12 março 2012

FÁBRICA DE MITOS: DARK HORSE COMICS

       

         Proprietário da cadeia de lojas de banda desenhada Things From Another World sediada no estado norte-americano do Oregon, Mike Richardson apostou na criação, em 1986, de um espaço criativo ideal que atraísse os melhores profissionais do ramo. O projeto resultou na fundação da Dark Horse Comics que, atualmente, disputa com a Image Comics o estatuto de terceira "grande" no mercado editorial dos EUA.
         Tudo começou, porém, em 1980. Nesse ano, Mike Richardson usou o seu cartão de crédito com um plafond de dois mil dólares para abrir uma loja de venda de comics na pequena cidade de Bend (Oregon). Batizou-a de Pegasus Books e a sua intenção era produzir um livro infantil ao mesmo tempo que geria o negócio. Este cresceu e não tardou a que Mike inaugurasse duas outras lojas (uma das quais no estado vizinho de Washington).
          A falta de qualidade do material que comercializava deixava Mike frustrado. Usando verbas resultantes do seu negócio de venda a retalho, Mike resolveu fundar a sua própria editora. Desde o início que a Dark Horse Comics primou pela diferença em relação às demais licenciadoras. Seis anos antes da revolução levada a cabo pela Image Comics, os escritores e artistas que trabalhavam para a Dark Horse eram tratados como parceiros, e não como assalariados. Não tardou por isso que alguns dos mais prestigiados criadores de banda desenhada migrassem para a nova editora. Nela podiam desenvolver e comercializar os seus próprios projetos e ideias.

Mike Richardson, fundador da Dark Horse.
           Em 1986, a Dark Horse lançou-se no competitivo mercado editorial dos comics com apenas dois títulos: Dark Horse Presents e Boris the Bear. Foi, todavia, com a aclamada série Concrete ( da autoria de Paul Chadwick e que contava a história de um congressista transformado numa criatura de cimento) que ganhou maior visibilidade. No final do primeiro ano de atividade da editora, já eram publicados nove títulos com a sua chancela.
           Com o lançamento de Aliens, em 1988, e de Predator pouco depois,  a Dark Horse revolucionou os comics baseados em filmes e séries televisivas de grande sucesso. Contrariamente às suas concorrentes, a Dark Horse não hesitou em investir em títulos cujos direitos autorais não lhe pertenciam. Consolidou a sua posição nesse nicho de mercado em 1990 com a adaptação de Star Wars aos quadradinhos. No fundo, a Dark Horse produzia sequelas em banda desenhada de filmes e séries populares. Às já citadas, seguiram-se, entre outros, Conan, Serenity e Buffy, The Vampire Slayer. Com esta abordagem inovadora, as vendas dispararam.
            Ainda em 1990, a Dark Horse surpreendeu a letárgica indústria dos comics com o crossover Aliens versus Predator. O sucesso foi tal que logo a gigante DC ofereceu uma parceria visando o lançamento de vários encontros entre personagens de ambas as editoras. Superman versus Aliens e Batman versus Predator foram algumas das produções resultantes desse projeto conjunto.
O universo Dark Horse com Darth Vader, Concrete e Hellboy em destaque.
            O sucesso da Dark Horse continuou assim a atrair nomes sonantes dos comics como Frank Miller, Dave Gibbons, Mike Mignola, John Byrne, etc.
            Com o sucesso obtido na conversão de filmes em BD, o passo seguinte foi, obviamente, apostar na adaptação ao grande ecrã de algumas das suas personagens originais. Nascia assim a Dark Horse Entertainment, Inc. em 1992. Estabelecida uma parceria com os estúdios Twentieth Century Fox, em menos de três anos foram produzidos quatro filmes no âmbito desse projeto. Dois deles foram êxitos de bilheteira: The Mask e Timecop. Foi, todavia, com o filme "Hellboy II: The Golden Army", realizado em 2008 por Guillermo del Toro e aclamado pelo público e pela crítica, que a Dark Horse conheceu um dos seus momentos de glória neste campo.
             Sempre em busca de novas oportunidades de negócio, a Dark Horse lançou, em 1998, a Dark Horse Deluxe, uma vasta linha de brinquedos, miniaturas e colecionáveis.
             Após o cancelamento da popular série televisiva Buffy, The Vampire Slayer, a Dark Horse deu continuidade à mesma em 2007, através do lançamento da respetiva oitava temporada em banda desenhada. Escrita pelo próprio criador da série, Joss Whedon, e com soberbas capas da autoria de Jo Chen, foram vendidos mais de cem mil exemplares do primeiro número.
             Para assinalar o seu 25º aniversário, a empresa lançou em 2011 uma aplicação que permite descarregar centenas de títulos em formato digital através da loja iTunes e da Dark Horse Digital. Com o regresso de Paul Chadwick e da sua obra-prima Concrete e a entrada de novos talentos, o futuro adivinha-se promissor para a Dark Horse Comics.

Solar e Magnus, dois super-heróis da Dark Horse.

4 comentários:

  1. Não conhecia a Darck Horse Comics e não fazia ideia que o seu historial é tão diferente das outras editoras americanas de comics.
    Melhorei significativamente a minha cultura em comics e graças a mais um fantástico post.

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  2. Eu tambem não conhecia o inicio da editora apesar de conhecer n personagens ou comics originais ou adaptações cinemáticas de filmes ou universo expandidos tipo Star Wars.

    "O projeto resultou na fundação da Dark Horse Comics que, atualmente, disputa com a Image Comics o estatuto de terceira "grande" no mercado editorial dos EUA."

    A luta agora é feita a 3 a Idw que também cresceu rapidamente também está nela e em algumas coisas Dark Horse até se cruzam.

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  3. Desconhecia que o terceiro lugar no pódio nas maiores editoras de comics norte-americanas estivesse a ser disputado a três. Irei pesquisar o historial da IDW e escreverei sobre ela brevemente. ;)

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