Exército - o Stars and Stripes - e, impressionado com o talento de Swan, sugeriu-lhe que contactasse o coronel que dirigia a publicação.

Foi no jornal castrense Stars and Stripes que Swan
 deu os seus primeiros passos no campo da ilustração.

Sem saber exatamente que tipo de função poderia desempenhar no jornal, e sem grande jeito com as palavras, Swan pediu a um colega que lhe redigisse uma breve nota de apresentação que juntou a algumas ilustrações da sua autoria enviadas por correio. Foi quanto bastou para, logo depois, ser transferido para Londres, onde reforçou o staff artístico do Stars and Stripes.
Longe das frentes de batalha onde alguns dos seus ex-camaradas de armas perderam a vida, Swan especializou-se no desenho de mapas que mostravam a progressão das tropas aliadas no terreno. Ilustrar reportagens de guerra e tiras humorísticas eram outras das suas incumbências. Durante a sua passagem pelo Stars and Stripes, Swan cunhou amizade para a vida com o escritor da DC France Herron. Anos mais tarde, seria pela mão dele que daria os primeiros passos na Editora das Lendas.
Nos últimos meses de 1943, Swan foi transferido para Paris e alugou um modesto apartamento perto da Torre Eiffel. A viver o sonho de qualquer artista, passava longas horas a desenhar junto às margens do Sena. Pedir em casamento a sua musa de sempre pareceu-lhe, por isso, o passo lógico seguinte. Helene Brickley era uma funcionária da Cruz Vermelha Americana destacada para a capital francesa. Os caminhos de ambos tinham-se cruzado pela primeira vez quando Swan estava aquartelado em Fort Dix. O amor floresceu e, após algum tempo separado pela guerra, o casal trocou alianças no verão de 1944, na Cidade Luz.
De regresso à vida civil e a terras do Tio Sam, Curt Swan acalentava a esperança de encontrar trabalho na área da ilustração. O passatempo de infância poderia, afinal, servir para pôr comida na mesa. Após uma breve estadia em Minneapolis (erroneamente indicada em biografias avulsas como a sua cidade natal), Swan mudou-se de armas e bagagens com a mulher para Nova Iorque.
Na Grande Maçã já se encontravam vários ex-colaboradores do Stars and Stripes, incluindo France Herron, que, nesse emmeio, recuperara o seu posto na  Editora das Lendas. Por sugestão deste, Swan fez chegar algumas amostras do seu trabalho a Whitney Ellsworth, um dos mais influentes editores da DC. Ellsworth ficou agradado com o que viu e Swan foi prontamente contratado para desenhar Boy Commandos, série originalmente desenvolvida por Joe Simon e Jack Kirby.

Boy Commandos #16 (julho de 1946) foi
 o primeiro trabalho de Swan para a DC.

Radiante com a perspetiva de receber 18 dólares (maquia apreciável na época) por cada página desenhada, Swan acreditava, contudo, que, quando muito, aquele seria um emprego para um par de anos. Com o declínio das vendas no pós-guerra, ele intuía que a indústria dos comics teria os dias contados. Nem imaginava que trabalharia nela pelo resto da vida.
À parte um trimestre de aulas noturnas no Instituto Pratt (instituição privada com forte tradição nas artes), ao abrigo de um programa de reinserção social de veteranos da II Guerra Mundial patrocinado pelo governo federal, Curt Swan era um autodidata. Por conseguinte, embora o salário auferido na DC fosse atrativo, depressa descobriu o ror de tempo necessário para desenhar uma página. Como era apanágio de muitos artistas novatos, Swan colocava demasiados detalhes no seu trabalho, ficando desapontado com a sua reduzida capacidade de produção.
Graças às preciosas dicas de Steve Brodie, um dos mais experientes artes-finalistas da DC, Swan aprendeu a acelerar o lápis e logo passou a produzir 3 a 4 páginas por dia. Para embolsar a pequena fortuna de 10 mil dólares anuais, Swan trabalhava 14 a 16 horas por dia, sete dias por semana. Quando não estava sentado diante do estirador, Swan, pai de três filhos, gostava de passar o seu tempo livre em família ou em ocasionais partidas de golfe.
Na viragem da década de 50, o azafamado Curt Swan tinha assumido a arte de três séries periódicas (a Boys Commandos, somara Tommy Tomorrow e Gangbusters), datando também dessa época as primeiras capas de Superboy da sua autoria. Começava assim a sua vetusta relação com os títulos do Último Filho de Krypton. Estes tinham como editor Mort Weisinger, notório pelo seu temperamento explosivo e por ser mais papista do que o Papa. Qualquer ligeiro desvio ao padrão visual do Super-Homem fazia-o torcer-se de furor. Swan foi alvo recorrente do bullying editorial de Weisinger, ao ponto de começar a sofrer de dores de cabeça insuportáveis.
Em 1951, Swan atingiu o limiar crítico da sua paciência. Depois de constatar que a pressão profissional lhe estava a prejudicar a saúde e a vida familiar, trocou a DC por uma pequena agência publicitária especializada na promoção de brinquedos.

Superboy foi o primeiro membro da Superfamília desenhado por Swan.

Embora apreciasse sobremaneira o ritmo mais tranquilo do seu novo emprego, o rendimento mensal de Swan encolheu para menos de metade. Regressou, por isso, à DC no mês seguinte, tendo sido recebido de braços abertos por todos - inclusive pelo próprio Weisinger. Que, no entanto, continuava a não poupá-lo às suas diatribes. Novamente acometido de enxaquecas, Swan encheu-se de brios e, de pé firme, enfrentou Weisinger. Para sua surpresa, o mais temido dos editores passou a respeitá-lo e, como por magia, as dores de cabeça desapareceram.
Indicar com precisão qual foi o primeiro trabalho de Curt Swan com o Super-Homem afigura-se tarefa complicada. Até meados dos anos 50, nem todos os autores de cada edição eram devidamente creditados. Era também comum o recurso a "artistas fantasmas", que encontravam maneiras engenhosas de esconder as suas iniciais no material que produziam. Segundo alguns investigadores da 9ª Arte, Swan preferia outro artifício: desenhar personagens com os dedos do meio das mãos unidos. Razão pela qual algumas fontes sinalizam Superman #51 (março de 1948) como a primeira vez em que o lápis de Swan substituiu o de Wayne Boring na série mensal do Homem de Aço. 
Certo é que, em 1953, Swan foi o eleito (em detrimento de Boring e Al Plastino) para ilustrar Three-Dimension Adventures Superman, edição especial em 3D lançada à boleia da popularidade de que os filmes nesse formato gozavam na altura. Esse projeto marcou a estreia oficial de Curt Swan como artista do Super-Homem.

Nesta edição especial de 1953,
Swan foi creditado pela primeira vez como artista do Homem de Aço. 

Dois anos mais tarde, em 1955, Swan foi chamado por Weisinger a render Wayne Boring em Superman. Como já vinha ilustrando Superboy e Superman's Pal Jimmy Olsen desde o ano anterior, Swan encarou isso como uma extensão natural do seu trabalho.
A pedido de Weisinger, Swan retocou o visual do Homem de Aço. Começando pelo queixo quadrado que, durante o longo consulado de Boring, se tinha tornado imagem de marca do herói. Como forma de torná-lo mais poderoso e menos caricatural, Swan acentuou-lhe também os músculos.
Swan desenhava como ninguém expressões faciais. Por meio delas conseguia reproduzir os diferentes estados de alma do Último Filho de Krypton, cujo voo adquiriu igualmente maior graciosidade. Foi essa elegância e humanidade que Swan trouxe à personagem. Para esse efeito, tomou como modelos John Weissmuller (o mítico Tarzan cinematográfico dos anos 30 e 40) e George Reeves (que viveu o Super-Homem na não menos lendária série televisiva da década de 1950).
Nos anos 60, o traço de Curt Swan era ubíquo na linha de títulos da Superfamília: Action Comics, Superman, Adventure Comics, Superboy, Superman's Pal Jimmy Olsen, Superman's Girl Friend Lois Lane e World's Finest. Era difícil encontrar naquela época uma história do Homem de Aço desenhada por outro artista. A obsessão de Swan pelo realismo, inspirada nos ilustradores clássicos, e a sua predileção por temas genuinamente americanos faziam dele o Norman Rockwell dos quadradinhos. Essa influência era patente, em particular, nas histórias do Superboy, onde as paisagens de Smallville invocavam os óleos bucólicos de Rockwell.
Um facto muitas vezes omisso no impressionante currículo de Curt Swan é que, além de fazer o pleno nos títulos da Superfamília, ele desenhava ainda as tiras diárias do Super-Homem. Em 1954, Swan vira ser rejeitada por diversos jornais uma tira da sua autoria (Yellow Hair contava a história de um menino branco adotado por índios), mas o Homem de Aço permitiu-lhe trabalhar com esse tipo de material.

Yellow Hair, a tira inédita de Curt Swan.

Nessa era de absoluto esplendor, Swan não foi apenas o criador da imagem arquetípica do mais arquetípico dos super-heróis, mas também o melhor expoente do estilo gráfico característico da DC naquela época: figuras bem proporcionadas, traços definidos e simétricos, vestuário impecável e, claro, mulheres lindas de morrer. Também as crianças desenhadas por Swan pareciam crianças, ao invés de adultos em miniatura. Não admira, por isso, que a Marvel o tenha assediado sem, contudo, conseguir enfraquecer a sua lealdade à sua editora de sempre.
Em agosto de 1967, Swan associou o seu nome a outro momento histórico do cânone da DC: a primeira corrida entre o Super-Homem e o Flash. Publicada em Superman #199, a arte cinética de Swan ainda hoje serve de referência aos profissionais do lápis chamados a recriar a alucinante competição para encontrar o homem mais rápido do mundo.

A arte vibrante de Swan na corrida do século.

Embora sempre tenha preferido desenhar o Homem de Aço, o trabalho realizado por Curt Swan na Legião dos Super-Heróis foi tudo menos despiciendo.  A sua versatilidade e o seu estilo elegante incutiram um novo apelo às histórias do grupo nas quais Superboy era um habitué. Computo e Imperatriz Esmeralda, arqui-inimigos da Legião, foram duas das suas criações mais importantes para a série.
À medida que os comics evoluíam durante a chamada Idade de Bronze, o mesmo acontecia com o Super-Homem de Swan. Sob cujo traço o Último Filho de Krypton se tornou uma figura mais graciosa e inspiracional com o toque dramático que os padrões da época impunham. Uma das razões pelas quais Christopher Reeve foi a escolha perfeita para encarnar Kal-El no cinema foi porque ele parecia ter sido recortado de um qualquer painel desenhado por Swan. Superman, The Movie foi uma carta de amor à Idade de Prata, apresentando o mesmo herói imponente e compassivo que Swan esculpira laboriosamente.


Christopher Reeve foi a versão de carne e osso do Super-Homem de Curt Swan.

Depois de, em 1985, ter visto o seu nome incluído em Fifty Who Made DC Great, no ano seguinte Curt Swan foi inopinadamente afastado dos títulos do Super-Homem. Longe dos seus tempos de glória, o Último Filho de Krypton era agora considerado antiquado. E o mesmo se aplicava à arte de Swan. De um dia para o outro, o artista que redefinira o Homem de Aço fazendo dele um imbatível campeão de vendas teve os seus serviços dispensados. Sem pompa nem circunstância, sem uma palavra de reconhecimento. Derrubado do pedestal por quem lhe devia carregar o andor. Apesar de nunca a ter verbalizado, a mágoa daí resultante acompanharia Swan pelo resto da vida. 
Escrita por Alan Moore, O que aconteceu ao Homem do Amanhã? (já aqui esmiuçada) assinalou, a um só tempo, o fim da Idade de Prata e a despedida de Curt Swan enquanto artista regular do Super-Homem. Foi o cintilante culminar de uma era que teve em Swan um dos seus mais diligentes obreiros.
Nos anos seguintes, Curt Swan, apesar de reformado, continuou envolvido em projetos menores da DC, incluindo a arte de uma das mais raras edições do Super-Homem. This Island Bradman foi uma banda desenhada personalizada encomendada em 1988 por Godfrey Bradman, magnata do imobiliário, como presente para o Bar Mitzvah do seu filho. Fora da sua zona de conforto, Swan ilustrou ainda Swamp Thing, Teen Titans e uma minissérie de Aquaman

This Island Bradman (1988).
Uma das maiores raridades do Super-Homem com assinatura de Curt Swan.

Curt Swan ganhou o seu primeiro prémio apenas em 1984,
ano em que lhe foi atribuído o Inkpot Award para melhor desenhador.

A exemplo de muitos dos seus pares, Curt não acautelara financeiramente o seu futuro, pelo que se viu obrigado a continuar a trabalhar, em prol tanto da sua sanidade mental como da sua sobrevivência. Com o tempo, porém, as suas colaborações com a DC foram-se tornando cada vez mais escassas. O seu canto do cisne foram as cinco páginas publicadas postumamente em Superman: The Wedding Album (dezembro de 1996). Numa amarga ironia, o casamento de Swan com Helene Brickley tinha chegado ao fim pouco tempo antes.
Curt Swan partiu durante o sono no seu apartamento em Wilton (Connecticut), a 17 de junho de 1996. Um fim sereno para um discreto mestre da Arte Sequencial; cisne branco transformado em patinho feio pelos caprichos de uma indústria sem escrúpulos em triturar quem a engrandeceu. 
Swan transcendeu gerações, dedicou-se de alma e coração à sua personagem de sempre e, acima de tudo, abriu caminho. Embora não tenha sido o primeiro a chegar, ele introduziu estilos, recursos e elementos que serviram de referências para as gerações posteriores de artistas a quem foi concedido o privilégio de desenhar o maior herói de todos os tempos. 
À sua maneira, Curt Swan foi ele próprio um herói.  Quando questionado sobre qual havia sido o prémio mais importante da sua carreira, ele respondeu simplesmente: "O sorriso de uma criança ao ler uma história do Super-Homem desenhada por mim." Ao meu bom amigo Emerson Andrade, assim como a tantos fãs nostálgicos por esse mundo afora, Swan arrancou incontáveis sorrisos. Esta foi a maneira que ele encontrou para os retribuir. 





*Este blogue tem como Guia de Estilo o Acordo Ortográfico de 1990 aplicado à norma europeia da Língua Portuguesa.







     



 








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5 comentários:

  1. Mais uma vez um rico regalo nos é oferecido, sobre o mais marcante dos desenhistas do Super Homem. Impossível não pensar em Kal-El sem associá-lo ao traço de Curt Swan, que legou histórias e personagens inesquecíveis. Muito importante mencionar sua contribuição não só ao mais famoso kryptoniano, mas também à insuperável Legião dos Super Heróis, posto que vários membros foram cocriados por Swan, como Penumbra e a Feiticeira Branca. Além de Mordru e outros, do nosso tempo, como Lorde Satanus, Metallo (Roger Corben) e Terra-Man.

    Curt Swan é um cânone do traço do Super Homem. É como se pensássemos em um "a.C./d.C" - antes da Crise e depois da Crise. Swan é o Antigo Testamento, Byrne é o novo, quando se fala do herói.

    É bom o texto destacar a qualidade de representação dos desenhos, com personagens realmente realistas mas também belos. Não havia a afetação renascentista nem tampouco o "maneirismo" que nos 90's trouxe seres humanos anatomicamente impossíveis.

    Além de qualquer contestação, Swan de fato nos apresentava mulheres lindas e marcantes, de Lana Lang a sereias alienígenas. Já os personagens masculinos exibiam elegância e atitude. Era o que se esperava da Metrópolis e outros locais da época. Idealizados mas perfeitamente possíveis, próximos do leitor.

    Até eu, que - coitado - arrisquei desenhar, lá atrás na juventude, espelhei-me em traços de Swan para fazer rostos, cabeças e penteados. Lembro-me de copiar o SH, er perfil, para entender as linhas do cabelo, orelha, queixo, etc.

    Cumprimento mais uma vez o autor, com sua linguagem apurada, informação de qualidade e detalhes que mostram um trabalho de pesquisa tão apaixonado quanto responsável.

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  2. O melhor desenhista do super, vendo desenho da década de 60, sem duvida o melhor. Curt imortal

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  3. Mais um primoroso e informativo texto da Fortaleza da Solidão me traz a história deste que foi um dos primeiros artistas, se não o primeiro, que eu copiava, ainda criança e no sonho de aprender a desenhar, tentando reproduzir a arte de Swan com meus lápis inadequados e meus cadernos pautados...
    Além de toda a sua riquíssima trajetória como desenhista, Curt também criou em parceria alguns personagens interessantes (a maioria de efêmera existência): O Superman Composto foi cocriado por Swan e Edmond Hamilton em World's Finest Comics # 142 (junho de 1964). E entre as contribuições de Swan para os mitos do Superman, ele e o escritor Cary Bates co-criaram os supervilões Terra-Man e a versão dos anos 1970 do Toyman , bem como o super - herói Vartox . O escritor Martin Pasko e Swan criaram o personagem Master Jailer em Superman # 331 (janeiro de 1979).
    Uma pena enorme o casamento dele não ter durado até que a morte os separasse. E que pena imensa que ele seja mais um dos descartes da indústria dos quadrinhos, que não tinha a menor consideração por ninguém que não estivesse, no mínimo, no auge.

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  4. O texto faz justiça ao talento de Curt Swank e me eliminou uma informação errônea, que meu finado pai me passou, quiçá por fonte que também não primava pela verdade: a de que havia mais de um desenhista para o Superman: um fazia a cabeça, outro o corpo. Concluo que Swank valia por DOIS quadrinistas - no mínimo!
    Observação: o artista parecia ter um porte acima da média. Acho que isso também deve ter intimidado o editor que lhe causava enxaquecas.
    Parabéns, Ricardo!

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