12 julho 2018

RETROSPETIVA: «JUSTICEIRO - ZONA DE GUERRA»



  Nesta sua terceira ofensiva  cinematográfica -  a primeira sob o estandarte Marvel Knights - o mais implacável dos anti-heróis venceu a batalha contra um dos seus arqui-inimigos mas perdeu a guerra das bilheteiras. Polémico e violento como o seu protagonista, o filme pagou o preço de ter sido feito a pensar nos fãs.

Título original: Punisher: War Zone 
Ano: 2008
País: EUA e Canadá
Duração: 103 minutos
Género: Ação
Produção: Lionsgate e Valhalla Motion Pictures
Realização: Lexi Alexander
Argumento: Art Marcum, Matt Holloway e Nick Santora
Distribuição: Lionsgate Films e Marvel Studios
Elenco: Ray Stevenson (Frank Castle / Justiceiro), Dominic West (Billy Russotti / Retalho), Julie Benz (Angela Donatelli), Colin Salmon (Paul Budiansky), Doug Hutchison ( James Russotti), Dash Mihok (Martin Soap) e Wayne Knight (Linus Lieberman  / Microship)
Orçamento: 35 milhões de dólares
Receitas: 10,1 milhões de dólares

A sequela que virou reboot

Em fevereiro de 2004, dois meses antes da chegada aos cinemas de The Punisher, a Lions Gate Entertainment  surpreendeu meio mundo ao anunciar a sua intenção de produzir uma sequela. Avi Arad, presidente-executivo dos Estúdios Marvel, chegou mesmo a vangloriar-se de que essa seria a quinta franquia cinematográfica baseada na mitologia da Casa das Ideias.
Também o realizador Jonathan Hensleigh sinalizou o seu interesse em dirigir o segundo capítulo da saga do Justiceiro no grande ecrã. Personagem que Thomas Jane se mostrara entretanto disponível para voltar a encarnar. Numa entrevista concedida, por aqueles dias, a uma publicação especializada, o ator chegou mesmo a confidenciar que The Punisher 2 teria o Retalho como vilão principal.
Contudo, por conta da dececionante prestação de The Punisher, o projeto para a realização de uma sequência direta seria deixado em banho-maria nos três anos seguintes. Período durante o qual Jonathan Hensleigh escreveu um primeiro rascunho do guião, que deixou para trás quando resolveu bater com a porta, em meados de 2006.
Nesse mesmo ano, John Dahl foi sondado para ocupar a vaga deixada por Hensleigh, mas as negociações não chegaram a bom porto. Ao que consta, o realizador terá ficado desagradado com a fraca qualidade do enredo, e mais ainda com a recusa dos produtores em abrirem os cordões à bolsa.
Meses depois, em maio de 2007, Thomas Jane seguiria as pisadas de Dahl, invocando os mesmíssimos motivos. Com efeito, após ler o novo guião, da autoria de Kurt Sutter, o ator teve o seguinte desabafo no decorrer de uma entrevista radiofónica: "Aquilo que eu nunca farei é desperdiçar meses da minha vida a dar o litro por um filme em que não acredito. Adoro os tipos da Marvel e desejo-lhes as maiores felicidades. Entretanto, continuarei à procura de projetos que não me venham a causar embaraços no futuro." 
Poucas semanas volvidas sobre estas declarações de Jane, os Estúdios Marvel anunciaram os nomes do novo realizador e do novo ator principal: respetivamente, Lexi Alexander (uma jovem cineasta germânica) e Ray Stevenson (ator nascido na Irlanda do Norte que, até aí, apenas numa ocasião fora cabeça de cartaz). De caminho foi ainda anunciado que o filme não seria afinal uma sequela, mas sim um relançamento da franquia do Justiceiro.

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Ray Stevenson e Lexi Alexander foram os eleitos
 para dar um novo elã ao Justiceiro.
Esta seria, de facto, a segunda tentativa nesse sentido, na medida em que The Punisher fora, também ele, um reboot da longa-metragem homónima de 1989, protagonizada por Dolph Lundgren.
Provisoriamente intitulado Punisher: Welcome Back, Frank, o projeto seria entretanto renomeado de Punisher: War Zone. Com a respetiva rodagem a ter lugar na cidade canadiana de Montreal, entre outubro e dezembro de 2007.
A estreia, essa, ficou agendada para 12 de setembro de 2008. O filme acabaria, no entanto, por chegar aos cinemas norte-americanos apenas três meses depois, em dezembro desse mesmo ano. Somada a esse inopinado adiamento, a ausência de Lexi Alexander na ComicCon de San Diego aquando da divulgação do primeiro trailer oficial de Punisher: War Zone deu azo a rumores acerca de uma eventual demissão da realizadora, o que a própria se apressaria a desmentir.
Numa entrevista concedida em 2015, Lexi Alexander reconheceu terem havido, no entanto, conflitos criativos com a Lionsgate e que não foi da sua responsabilidade a edição final da película. Não obstante, a realizadora declarou-se muito feliz com a sua obra e desvalorizou as reações adversas que a mesma suscitou por parte do público e da crítica. "Foi o preço a pagar por ter honrado o meu compromisso de fazer um filme a pensar nos fãs", atalhou Alexander.
Punisher: War Zone teve ainda a particularidade de ser o primeiro filme a ostentar o selo Marvel Knights. À semelhança do que já acontecia na banda desenhada, a ideia era apostar em personagens menos conhecidas e em temáticas vocacionadas para uma audiência madura. Em 2012, Ghost Rider 2 seria a segunda - e, até à data, última - produção emanada desse projeto.


Retalho, as cicatrizes do ódio

Um dos mais antigos e perigosos inimigos do Justiceiro, Retalho fez a sua estreia em outubro de 1976, nas páginas de Amazing Spider-Man nº161. Len Wein e Ross Andru foram os seus criadores e crismaram-no originalmente de Jigsaw por ser esse o nome dado em inglês aos quebra-cabeças cujas peças, quando corretamente encaixadas, formam uma imagem. Processo em tudo semelhante àquele que os cirurgiões levaram a cabo para reconstruir a face estraçalhada do vilão após o seu dramático confronto com Frank Castle.
Antes da sua transformação em Retalho, Billy Russo era um brutal assassino ao serviço do sindicato internacional do crime conhecido como Maggia. Devido à sua boa aparência, Billy fora alcunhado pelos seus pares de O Belo, sendo também um dos sicários de eleição do poderoso clã Costa. Foi precisamente nessa sua qualidade que Billy teve participação indireta no massacre da família de Frank Castle, que testemunhara acidentalmente a execução sumária de membros de um clã rival dos Costas.

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Em cima: Billy Russo antes
 da sua horrivel transformação no Retalho.

Após uma tentativa falhada de liquidar o Justiceiro, Billy foi por ele confrontado num clube noturno e acabou por atravessar de cabeça um enorme painel de vidro. Apesar de ter sobrevivido aos graves ferimentos infligidos, Billy teve o seu rosto horrivelmente desfigurado.
Mais sádico do que nunca, Billy passou a responder apenas por Retalho e a usar a sua hedionda aparência para aterrorizar as suas vítimas. Jurou também vingar-se do Justiceiro e em diversas ocasiões ficou muito perto de consumar esse desejo.
Além de ser um atirador exímio e um assassino de sangue-frio, Retalho possui também uma extraordinária tolerância à dor, que faz dele um osso duro de roer em combates mano a mano.

 Microchip, o (in)fiel escudeiro tecnológico

Criação de Mike Baron e Klaus Janson, Microchip foi introduzido nas histórias do Justiceiro em The Punisher Vol.1 nº4 (novembro de 1987).
De seu nome verdadeiro David Linus Lieberman, Microchip foi em tempos engenheiro de armamento e é um prodígio da informática. Atributos que foram de grande valia para um Justiceiro em início de carreira, de quem Microchip se tornou uma espécie de escudeiro tecnológico na sua sangrenta cruzada contra o crime.
Originalmente, Microchip era apenas o sujeito a quem Frank Castle recorria sempre que necessitava de algum tipo de equipamento especial para executar uma missão. Após a morte do seu filho, David Lieberman assumiu, porém, um papel mais ativo na guerra privada do Justiceiro contra a Máfia nova-iorquina.

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Microchip foi o que de mais parecido
 com um amigo o Justiceiro alguma vez teve.
Sem nunca negligenciar a componente logística, Microship usava simultaneamente os seus talentos informáticos para, entre outras coisas, piratear os servidores da Máfia ou para branquear o dinheiro confiscado pelo Justiceiro a narcotraficantes.
Mesmo sem possuir o sangue-frio de Castle, foi Microchip quem, em vários momentos, impediu o colapso emocional do Justiceiro. Quando este ficou descontrolado e embarcou numa espiral mortífera, Microchip manteve-o em quarentena e arranjou um substituto para patrulhar as ruas de Nova Iorque.
Por mais bem-intencionadas que tenham sido as ações do seu aliado, aos olhos do Justiceiro tratou-se de uma traição imperdoável. Sentimento que nem a morte de Microchip  às mãos de um bandido amenizou.
Estava prevista a participação de Microchip no anterior filme do Justiceiro com Thomas Crane (já aqui esmiuçado), mas a antipatia visceral do realizador Jonathan Hensleigh pela personagem ditou a sua exclusão da versão final do enredo.

Sinopse

Há cinco anos que o Justiceiro vem travando uma guerra sem quartel contra as famílias mafiosas de Nova Iorque. E, como em qualquer guerra, os danos colaterais são inevitáveis.
Certa noite, depois de invadir o palacete do "padrinho" Gaitano Cesare e de chacinar todos os seus asseclas e convidados, o Justiceiro mata por engano um agente infiltrado do FBI chamado Nicky Donatelli.
No meio do caos instalado, Billy "O Belo" Russotti, um dos lugares-tenentes de Cesare, consegue escapar com vida. O Justiceiro parte de imediato no seu encalço, acabando por encurralá-lo numa fábrica de reciclagem.
Após um breve tiroteio, Billy cai numa gigantesca moedora de vidro. Sem pestanejar, o Justiceiro aciona o mecanismo e Billy, apesar de sobreviver, tem o seu rosto retalhado.

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A última ceia do clã Cesare.
Agora rebatizado de Retalho, Billy e os seus homens libertam o mais novo dos irmãos Russotti, que se encontrava trancafiado num hospício devido aos seus atos de canibalismo.
Enquanto isso, o agente Paul Budiansky, ex-parceiro de Nicky Donatelli, junta-se ao Destacamento Especial da Polícia de Nova-Iorque que tem como missão capturar o Justiceiro. Com a ajuda do detetive Martin Soap (o outro único membro do referido destacamento), Budiansky começa a investigar o passado de Frank Castle ficando atónito com as centenas de mortes com assinatura do Justiceiro.
Consternado com a morte de Donatelli, o Justiceiro procura, em vão, reparar a perda sofrida pela viúva e pela filha do agente. As trágicas consequências das suas falhas levam-no a querer colocar um ponto final na sua campanha contra o crime organizado, mas é demovido de fazê-lo por Microchip, o seu braço-direito.
Retalho e a sua trupe invadem a casa da família Donatelli e raptam a viúva e a filha do agente acidentalmente assassinado pelo Justiceiro. Quando este se prepara para resgatá-las é detido pelo agente Budiansky. É, contudo, ajudado a fugir pelo detetive Soap e consegue libertar as reféns. Os irmãos Russotti são, entretanto, presos por Budiansky.

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Habituado a rir-se da Justiça,
Retalho aprendeu a não se rir do Justiceiro.
Depois de negociarem com o FBI a sua imunidade total em troca de informações acerca de um carregamento biológico encomendado pela Máfia russa, os irmãos Russotti saem em liberdade e não perdem tempo em vingar-se do Justiceiro.
Os dois invadem o esconderijo do Justiceiro onde se encontravam refugiadas a mulher e a filha do agente Donatelli e voltam a sequestrá-las, assim como a Microchip. O grupo serve de engodo para atrair o Justiceiro para uma cilada montada com a ajuda de várias quadrilhas com contas a ajustar com Castle.
Por entre uma intensa chuva de balas, o Justiceiro consegue tomar de assalto um dos pisos do hotel onde Retalho e seus aliados se encontram acantonados, deixando uma pilha de cadáveres à sua passagem.
Após um violentíssimo combate corpo a corpo com o irmão de Retalho, o Justiceiro vê-se perante um dilema: salvar a vida de Microchip ou das reféns.
Quando Retalho mata Microchip com um tiro na cabeça, o Justiceiro investe furiosamente sobre o vilão, acabando por trespassá-lo com uma vara metálica antes de atirar o seu corpo moribundo para o meio das labaredas que consumiam o vestíbulo do hotel.
Perdoado pela viúva de Donatelli, o Justiceiro arrepia caminho acompanhado pelo detetive Soap que o tenta convencer a pôr fim à sua carreira como vigilante urbano. Soap muda, no entanto, rapidamente de ideias ao ser abordado por um assaltante armado, o qual é prontamente ceifado por um tiro certeiro do Justiceiro.

Trailer



Curiosidades

*Para estar à altura de um papel tão exigente no capítulo físico, Ray Stevenson submeteu-se a um rigoroso programa de treino militar ministrado pelos Fuzileiros Navais dos EUA;
*Da boca de Ray Stevenson não sai uma única palavra nos primeiros 25 minutos do filme. No restante tempo, o ator improvisou várias falas graças ao seu profundo conhecimento das histórias originais do Justiceiro que serviram de base ao enredo;
*Martin Soap, o detetive da polícia nova-iorquina aliado de Castle, é uma personagem retirada de Welcome Back, Frank, série que em abril de 2000, após um longo hiato, marcou o regresso do Justiceiro aos quadradinhos pela mão da dupla criativa Garth Ennis e Steve Dillon, Já Paul Budiansky, o agente do FBI apostado em capturar o Justiceiro, fora introduzido em 2007 na saga Widowmaker inclusa no sétimo volume de The Punisher;
*Palco do confronto final entre o Justiceiro e Retalho, o Hotel Bradstreet é uma homenagem a Timothy Bradstreet, um dos mais aclamados capistas de The Punisher;

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Justiceiro sob o traço de Tim Bradstreet.
*Dominic West despendia diariamente três horas na sala da caracterização: duas para colocar as próteses faciais do Retalho, e outra para removê-las. Experiência que, em entrevistas posteriores, o ator jurou não mais querer repetir;
*À semelhança do Joker em Batman (1989), Billy Russotti é um gângster psicótico que, depois de ficar desfigurado, assume o comando do clã mafioso para o qual trabalhava. A par de Sin City (2005), especula-se que o filme do Cavaleiro das Trevas dirigido por Tim Burton poderá ter sido uma das principais referências para Punisher: War Zone;
*Ex-campeã de karaté e ex-dupla de cinema, a realizadora Lexi Alexander participou, lado a lado com Ray Stevenson, nos treinos de tiro ao alvo sob a orientação de um ex-instrutor das Forças Especiais norte-americanas;
*Mais de 120 armas de diferentes tipos foram utilizadas na rodagem do filme, ao longo do qual o Justiceiro é responsável por 81 mortes;
*Por considerá-lo pueril, Lexi Alexander pretendia descartar o símbolo da caveira na indumentária do Justiceiro. Enfrentou. contudo, a feroz oposição dos fãs que, ao invés, exigiam que o símbolo fosse mais percetível do que no filme anterior. O resultado final foi uma caveira esbatida, em tudo semelhante àquela que, quatro anos antes, Thomas Jane ostentara em The Punisher;
*A par da trilogia de Blade, The Punisher: War Zone é um dos poucos filmes baseados no panteão da Marvel que não contam com uma pequena participação de Stan Lee. Isto porque o antigo mestre-de-cerimónias da Casa das Ideias não teve qualquer envolvimento na conceção do Justiceiro (criado em 1974 por Gerry Conway, John Romita Sr. e Ross Andru);
*Na cena final do filme, quando o detetive Soap está a tagarelar sozinho e é abordado por um assaltante armado num parque fronteiro a uma igreja, o letreiro de néon onde se podia ler "Jesus Saves" ("Jesus Salva") apaga-se parcialmente, deixando apenas visível a palavra "Saves", quando o Justiceiro abate o meliante que intimidava o seu amigo.

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Anjo vingador.

Veredito: 60%

Desde que, na viragem do milénio, os grandes estúdios de Hollywood perceberam enfim o enormíssimo potencial monetário e as imensas possibilidades de experimentação no campo das adaptações de super-heróis ao cinema, os espectadores têm sido brindados com sucessivas levas desse material.
Uma grande percentagem dessas obras pouco ou nada acrescenta, porém, à cultura cinematográfica. Quanto muito, limitam-se a servir generosas doses de alienação. Não obstante, se olharmos para lá dos compromissos sociais e políticos e das viciadas abordagens puramente ideológicas, poderemos identificar algumas de apurada constituição formal e estética, embora quase nunca narrativa.
Vejam-se, a título exemplificativo, os visualmente estupendos Sin City (2005) e Watchmen (2009). De permeio surgiu, por entre balas, sangue e violência extrema, este Justiceiro - Zona de Guerra, o terceiro - e, na minha modesta opinião, o melhor - filme baseado naquele que é um dos mais carismáticos e controversos anti-heróis da banda desenhada.
Sob a competente batuta de Lexi Alexander, a película mostra elementos inovadores, abordados com menor intensidade ou até mal trabalhados em produções anteriores, os quais terão sido diminuídos por uma filosofia em que as questões morais prevaleciam. Ora, é precisamente neste ponto que Justiceiro - Zona de Guerra se assume como revolucionário ao apresentar um Frank Castle decalcado dos quadradinhos e, logo, intrinsecamente amoral.
Tal como o Motoqueiro Fantasma ou Spawn, o Justiceiro é o epítome de um anti-herói exterminador que, apesar de alguns resquícios de humanidade, é implacável com aqueles que considera culpados.
Em harmonia com essas suas idiossincrasias de viés fascizante, tanto o protagonista como o filme, mercê do seu conteúdo ideológico, são rancorosos, amorais e insaciáveis de sangue. O princípio da ação pela situação é, assim, a linha-mestra no desenvolvimento narrativo. Com a história a assentar em três vetores: o trágico passado de Frank Castle, o sadismo de Retalho e a precária relação do Justiceiro com a família da sua vítima inocente.
O argumento é, pois, de uma simplicidade quase desconcertante: um homem, ao ter a sua família assassinada, busca vingança matando qualquer criminoso que lhe cruza o caminho. Apesar dessa premissa básica, a hábil direção de Lexi Alexander evita as armadilhas em que normalmente caem filmes de registo idêntico. Isto ao mesmo tempo que pisca o olho a grandes clássicos de ação dos anos 1980, como Rambo ou  Exterminador Implacável.
Mesmo que não se lhe reconheçam outros méritos, Justiceiro - Zona de Guerra é a prova provada que os filmes de ação e violência baseados nos comics atraem um público muito específico. Isto, porém, tem o seu preço: o inevitável apocalipse nas bilheteiras.
Sem esquecer, no entanto, que é deste material de risco que é feito o cinema contemporâneo onde a originalidade é um bem cada vez mais escasso. Talvez, por isso, o futuro deste tipo de adaptações passe, não pelos grandes estúdios, mas por produções independentes.
Se são fãs do Justiceiro e, por descaso ou preconceito, ainda não viram este filme, façam um favor a vocês mesmos: ignorem as críticas corrosivas que o fizeram naufragar e vejam-no. Quem sabe não ficarão agradavelmente surpreendidos como eu fiquei?

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2 comentários:

  1. Mais um texto brilhantemente traçado, meu bom amigo! Desta vez, em defesa de um dos melhores e mais fiéis filmes baseado em um personagem de HQ! Infelizmente, críticas negativas partiram mais rápido de bocas maledicentes, do que as balas das armas de Frank Castle, para difamar a película. Críticas, diga-se de passagem de quem nunca sequer folheou um gibi do Justiceiro! Assisti ao filme e o tenho com muito orgulho em minha "dvdteca", pois como sempre alardei, desde o dia que o vi, esse é sem dúvida o melhor e definitivo Justiceiro das telas! Para mim Lexi Alexander e Ray Stevenson cumpriram sua missão com louvor, a deixar o Sr. Castle orgulhoso de ambos!

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    1. Concordo em número, grau e género, meu irmão lusófono. Já era tempo de alguém reabilitar o único filme do Justiceiro que, passo a redundância, faz justiça à personagem. Espantoso como algumas almas sensíveis ficaram chocadas com a violência gráfica presente na película. Algo que, só por si, denuncia a confrangedora ignorância relativamente ao material original da parte de quem recorreu a esse argumento para denegrir esta arrojada obra cinematográfica. Abraço.

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