11 fevereiro 2016

GALERIA DE VILÕES: CARNIFICINA



  Projetado para ser o herdeiro de Venom, afirmou-se como uma sua versão mais violenta e amoral. Traços de personalidade decalcados de um outro infame maníaco homicida dos quadradinhos. Tal como ele, à sua passagem deixa sempre para trás uma enorme pilha de cadáveres.


Nome original da personagem: Carnage
Licenciadora: Marvel Comics
Criadores: David Michelinie (história), Erik Larsen (arte conceitual de Cletus Kasady) e Mark Bagley (arte conceitual de Carnificina)
Primeira aparição (como Cletus Kasady): Amazing Spider-Man nº344 (fevereiro de 1991)
Primeira aparição (como Carnificina): Amazing Spider-Man nº361 (abril de 1992)
Identidade civil: Cletus Kasady
Espécie: Humano hospedeiro de um simbionte alienígena
Local de nascimento: Brooklyn, Nova Iorque
Parentes conhecidos: Avó (nome desconhecido, falecida) e pais (nomes desconhecidos, igualmente falecidos). Além destes antepassados do seu alter ego humano, Carnificina gerou uma extensa prole simbiótica, onde pontificam, entre outros, os "filhos" Carniça e Toxina (Carrion e Toxin, nas respetivas versões originais).
Afiliação: Ex-parceiro de Venom, ex-membro dos Vingadores (grupo de supervilões reunido por Magneto para enfrentar o Caveira Vermelha, logo após os eventos de Guerra Civil) e patriarca da Família Carnificina.
Base de operações: Móvel
Armas, poderes e habilidades: Devido à sua personalidade antissocial e às suas compulsões homicidas, quando ainda não passava de um criminoso comum Cletus Kasady era já considerado um indivíduo altamente perigoso. Perigosidade essa que sobrevinha, precisamente, da sua amoralidade e do seu mais profundo desprezo pela vida humana.
  Ao mesclar-se com o simbionte alienígena, Kasady teve o seu corpo recoberto por uma viscosa biomassa vermelha e preta, adquirindo por essa via uma impressionante gama de habilidades meta-humanas. Conquanto muitas delas sejam similares às de Venom, outras são ímpares. É o caso da sua capacidade de manipular a forma do simbionte. Circunstância que lhe permite, por exemplo, gerar apêndices orgânicos em forma de tentáculos passíveis de serem usados em situações de combate corpo a corpo ou para manietar os seus oponentes.
  Entre os poderes que são comuns a todos os hospedeiros do simbionte, destacam-se: força, resistência e velocidade ampliadas; propriedades regenerativas aceleradas; aderência a praticamente qualquer tipo de superfície; produção de uma teia orgânica ultrarresistente; imunidade ao sentido de aranha de Peter Parker.
Fraquezas: À semelhança de Venom e de todos os outros simbiontes da sua espécie, Carnificina é vulnerável ao som e às altas temperaturas. Ataques baseados nestes dois elementos são pois suscetíveis de lhe causarem dor excruciante. Alguns indícios sugerem, no entanto, que devido ao facto de a cria de Venom ter nascido na Terra, essa suscetibilidade será consideravelmente inferior à dos simbiontes de origem alienígena.
  Outro dos pontos fracos de Carnificina reside na instabilidade mental do seu hospedeiro. Mesmo antes da sua transformação, a Cletus Kasady já havia sido diagnosticada uma psicose com laivos de sadismo, a que se somava uma obsessão pelo caos.

Em Carnificina a maldade é orgânica.

Histórico de publicação: Em finais de 1990, o escritor David Michelinie idealizou Carnificina (Carnage, em inglês) para ser uma versão ainda mais sórdida de Venom, cujo alter ego humano (Eddie Brock) tencionava matar em Amazing Spider-Man nº400. O simbionte, esse, sobreviveria e continuaria a usar vários hospedeiros para disseminar o terror e atormentar um certo Escalador de Paredes.
  Projeto que acabaria, contudo, por não receber luz verde dos mandachuvas da Marvel em virtude de um súbito pico de popularidade da dupla Venom/Brock junto dos leitores. Recusando-se a atirar a toalha ao chão, Michelinie propôs, em alternativa, a conceção de uma personagem inédita: um sociopata sanguinário que, por contraste com Eddie Brock, não obedecia a qualquer código de honra.
   Aprovada a ideia, o passo seguinte consistiu em encontrar um bom nome para o novo vilão. Chaos e Ravage foram duas das opções equacionadas, acabando, no entanto, por recair a escolha sobre Carnage. Usando como referência o Joker (da concorrente DC), Erik Larsen desenvolveu o visual de Cletus Kasady. Ficando os primeiros esboços da sua contraparte simbiótica a cargo de Mark Bagley.

O "pai" de Venom e de Carnificina.

  Ultimado o processo criativo, Cletus Kasady fez a sua primeira aparição em fevereiro de 1991, nas páginas de Amazing Spider-Man nº344. Mais de um ano depois, em abril de 1992, seria a vez de Carnificina fazer a sua sangrenta estreia em Amazing Spider-Man nº361.
  Sucesso instantâneo, nos anos seguintes Carnificina afirmou-se como um dos vilões de charneira do Universo Marvel. Logo em 1993, viu ser-lhe conferido o estatuto de antagonista principal do Homem-Aranha na saga Maximum Carnage (publicada no Brasil pela Abril sob o título Carnificina Total). Tendo posteriormente direito, em 1996, a dois volumes especiais inteiramente dedicados a si: Carnage: Mind Bomb e Carnage: It's a Wonderful Life.

Eddie Brock e Cletus Kasady recebem uma visita inesperada
em Amazing Spider-Man nº344 (1991)
  À medida que os anos foram passando, o sinistro glamour de Carnificina foi-se desvanecendo. Após uma fugaz aparição em 2004, no título New Avengers, o vilão foi dado como morto. Assim permanecendo na meia dúzia de anos seguintes, até que a minissérie Carnage o trouxe de volta ao mundo dos vivos. Antes, porém, da sua reunião com Cletus Kasady, o simbionte usou uma hospedeira temporária chamada Tanis Nieves.
  Em novembro de 2015, no âmbito do reboot do Universo Marvel decorrente da saga Secret Wars III, chegou às bancas norte-americanas Carnage, uma nova série mensal da autoria de Gerry Conway e Mike Perkins, que promete trazer Carnificina de volta à ribalta..
 
Capa do número inaugural da nova série de Carnificina.

Biografia: Foi tudo menos idílica a infância de Cletus Kasady. Devido à sua personalidade psicótica, o futuro hospedeiro do Carnificina teve sempre uma relação conturbada com a sua família, em particular com os seus progenitores.
   Ainda criança, Cletus assassinou a avó, empurrando-a por um lanço de escadas. Proeza que tentou reeditar pouco tempo depois com a mãe, ao atirar um secador de cabelo ligado à corrente para dentro da banheira onde a mulher fazia as suas abluções. Frustrado o matricídio, a vítima seguinte dos instintos sádicos do catraio foi o cão da família.
  Apanhado em flagrante pela mãe enquanto torturava o pobre animal, Cletus foi violentamente espancado por ela. Era tal o desespero da sua progenitora, que esta tentou matá-lo com as próprias mãos. Apenas a intervenção do pai de Cletus evitou nova tragédia familiar. Acabando, no entanto, por originar outra, ao matar a esposa com uma pancada certeira.
  Julgado pelo homicídio da sua cara-metade, o pai de Cletus foi incriminado em tribunal pelo filho. Acabando dessa forma sentenciado à morte na cadeira elétrica.
  Quanto a Cletus, foi enviado para um orfanato, onde as suas condutas antissociais fizeram dele o alvo preferencial dos abusos tanto dos outros residentes como do staff da instituição. Esse acúmulo de violência e rancor teria consequências explosivas: antes de deitar fogo ao orfanato, Cletus assassinou um dos seus administradores e uma rapariga que havia escarnecido o seu pedido de namoro.

Cletus Kasady escreve as suas próprias regras.

  Nos anos seguintes, Cletus passaria a justificar as suas atrocidades com uma bizarra doutrina libertária que preconiza que o Universo é, por definição, caótico. Do seu ponto de vista, a vida e as leis são fúteis, porquanto desprovidas de sentido. Por conseguinte, a propagação do caos e da desordem por via de chacinas aleatórias configuraria a suprema expressão de liberdade individual.
   Fiel a este postulado, Cletus tornou-se um assassino em série. Antes de ser finalmente capturado pelas autoridades, deixou uma pilha de cadáveres atrás de si. Crimes macabros que lhe valeriam uma pena de prisão perpétua a ser cumprida em Riker's Island.
   Num golpe de asa do Destino, Cletus Kasady teve como companheiro de cela ninguém menos do que Eddie Brock, a metade humana do famigerado Venom. Em atroz sofrimento, o simbionte invadiu a penitenciária a fim de libertar o seu hospedeiro. Causando, para esse efeito, uma fuga em massa dos reclusos.
   Brock estava no entanto longe de imaginar que a criatura estava grávida, e que dera à luz no meio do pandemónio instalado. Deixado para trás, o filhote do simbionte reclamou Cletus Kasady como seu hospedeiro. Dessa união nasceu o infame Carnificina.

O primeiro contacto do simbionte com o seu novo hospedeiro.

   Além de dotá-lo de superpoderes, o processo de simbiose potenciou a natureza psicótica de Kasady, tornando-o ainda mais sanguinário e mentalmente instável. Determinado em colocar em prática a sua doutrina homicida, Carnificina recorreu à lista telefónica para escolher a sua primeira vítima mortal. Seguindo-se um cortejo de mortes aleatórias que deixaram os nova-iorquinos em estado de choque.
  Previsivelmente, o rasto sangrento de Carnificina atraiu a atenção do Homem-Aranha. Levando em conta os depoimentos de testemunhas oculares dos crimes -que afirmavam que o assassino usava uma espécie de traje vivo - o Escalador de Paredes começou por atribui-los a Venom, mesmo não reconhecendo o modus operandi. No entanto, após uma investigação levada a cabo como Peter Parker, o herói concluiu que o culpado era na verdade o ex-colega de cela de Eddie Brock, Cletus Kasady.
  As pistas recolhidas pelo Homem-Aranha conduziram-no ao velho orfanato onde, em tempos, Cletus Kasady estivera internado. Local que serviu de palco ao primeiro confronto entre ambos, com o vilão a conseguir escapar.
  Percebendo que mesmo as suas fantásticas habilidades seriam insuficientes para derrotar Carnificina, o Homem-Aranha requisitou a ajuda do Quarteto Fantástico e de Venom, com quem forjou uma aliança temporária.
  Subjugado por esta coligação heterodoxa, Carnificina desapareceu da face da terra depois de ter, aparentemente, abandonado o seu hospedeiro.
 Cletus Kasady foi então enviado para o Asilo Ravencroft, instituição psiquiátrica especializada no tratamento de criminosos insanos. Transportando, sem que ninguém soubesse, o simbionte na sua corrente sanguínea. Ao que tudo indica, a criatura terá usado uma ferida no corpo de Cletus para se esconder no interior do seu organismo, evitando dessa forma ser detetada.
  Quando, algum tempo depois, um dos médicos de Ravencroft recolheu uma amostra de sangue de Cletus Kasady para análise, libertou inadvertidamente o simbionte. Sem perder tempo, Carnificina arrebanhou vários psicopatas superpoderosos, nomeadamente Carniça e Shriek, para tomarem de assalto Nova Iorque. Apesar da rápida intervenção do Homem-Aranha e seus aliados (entre os quais se incluía, uma vez mais, Venom), Shriek usou as suas habilidades psiónicas para induzir uma insaciável sede de sangue nos habitantes da cidade, fazendo com que eles se matassem uns aos outros.
   Na batalha final que opôs o séquito de Carnificina aos heróis reunidos para detê-los, estes últimos, ainda que a duras penas, saíram vitoriosos. Com Cletus Kasady a ser novamente confinado em Ravencroft (eventos narrados em Maximum Carnage/Carnificina Total).
  Mais recentemente, o vilão foi dado como morto após ter sido despedaçado em órbita pelo Sentinela. No entanto, seria mais tarde revelado que tanto o simbionte como o seu hospedeiro haviam, afinal, sobrevivido. Tudo indica que não seria Cletus Kasady a estar dentro do Carnificina quando tudo aconteceu.

Venom versus Carnificina: duelo simbiótico.

Apontamentos:

* Aquando da sua passagem pelo orfanato, o pequeno Cletus Kasady era inseparável do seu ursinho de peluche chamado Blinky. Brinquedo que fez questão de resgatar após a sua fuga da prisão;
* Kasady acredita que o seu simbionte é, na verdade, uma fêmea;
* Fã da banda de trash metal Anthrax, Kasady é obrigado a usar auscultadores para ouvir a sua música preferida sem ferir o simbionte;
* Tempos atrás, Kasady viu ser-lhe diagnosticado um cancro do estômago em fase terminal. Não voltaram, contudo, a ser feitas quaisquer referências à doença desde então;
* Em 2002, Carnificina foi a atração principal do parque temático da Marvel Halloween Horror Nights: Islands of Fear, baseado na saga Maximum Carnage. Por contraponto à história original, o vilão e seus aliados, depois de matarem todos os super-heróis, conseguiam mesmo dominar o mundo;
* O simbionte que atualmente usa Cletus Kasady como hospedeiro não é o original. Trata-se de um espécime similar proveniente da Zona Negativa.


Um aranhiço prestes a servir de refeição a dois simbiontes famintos.
Outros hospedeiros: 

  A despeito de ter em Cletus Kasady o seu hospedeiro primário, Carnificina já se fundiu temporariamente com outros indivíduos. A saber: John Jameson (filho do irascível diretor do Clarim Diário), Ben Reilly (o Aranha Escarlate), o Surfista Prateado (com quem formou o Carnificina Cósmico) e Tanis Nieves (a quem recorreu após a aparente morte de Kasady).
  Em qualquer dos casos, porém, o simbionte acabou sempre por voltar a mesclar-se com Cletus Kasady, a quem já por diversas ocasiões salvou de uma morte certa. Como aconteceu quando um médico, aproveitando a separação de Kasady do simbionte, tentou matá-lo para se tornar o novo Carnificina. A criatura, no entanto, rejeitou o hospedeiro alternativo e usou as suas propriedades regenerativas para curar os ferimentos infligidos a Kasady.

Lista (abreviada) de vítimas mortais:

*Avó Kasady;
* O diretor do orfanato onde Cletus passou parte da infância;
* Uma rapariga que rejeitou o seu pedido de namoro;
* Um guarda prisional;
* Vários agentes policiais;
* O vocalista dos Headbanger's Heaven;
* Vários passageiros do metro nova-iorquino;
* Todo os reclusos e guardas da penitenciária Kramer;
* Centenas de cidadãos anónimos que tiveram o azar de estar no sítio errado, à hora errada.

Quem disse que os monstros não existem?

Noutros media: Desde 2009 que Carnificina ocupa a 90ª posição na lista dos Melhores Vilões dos Quadradinhos de Todos os Tempos do IGN. Fora deles, a sua estreia no panorama audiovisual remonta a 1996. Ano em que participou em alguns episódios da terceira temporada da série Spider-Man. Apesar de algumas cambiantes, a sua versão animada era bastante fiel ao conceito primordial. Situação que se verificou, também. nas restantes séries de animação estreladas pelo Homem-Aranha em que foi marcando presença ao longo dos anos.
 Ainda sem lugar no efervescente Universo Cinemático da Marvel, Carnificina continua, no entanto, a marcar pontos nos jogos de vídeo baseados na mitologia da Casa das Ideias.E até já subiu ao palco na Broadway. Aconteceu em 2011, quando lá estreou a peça musical Spider-Man: Turn Off the Dark, com banda sonora de Bono e The Edge, dos U2. Retratado como um membro do Sexteto Sinistro, o vilão foi interpretado por Collin Baja.

Spider-Man musical.jpg
Cartaz promocional do musical do Homem-Aranha
 que deu a conhecer Carnificina ao espectadores da Broadway.

 
   

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