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05 novembro 2015

HERÓIS EM AÇÃO: RENEGADOS




  Cansado dos limites à sua liberdade de ação decorrentes da sua participação na Liga da Justiça, Batman reuniu o seu próprio grupo de meta-humanos. Entravam assim em cena os intrépidos Renegados que, muito por conta da primorosa arte de Jim Aparo, fizeram furor no início dos anos 80.

Nome original do grupo: The Outsiders (originalmente, Batman and the Outsiders)
Licenciadora: DC Comics
Criadores: Mike W. Barr (enredo) e Jim Aparo (arte)
Primeira aparição: The Brave and the Bold nº200 (julho de 1983)




Mike W. Barr e Jim Aparo, os obreiros do sucesso dos Renegados.


Membros fundadores: 




*Batman: Bruce Wayne, o melhor detetive do mundo e atleta de nível olímpico;
*Raio Negro (Black Lightning): Jefferson Pierce, mutante dotado de poderes bioelétricos;
*Halo: Avatar de uma entidade energética ancestral, Gabrielle Doe pode gerar auras multicoloridas e multifunções (cura, voo, campos de estase,etc.);
*Geoforça (Geo-Force): Brion Markov, príncipe herdeiro da Markóvia, a quem foram concedidos poderes geotérmicos;
*Katana: Tatsu Yamashiro, guerreira samurai proficiente em várias artes marciais e no manejo da espada Ceifadora de Almas;
*Metamorfo (Metamorpho): Rex Mason, ex-arqueólogo que, depois de ser exposto a um artefacto radioativo, adquiriu a capacidade de se transformar em qualquer elemento químico;

Membros atuais: 




*Raio Negro
*Halo
*Katana
*Metamorfo
*Geoforça
*Divina (Looker): Além de uma aparência deslumbrante, Emily Briggs detém poderes psiónicos e algumas características vampíricas, como a habilidade de transformar-se em névoa à noite;
*Grace: Grace Choi , meta-humana capacitada com superforça e propriedades regenerativas;
*Coruja (Owlman): Roy Raymond, Jr., um antigo apresentador de televisão caído em desgraça que procura imitar o Batman após a aparente morte deste;
*Robin Vermelho (Red Robin): Tim Drake, o terceiro Menino-Prodígio treinado por Batman;
*Cargueiro (Freight Train): Após ser infetado por um parasita alienígena, Eric Moran adquiriu a capacidade de absorver e manipular energia cinética;
*Olímpico (The Olympian): Achilles Warkiller, filho bastardo de Zeus, cujo Tosão de Ouro lhe confere capacidades sobre-humanas, como superforça e invulnerabilidade;
*Tormenta (Thunder): Filha de Raio Negro, Anissa Pierce nasceu com a habilidade de manipular a sua densidade corporal e de gerar ondas de choque;
*Rastejante (The Creeper): Jack Ryder, antiga vedeta televisiva, descobriu fazer parte de uma espécie demoníaca que tem como principal recurso o seu fator de cura.

A capa do último número de The Brave and the Bold anunciava a estreia dos Renegados

Batman troca a LJA pelos Renegados em Batman  and the Outsiders nº1 (1983).

Base de operações: Foram várias as sedes ocupadas pelos Renegados ao longo dos anos. A primeira  foi uma sala de reuniões numa cave secreta da Torre Wayne. Quando Batman deixou o grupo, os restantes membros tiveram de procurar novo patrono e novo quartel-general. Graças à generosidade do Rei Gregor - soberano da Markóvia e irmão de Geoforça - os Renegados ganharam uma estação aquática localizada ao largo da costa de Los Angeles. Após a reconciliação de Batman com a sua antiga equipa, a base de operações foi transferida para uma réplica da Bat-Caverna. Sob a liderança de Arsenal, seguir-se-ia nova mudança de instalações. Desta feita para um bunker abandonado, algures no Brooklyn (Nova Iorque). Após o regresso - e subsequente desaparecimento do Batman - os Renegados passaram a dispor de uma base de operações móvel a bordo do Bat-Foguetão, uma sofisticadíssima espaçonave capaz de realizar voos orbitais.

Heroísmo sem amarras (e, ocasionalmente, sem teto).

Origem: Durante uma viagem de negócios a Markóvia, Lucius Fox, diretor-executivo das Indústrias Wayne, é feito refém quando o país é invadido por forças hostis comandadas pelo Barão Bedlam. Batman pede à Liga da Justiça que organize uma operação de resgate, mas o grupo recebera ordens do Governo norte-americano para não intervir, sob pena de causar um incidente internacional.
  Agastado com a inércia dos seus companheiros de equipa, Batman decide avançar por conta própria. Recorrendo à ajuda de Raio Negro, parte para Markóvia numa missão secreta de alto risco. Nem tudo corre, porém, de acordo com os planos. Pouco depois de chegar ao terreno, Raio Negro é capturado por uma espadachim nipónica autodenominada Katana. Enquanto isso, o Homem-Morcego depara-se com uma jovem amnésica que alega chamar-se Halo. Apercebendo-se que ela serve de recetáculo a uma poderosa entidade energética, Batman convence-a a juntar-se ele.
  Na sequência do assassinato do Rei, o trono da Markóvia é ocupado pelo príncipe herdeiro, Gregor Markov. A vitória parece, no entanto, pender perigosamente para o lado dos invasores. Determinado em proteger o seu povo, Brion Markov - irmão mais novo do monarca recém-entronizado - submete-se a um experimento científico que lhe concede superpoderes.
  No palácio real encontrava-se também Metamorfo, que viajara até Markóvia na esperança de encontrar uma cura para a sua bizarra condição. Tanto ele como Brion acabam, no entanto, capturados pelas tropas inimigas. Não muito longe dali, Batman tem igual sorte, sendo os três depois levados à presença do Barão Bedlam. Este explica-lhes que o seu pai fora o regente da Markóvia designado pelos nazis na II Guerra Mundial, e que pretende agora reclamar o trono.
  Com a ajuda de Katana, o trio escapa da prisão e, juntos, tentam deter Bedlam. O vilão havia entretanto adquirido capacidades meta-humanas ao submeter-se à mesma experiência científica que transformara o príncipe Brion no Geoforça. Após uma encarniçada peleja com as forças de Bedlam, Markóvia é enfim libertada.
  No final, Batman sugere que os seis heróis formem uma equipa. Metamorfo interroga-se se um bando de renegados será capaz de trabalhar em conjunto. Pegando nestas palavras, Geoforça batiza o grupo de Renegados.

O momento fundador dos Renegados.
Histórico de publicação: Após a sua estreia na derradeira edição de The Brave and The Bold, em julho de 1983, logo no mês seguinte os Renegados ganharam a sua própria série mensal. Originalmente titulada Batman and the Outsiders, até abril de 1986 foram publicados 32 números. Importa ainda observar que essa fase inicial do grupo era da autoria dos seus criadores (Mike W. Barr e Jim Aparo). A série seria, porém, posteriormente  renomeada apenas como The Outsiders. Até ao seu cancelamento, em fevereiro de 1988, foram lançadas 26 edições.
  O grupo principiava, assim, uma carreira heroica com muitos altos e baixos mas que mudaria para sempre a vida dos seus membros. E foram muitos, já que os Renegados tiveram várias reconfigurações e lideranças ao longos dos anos. Fica aqui um apanhado delas:

* Os Renegados de Geoforça: Após o abandono de Batman, a equipa ficou órfã de liderança e esteve prestes a dissolver-se. O que só não aconteceu porque Geoforça, entretanto declarado um traidor na Markóvia, requereu a ajuda do grupo para enfrentar os vampiros que dominavam a sua pátria.
  Já com Divina nas suas fileiras, os Renegados foram então reforçados por Fausto, Tecnocrata e Cavaleiro Atómico.
  Durante o confronto inicial com os vampiros, Divina foi, aparentemente, morta pelas criaturas. Forçados a bater em retirada para Gotham City, os Renegados sofreram mais baixas. Halo e a esposa do Tecnocrata sucumbiram quando o grupo enfrentava o falso Batman (Jean-Paul Valley) que agora patrulhava a cidade.

A segunda vida dos Renegados (agora sem Batman) começou em The Outsiders nº1 (1985).

  No entanto, quer Halo quer Divina haviam, afinal, sobrevivido. O espírito da primeira reencarnou no corpo da esposa do Tecnocrata, ao passo que a segunda era agora uma mescla de humana e vampira.
 Mesmo após expulsarem os vampiros da Markóvia, os Renegados (agora divididos em dois grupos), continuaram a operar clandestinamente devido à conduta questionável de alguns dos seus integrantes. Que acabariam por separar-se pouco tempo depois.
Histórico de publicação: A segunda série de The Outsiders durou precisamente 2 anos (novembro de 1993 a novembro de 1995), período ao longo do qual foram editados 26 volumes.


*Os Renegados de Arsenal: Nesta sua terceira encarnação, o grupo poucas ligações manteve com as suas versões pregressas. Na sequência da dissolução dos Titãs e da Justiça Jovem - e apesar das objeções de Asa Noturna - Arsenal aceitou o patrocínio oferecido por um poderoso conglomerado industrial. Recursos que utilizou para adquirir uma nova base de operações e uma parafernália tecnológica.

Renegados de cara lavada para o novo século.

  Para as fileiras do grupo foi recrutado um contingente de jovens heroínas. Foram os casos de Jade, Graça e Tormenta. Da equipa original apenas restava Metamorfo. Mais tarde seria a vez de o próprio Asa Noturna se lhes juntar. Foi dele que partiu, aliás, a ideia de resgatar ao oblívio o nome Renegados. Assim como também foi ele quem definiu a orientação da equipa: prevenir ataques perpetrados por supervilões.
 Porém, devido às profundas divergências entre Arsenal e Asa Noturna, os Renegados acabariam por perder o foco. Circunstância que ditaria o seu desmantelamento pouco tempo depois.
Histórico de publicação: No quadriénio 2003-2007 chegaram às bancas 50 números desta terceira série de Outsiders.

*Os Renegados de Batman: Pouco depois de ter reassumido a liderança da equipa, Batman foi dado como morto. Desorientados, os restantes membros foram alvo de um ataque por parte da organização terrorista conhecida como Luva Negra. Em consequência disso, Tormenta ficou entre a vida e a morte. E, com ela, o próprio grupo. Que foi, no entanto, salvo pela intervenção de Alfred Pennyworth. Obedecendo à última vontade do seu amo, o fiel mordomo de Bruce Wayne reuniu os Renegados originais. Sendo o Coruja a única novidade neste elenco que marcou o regresso do grupo às suas raízes.
  O grupo logo recebeu, porém, novos integrantes (Cargueiro e Olímpico) e passou a ser liderado por Robin Vermelho. Teria, no entanto, existência breve, com vários dos seus elementos a serem dados como mortos após uma explosão.
Histórico de publicação: Entre 2007 e 2011, foram editados 40 volumes distribuídos pela segunda série de Batman and the Outsiders (15) e pela quarta série de Outsiders (25). A equipa migraria depois para o título Batman Inc, onde permaneceu até 2013.


Número inaugural do redivivo Batman and The Outsiders (2007). 
Notas: 

* A despeito de os Renegados terem sido introduzidos na continuidade da DC que antecedeu Crise nas Infinitas Terras,  a sua existência na nova cronologia da editora permaneceu intacta.No entanto, alguns elementos das suas histórias antigas poderão ter sido alterados ou removidos, pelo que deverão ser considerados apócrifos;
* Não é claro quando é que os eventos de Crise nas Infinitas Terras tiveram lugar na cronologia dos Renegados. Circunstância que não permite estabelecer uma fronteira nítida entre a sua existência na Terra 1 e na Nova Terra. Durante os eventos desenrolados na saga, alguns dos seus membros tiveram participação ativa neles ao passo que outros primaram pela ausência. Foram os casos, respetivamente, de Halo e de Divina;
* Na continuidade saída de Os Novos 52, os Renegados foram reconvertidos numa antiga sociedade secreta composta por diversos clãs, tendo por missão eliminar a corrupção.Estando, no entanto, ela própria corrompida. Facto que motivou um conflito com o Arqueiro Verde, nas páginas de Green Arrow.

Os vários clãs que compõem os Renegados em Novos 52.


Noutros media: Com pouca expressão fora da BD, a estreia televisiva dos Renegados ocorreu em Batman: The Brave and Bold (2008-11), série animada estrelada pelo Cavaleiro das Trevas. Nela, os membros originais do grupo surgiram reimaginados como heróis adolescentes.
 Ainda no campo da animação, Katana e Metamorfo surgiram em diversos episódios de Beware the Batman (2013-14). Com a heroína nipónica a ter um papel fundamental, fazendo as vezes de Robin.
 No que diz respeito a séries de ação real, num episódio da terceira temporada de Arrow, Katana refere-se a ela e ao Arqueiro Vendo como "renegados".

Renegados reunidos na 2ª temporada de Batman: The Brave and The Bold.





     

28 outubro 2015

ETERNOS: JIM APARO (1932-2005)




   Diletante da 9ª arte, inscreveu o seu nome em letras douradas na história da DC Comics, para a qual criou várias personagens de relevo. Reverenciado por fãs e colegas de ofício, o seu traço ficará para sempre associado a algumas das mais memoráveis sagas do Cavaleiro das Trevas.

Biografia e carreira: No dia 24 de agosto de 1932, a pequena cidade de New Britain, no estado norte-americano do Connecticut, viu nascer um dos seus mais ilustres habitantes. James N. Aparo, de cuja vida familiar quase nada se sabe, cedo se interessou pela arte do desenho, revelando possuir um talento inato nesse campo. 
  Autodidata, por volta dos 20 anos tentou a sua sorte na indústria dos quadradinhos, submetendo o seu portfólio à apreciação dos editores da EC Comics. Aqueles não ficaram, no entanto, particularmente impressionados e recusaram contratá-lo. Face a este revés, o jovem Aparo voltou-se para o ramo publicitário. Sem nunca desistir do seu sonho de ter uma carreira ligada à 9ª arte, nas décadas seguintes especializar-se-ia em desenhar anúncios de moda a serem publicados nos tabloides.
  Corria o ano de 1963, quando Aparo teve nova oportunidade para mostrar o seu valor artístico. Por essa altura foi convidado a desenhar Stern Wheeler, uma tira escrita por Ralph Kanna e publicada num jornal de Hartford - cidade também localizada no Connecticut para onde o artista se mudara com a família. Apesar de efémera, a experiência teve o condão de projetar o trabalho desenvolvido por Aparo. 
  Em 1966, Dick Giordano (então editor-chefe da Charlton Comics) contratou Jim Aparo como ilustrador freelancer. Funções que desempenhou inicialmente em historietas humorísticas publicadas na série Go-Go Comics. Algum tempo depois assumiria, porém, a arte do Fantasma ( herói clássico criado em 1936 por Lee Falk), cujos direitos de publicação eram à época propriedade da Charlton. Ao longo desta sua passagem pela editora que deu a conhecer ao mundo personagens como o Capitão Átomo e o Besouro Azul, Aparo desdobrou-se numa grande variedade de géneros: tanto emprestava o seu traço a westerns como a histórias de ficção científica, romance ou espionagem. Uma das séries onde, de resto, mais sobressaiu o seu talento foi James Bond.

O mais famoso dos agentes secretos britânicos pelo traço de Jim Aparo.

  Embora o grosso do seu trabalho tenha consistido na ilustração de pequenas narrativas incluídas em títulos antológicos da Charlton, Aparo desenhou igualmente a quadrinização das tiras do Fantasma e histórias avulso do Capitão Átomo.
  À versatilidade, Aparo aliava uma admirável capacidade de trabalho. Tanto assim que era um dos poucos artistas na indústria dos quadradinhos que acumulava as funções de arte-finalista, colorista - e até letrista - com as de ilustrador. 
  Quando, em 1968, Dick Giordano trocou a Charlton pela DC, fez questão que Jim Aparo o acompanhasse nessa mudança. Oferecendo-lhe, para isso, um emprego como desenhador de uma das personagens de charneira da Editora das Lendas: ninguém menos do que Aquaman. Aparo aceitou de bom grado a oferta, negando-se, porém, a desertar da Charlton.
 Confirmando o seu enorme arcaboiço profissional, nos primeiros tempos - e graças à periodicidade bimestral dos dois títulos por cuja arte era agora responsável - Aparo conseguiu conciliar o seu trabalho em ambas as editoras.
 À semelhança do que fazia na Charlton, Aparo distinguir-se-ia na DC pela sua polivalência ao desenhar, arte-finalizar e colorir as aventuras do Soberano dos Sete Mares. Em consequência do sucesso comercial destas, a DC contratou-o para ilustrar também as histórias do Vingador Fantasma. Circunstância que motivaria a sua saída definitiva da Charlton. 
 Todavia, na sequência do cancelamento de Aquaman, a periodicidade bimestral de Phantom Stranger revelou-se insuficiente para satisfazer o afã criativo de Aparo, rotinado em produzir uma página por dia. A DC adjudicou-lhe então pequenas empreitadas artísticas em títulos como House of Mistery e House of Secrets.
  Consta que, por esses dias, Carmine Infantino (então editor-chefe da DC) o terá pressionado a aumentar o número de páginas produzidas. Ao que Aparo terá simplesmente retrucado se ele preferia um trabalho rápido ou de qualidade. Tanto quanto se sabe, Infantino terá escolhido a segunda opção.
  No início da década de 1970, Jim Aparo assumiu a arte de The Brave and the Bold, uma das mais emblemáticas séries regulares da DC. Seria, de resto, nela que levaria a cabo um dos mais meritórios trabalhos da sua prolixa carreira.

Umas das muitas capas de The Brave and the Bold desenhadas por Aparo.

  Durante mais de uma década, a periodicidade bimestral de The Brave and the Bold permitiu a Jim Aparo desenvolver diversos projetos paralelos para a DC. Ao mesmo tempo que se assumia com um dos capistas de referência da editora, emprestou o seu traço às histórias do Espectro e de um renovado Aquaman em Adventure Comics. A sua consagração definitiva seria, porém, alcançada por via do trabalho executado nas histórias a solo de Batman em  Detective Comics. Título cuja arte tomou a seu cargo em outubro de 1973, iniciando assim uma duradoura ligação ao universo do Cavaleiro das Trevas.
 À medida que os anos foram passando, foi-se estreitando essa conexão. Quando, em 1980, a DC apostou na primeira minissérie do Homem-Morcego, coube a Aparo arte-finalizar os esboços de John Byrne no primeiro número, assumindo ele próprio a ilustração dos restantes.
  Entretanto, em 1983, foi anunciado o cancelamento de The Brave and the Bold ao fim de duas centenas de edições. No seu lugar surgiu Batman and the Outsiders. Celebrizados junto do público lusófono como Renegados, tratava-se de um grupo de heróis chefiado pelo Homem-Morcego que operava na semiclandestinidade. Com o escritor Mike W. Barr, Jim Aparo foi coautor daquela que seria, nos alvores dos anos 1980, uma das mais bem-sucedidas séries da DC. No entanto, quando o fulgor de Outsiders (agora já sem Batman no elenco) se começou a desvanecer, os editores pediram a Aparo que assegurasse apenas a ilustração das histórias. Interrompendo dessa forma a tradição de o artista colorir e arte-finalizar o seu próprio trabalho.

Batman and the Outsiders foi uma das coqueluches da DC no início dos anos 80.
Metade dos membros da equipa (Katana, Halo e Geoforça) foram criados por Jim Aparo.

  Agora em colaboração com o escritor Jim Starlin (perfil já publicado neste blogue), em dezembro de 1987, Aparo reassumiu a arte de Batman. Um dos primeiros arcos narrativos produzidos por esse verdadeiro duo dinâmico da 9ª arte foi Ten Nights of the Beast, no qual foi introduzido o KGBesta. Antigo agente especial do KGB soviético treinado para ser uma arma mortífera, esta personagem tornar-se-ia nos anos seguintes um dos mais temíveis adversários do Homem-Morcego.
  Mantendo intacto o seu vínculo ao universo do Cavaleiro das Trevas, o nome de Jim Aparo ficará para sempre associado a duas das mais impactantes sagas protagonizadas pelo herói: A Death in the Family (1988-89) e Knight Fall (1993-94). Recorde-se que, na primeira, é apresentada a morte do Robin Jason Todd, ao passo que a  segunda tem na capitualação de Batman às mãos de Bane o seu clímax. Recorde-se, também, que ambas já foram objeto de análise neste blogue.
  Após um breve período em que Aparo voltou a acumular as funções de desenhador, arte-finalista e colorista nas histórias do Batman, em 1992 assumiria pela última vez a arte de uma série regular da DC. Em Green Lantern (título em que trabalhou ao longo de 19 edições), ele e o argumentista Kelley Puckett criaram Conner Hawk, o filho do Arqueiro Verde que substituiu temporariamente o herói original dado como morto.
  Entre os finais da década de 1990 e os primeiros anos deste século, o trabalho de Jim Aparo consistiu fundamentalmente na ilustração de minisséries e edições especiais estreladas pelo Batman. Personagem pela qual o artista sempre demonstrou um enorme carinho e respeito. Não sendo, portanto, surpreendente que o seu canto do cisne nos meandros da 9ª arte se haja materializado na ilustração da capa de Batman in the Eighties, antologia de algumas das melhores histórias do Homem-Morcego na década de 80. Obra levada à estampa em 2004, dois anos antes da publicação póstuma da arte de Aparo para o final alternativo de A Death in the Family em Batman Annual nº25.

Batman depara-se com o corpo sem vida do Menino-Prodígio em A Death in the Family (Morte na Família).

  Antes,  no dia 19 de julho de 2005, Aparo deixara mais pobre o mundo da banda desenhada com a sua morte. Cujas causas não são até hoje consensuais: algumas fontes atribuem-na a uma batalha perdida contra um cancro, embora no comunicado oficial emitido pela família do artista seja feita referência a uma doença recente não especificada. Seja como for, num gesto de homenagem e gratidão reservado apenas àqueles que se tornaram lendas ao seu serviço, a DC dedicou duas páginas à memória de Jim Aparo publicadas em Batman nº644 e Detective Comics nº811. Porque, bem vistas as coisas, a imortalidade mais não é do que um terreno disputado ao esquecimento. E Jim Aparo viverá para sempre na memória de quem venera o seu extraordinário legado.
 
Autorretrato caricaturado de Jim Aparo.
    
Prémios e distinções: Apesar da longevidade e do prestígio da sua carreira artística, foram somente dois os prémios arrecadados por Jim Aparo. O primeiro, um Shazam Award para Melhor História Dramática, foi dividido em 1972 com o escritor John Albano. Na origem dessa distinção esteve The Demon Within, pequena narrativa publicada em House of Mistery nº201.
  Mais de duas décadas volvidas, em 1993, conquistaria outro importante galardão. Desta feita um Inkpot Award, prémio anual reservado a profissionais ligados à banda desenhada, animação e ficção científica.
  Nada mal para um diletante da 9ª arte que subiu a pulso na competitiva indústria dos comics, e cujo incontestável talento é ainda hoje uma referência para outros desenhadores ou aspirantes a tal.

Um grande senhor da 9ª arte.