03 fevereiro 2016

ETERNOS: DAN JURGENS (1959 - ... )



   Apadrinhado por um grande vulto da 9ª arte, entrou, ainda jovem, pela porta grande da indústria dos comics. Na DC encontrou uma segunda casa, retribuindo a hospitalidade com a conceção de algumas das mais emblemáticas sagas e personagens da companhia. Suspira, porém, até hoje por uma segunda oportunidade com um certo Escalador de Paredes.

Biografia e carreira: Casado e pai de duas filhas, Dan Jurgens nasceu há 56 anos na pequena cidade de Ortonville, no estado norte-americano do Minnesota. Isto é praticamente tudo o que se sabe acerca da sua vida familiar.
  Já o seu extenso e multifacetado percurso profissional é do domínio público e remonta a 1982. Então com apenas 23 anos - e depois de, no ano anterior, ter concluído os seus estudos no Minneapolis College of Art and Design - Dan foi o escolhido para ilustrar as estórias de Warlord (conceito desenvolvido por Mike Grell e publicado sob os auspícios da DC).
  Impressionado com o portefólio que um jovem e promissor desenhista lhe mostrara numa convenção dedicada à 9ª arte, foi o próprio Grell quem recomendou Dan aos seus editores da DC. Percebendo estarem em presença de um fora de série, eles nem pensaram duas vezes antes de contratá-lo.

Edição de Warlord que marcou a estreia profissional de Dan Jurgens em 1982.

   A Dan Jurgens foi assim dada oportunidade de colaborar de perto com diversos nomes sonantes dos quadradinhos. Jerry Conway e Roy Thomas foram dois deles. Escritores consagrados que, anos mais tarde, aquando da sua estreia como argumentista, lhe serviriam de referências.
   Um dos momentos capitais desta primeira passagem de Dan Jurgens pela DC ocorreu em 1985. Ano em que criou aquele que seria o primeiro herói de relevo no período pós-Crise e membro proeminente da renovada Liga da Justiça: o Gladiador Dourado (vide biografia ficcionada já publicada neste blogue).
   Prosseguindo a sua ascensão meteórica na Editora das Lendas, em 1987 Dan Jurgens foi escalado para assumir a arte de The Adventures of Superman Annual nº1. Começava, assim, a sua longa e umbilical ligação ao Homem de Aço. Personagem com a qual, dois anos mais tarde, passaria a trabalhar a tempo inteiro. E cuja "morte" ajudaria a orquestrar em 1992. Foi aliás da sua imaginação que saiu Apocalypse (Doomsday, no original), o hediondo verdugo do campeão de Metrópolis.
   The Death of Superman (saga já aqui esmiuçada) constituiu, de facto, a coroa de glória de Dan Jurgens, valendo-lhe inclusivamente o prémio para melhor arco de histórias atribuído pela National Cartoonist Society. Escusado será dizer que tamanho esplendor não passou despercebido à concorrência, que há muito cobiçava a coqueluche da eterna rival.

A morte do Super-Homem trouxe fama e glória a Dan Jurgens.

   Com efeito, ao fim de quase 15 anos de casamento com a DC, em 1996 Dan Jurgens resolveu trocá-la pela Marvel. Desenganem-se, porém, se pensam que se tratou de um affair inconsequente. Na verdade, essas segundas núpcias durariam sete anos, vividos em quase permanente lua de mel.
   Antes, porém, de assentar arraiais na Casa das Ideias, Dan Jurgens teve ainda tempo para vincar a sua impressão digital na memorabilia da DC, associando-se à produção de três sagas de referência: Armageddon 2001 (1991), Panic in the Sky (1993) e Zero Hour (1994). Reportório assinalável a que se somou ainda o lendário crossover Superman versus Aliens (publicado em 1995 numa iniciativa conjunta da DC e da Dark Horse Comics).

Dan Jurgens com dois dos heróis que mais estima.

   Na Marvel, começou por ser incumbido de lançar The Sensational Spider-Man, série mensal inicialmente projetada para acolher as aventuras e desventuras do novo Escalador de Paredes (Ben Reilly) saído da Saga do Clone. A despeito desse pressuposto, as coisas não correram sobre rodas. Com Dan Jurgens a exercer forte pressão no sentido de trazer de volta Peter Parker. E, invariavelmente, a esbarrar na intransigência de Bob Harras, o recém-nomeado Editor-chefe da Casa das Ideias. Braço de ferro que tinha, obviamente, vencedor anunciado.
  Harras deliberara que o regresso do Homem-Aranha original só aconteceria após o término de Onslaught (saga protagonizada pelos X-Men, traduzida como Devastação em Portugal e Massacre no Brasil). E nem ventos nem marés o fariam mudar de ideias.
  Vencido mas não convencido, Dan Jurgens bateu com a porta, em protesto com o que entendia serem desmandos editoriais. A propósito deste percalço na sua carreira, ele afirmaria anos mais tarde numa entrevista que gostaria muito de poder ter nova oportunidade para trabalhar com o Homem-Aranha. Admitindo que se sentia de certo modo defraudado por ter apenas podido fazê-lo com a versão genérica daquele que é um dos símbolos da Marvel.
   Apesar deste passo em falso, nos anos seguintes Dan Jurgens continuou a sua corrida de fundo pelo Universo Marvel. The Mighty Thor e Captain America foram os dois títulos em que intercalou o seu trabalho (escrevendo o primeiro e acumulando as funções de argumentista e desenhador no segundo).

A fase do Deus do Trovão escrita por Dan Jurgens.

   Fazendo ouvidos de mercador ao velho aforismo de que nunca devemos voltar aos sítios onde fomos felizes, no dealbar deste século Dan Jurgens regressou à DC. Um regresso em grande estilo e a tempo de se associar às comemorações do décimo aniversário da morte do Super-Homem. Narrada sob o ponto de vista de algumas das vítimas colaterais daquele fatídico dia, a minissérie Superman: Day of Doom (2003) mostrou um Dan Jurgens em grande forma.
  Em 2005, Dan Jurgens produziu You Can Draw Marvel Characters, guia ilustrado editado pela Dorling Kindersley Publishing que ensinava passo a passo a desenhar os mais ilustres inquilinos da Casa das Ideias. Obra que tem desde então servido de referência a muitos aspirantes a uma carreira ligada à 9ª arte.
  Quando, em 2011, a DC revitalizou a sua mitologia através de The New 52, Dan Jurgens teve participação importante em dois projetos. Depois de escrever as histórias da rediviva Liga da Justiça Internacional (agora capitaneada pelo Gladiador Dourado e destituída do seu tom humorístico de outrora), assumiu a arte de Green Arrow, a aclamada nova série mensal do Arqueiro Verde. Seguindo-se o inevitável regresso às páginas de Superman, por cujos enredos e ilustrações ficaria responsável por um largo período.
   Dado  o seu traquejo com sagas de grande envergadura, foi sem surpresa que, em 2014, Dan Jurgens foi um dos argumentistas escolhidos para The New 52: Futures End, prelúdio de novo ajustamento cronológico do Universo DC. E na esteira do qual ajudou também a lançar Aquaman & The Others, título mensal tendo o Soberano dos Sete Mares e um enigmático grupo de aliados chamados Os Outros como cabeças de cartaz.
  A conclusão de The New 52: Futures End e de Convergence (seu desdobramento) permitiu a Dan Jurgens abraçar novos projetos. Assim, no verão de 2015, os leitores norte-americanos foram presenteados com duas novas séries baseadas na mitologia do Homem-Morcego. São elas Batman Beyond e Bat-Mite, ambas escritas por Dan. Mais recentemente, em outubro passado, foi lançada a minissérie Superman: Lois & Clark através da qual Dan Jurgens retomou a sua ligação ao Homem de Aço.
  Independentemente do que o futuro lhe reserve, Dan Jurgens há muito inscreveu o seu nome nos anais da História da 9ªarte, sendo portanto um dos seus maiores expoentes da atualidade.

O mais recente projeto de Dan Jurgens ao serviço da DC.


Principais criações:

* Agent Liberty/Agente Liberdade (DC)
* Booster Gold/Gladiador Dourado (DC)
*Cyborg Superman/Supercyborg (DC)
*Doomsday/Apocalypse (DC)
*Monarch/Monarca (DC)
*Thor Girl (Marvel)
*Waverider/Tempus (DC)

Gladiador Dourado, uma das mais célebres criações de Dan Jurgens para a DC.




Bibliografia de referência: 

*Armageddon 2001 (DC, 1991);
*The Death of Superman/ A Morte do Super-Homem (DC,1992);
* Panic in the Sky/Pânico no Céu (DC, 1993);
* Zero Hour/Zero Hora (DC, 1994);
*Superman versus Aliens (DC/Dark Horse, 1995);
* Superman/Fantastic Four (DC/Marvel, 1999);
*Superman: Day of Doom/ Super-Homem: Dia do Juízo Final (DC,2003);
* You Can Draw Marvel Characters (Dorling Kindersley Publishing, 2005);
* The New 52: Futures End/Os Novos 52: Fim dos Tempos (DC, 2014)



Dois dos trabalhos que notabilizaram Dan Jurgens.
 
 


 
 
 





    



Principais criações:

3 comentários:

  1. O cara é fera. Merece outra chance com o Aranha.

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    1. Dan Jurgens é um grande senhor da 9ª arte. Qualquer personagem fica a ganhar com o trabalho dele.

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  2. Quando se fala em DC muitos se lembram de Geoff Johns e Grant Morrison como profundos conhecedores desse universo, e não está incorreto. Porém, é inegável que Dan Jurgen também pertence à essa lista de grandes conhecedores do universo DC, uma prova disso é a saga Zero Hora. Parabéns pela homenagem, ele merece.

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