07 janeiro 2019

HERÓIS EM AÇÃO: GAVIÃO NEGRO


  Em voo picado sobre a injustiça desde a Idade de Ouro, foi em permanente metamorfose que a Maravilha Alada escapou às armadilhas do tempo e do destino. Herói de dois mundos, carrega na alma - e na cronologia - uma antiga maldição. 

Denominação original: Hawkman
Licenciadoras: All-American Publications (1940-1944) e DC Comics (desde 1944)
Criadores (Carter Hall): Gardner Fox (história) e Dennis Neville (arte conceitual)
Criadores (Katar Hol): Gardner Fox (história) e Joe Kubert (arte conceitual)
Estreia (Carter Hall): Flash Comics nº1 (janeiro de 1940)
Estreia (Katar Hol): Brave and the Bold nº34 (março de 1961)
Identidade civil: Carter Hall (Idade de Ouro) /  Katar Hol (Idade de Prata)
Espécie: Humano (Carter Hall) / Alienígena (Katar Hol)
Local de nascimento: Carter Hall é cidadão estadunidense, ao passo que Katar Hol teve como berço Thanaldar, uma das maiores cidades do planeta Thanagar.
Parentes conhecidos (Carter Hall): Shiera Sanders Hall (esposa), Hector Hall (filho, falecido), Hippolyta Trevor-Hall (enteada, falecida), Norda Cantrell / Bóreas (afilhado) e Daniel Hall (neto)
Parentes conhecidos (Katar Hol): Paran Katar (pai) e Shayera Hol (esposa)
Ocupação (Carter Hall): Arqueólogo, curador e aventureiro
Ocupação (Katar Hol): Agente policial, curador e aventureiro
Base operacional (Carter Hall): Midway City, Michigan
Base operacional (Katar Hol): Thanagar e Museu Metropolitano de Midway City
Afiliações: Além da tradicional parceria com a Mulher-Gavião, transversal à maioria das suas encarnações, na Idade de Ouro o Gavião Negro foi líder e cofundador da Sociedade de Justiça da América (SJA). Já a sua contraparte da Idade de Prata foi oficial da Polícia Alada de Thanagar antes de se juntar à Liga da Justiça.
Némesis (Carter Hall): O Gavião Negro original tinha em Hath-Set, um cruel sacerdote do Antigo Egito, o seu arqui-inimigo.
Némesis (Katar Hol): Byth, um criminoso transmorfo de Thanagar, é o principal antagonista do segundo Gavião Negro.
Poderes e parafernália: Comum a todas as versões já apresentadas do Gavião Negro é a utilização do Metal Enésimo. Ao anular os efeitos da gravidade, esta substância de origem extraterrestre (ver Metal Milagroso) confere aos seus usuários, entre outras coisas, a capacidade de voar.
Ao Gavião Negro da Idade de Ouro foi, originalmente, atribuído o vigor de uma dúzia de homens, assim como o poder de comunicar com os pássaros. Esta habilidade não lhe permitia, contudo, controlá-los telepaticamente, à imagem do que faz Aquaman em relação aos peixes e restante fauna marinha.
Devido à sua fisiologia Thanagariana, o segundo Gavião Negro possuía um conjunto de características comuns à sua raça, porém sobre-humanas à luz dos parâmetros terrestres. Além de uma longevidade expandida e de uma extraordinária resistência à dor, Katar Hol dispunha de sentidos aguçados - particularmente, visão telescópica idêntica à da ave que lhe dá nome - e força ampliada. Em algumas histórias do período pré-Crise, foi mostrado que Katar conseguia saber se alguém falava a verdade, perscrutando-lhe a alma.
Outro denominador comum ao Gavião Negro original e ao seu sucessor é a afinidade com armas medievais, mormente espadas, redes, lanças e maças, em cujo manejo evidenciavam ambos enorme destreza. Esta predileção por arsenais arcaicos, em detrimento de armamento moderno, explica-se , no caso do primeiro, pela conservação de vivídas lembranças das suas vidas anteriores; e, no caso do segundo, pelo receio de que a sofisticada tecnologia bélica Thanagariana caísse em mãos erradas. Um e outro requisitavam secretamente o referido arsenal dentre o acervo do Museu de Midway City de que eram curadores.
Líderes natos, tanto Carter Hall como Katar Hol são também exímios estrategas e combatentes corpo a corpo.

Para o Gavião Negro, a maça é quase
 uma extensão natural do seu corpo.

Fraquezas: Por força da milenar maldição que lhe foi imposta por Hath-Set, a cada reencarnação o Gavião Negro vagueia pelo mundo até encontrar a sua alma gémea. Um círculo vicioso de paixão e tragédia, pois sempre que o casal se reencontra e forma laços está destinado a ser assassinado e a reviver tudo uma e outra vez. Podendo, ou não, conservar memórias das suas vidas pregressas.

Imagem relacionada
O reencontro de dois amantes amaldiçoados.

Metal milagroso

Originário do planeta Thanagar, o Metal Enésimo (Ninth Metal, em inglês) possui propriedades únicas que possibilitam diversas utilizações.
Capaz de anular os efeitos da gravidade, o Metal Enésimo permite a qualquer pessoa voar com recurso a um simples acessório ou aparato fabricados a partir dele. O minério protege, ademais, os seus usuários do rigor dos elementos e das altas temperaturas, amplifica-lhes a força e acelera-lhes o processo de regeneração celular. Tem sido igualmente utilizado como revestimento das naves de guerra Thanagarianas e, no século XXX, os anéis de voo usados pelos membros da Legião dos Super-Heróis incluem-no na sua composição.
Sendo certo que este metal milagroso possui outras propriedades desconhecidas, as suas vastas potencialidades estão ainda por explorar.

O errático voo do gavião

Dizer que o percurso editorial do Gavião Negro foi acidentado soa a eufemismo. Passou por duas licenciadoras, abrilhantou títulos próprios e alheios, teve a sua origem sucessivamente revista e, por diversas vezes, pairou perigosamente sobre o negro abismo do esquecimento. Por conta de tudo isso, a Maravilha Alada chegou aos nossos dias presa num emaranhado cronológico do qual, por mais que estrebuche, tarda em libertar-se.
Tudo começou com Flash Comics nº1. Nessa edição histórica lançada em janeiro de 1940 com a chancela da All-American Publications (uma das três empresas de cuja  fusão, anos mais tarde, resultaria a DC), eram apresentados aos leitores dois novos heróis: Flash (Jay Garrick) e Gavião Negro. Este último era um arqueólogo chamado Carter Hall que descobrira ser uma reencarnação do Príncipe Khufu, um aristocrata do Antigo Egito. Carter descobriu também o misterioso Metal Enésimo com propriedades antigravidade e que lhe permitia voar após ser moldado sob a forma de um cinturão.
Para ajudá-lo a estabilizar o voo, Carter Hall confecionou um traje com um imponente par de asas emplumadas acoplado. Sob o nome de guerra Gavião Negro, lançou-se, em seguida, numa implacável cruzada contra o crime e a injustiça. No qual era inicialmente acolitado por um falcão chamado Big Red (algo como Vermelhão) e enfrentava os seus oponentes munido de um arsenal arcaico secretamente requisitado no museu de que era curador. Ao longo de praticamente toda a década de 1940, a Maravilha Alada e o Cometa Carmesim continuaram a coabitar na mesma revista.
Paralelamente, o Gavião Negro foi membro fundador da Sociedade da Justiça da América em All-Star Comics nº3 (dezembro de 1940). Sucedendo ao Flash e ao Lanterna Verde, passaria pouco tempo depois a capitanear a equipa, coincidindo esse facto com o seu reencontro com Chay-Ara, a sua amada princesa egípcia, agora reencarnada numa plebeia americana chamada Shiera Sanders. Quando esta criou a persona Mulher-Gavião, o casal passou a combater o crime lado a lado.


A estreia do Gavião Negro em Flash Comics nº1 (cima)
e a SJA por ele presidida.
Já sob o traço de Joe Kubert e a égide da DC, em Flash Comics nº98 (agosto de 1948) o Gavião Negro teve um pequeno ajuste no seu visual. Em vez da elaborada máscara alada que invocava a cabeça de um falcão, passou a ostentar um simples capuz amarelo. Acessório que, de resto, o acompanharia até à sua despedida nas páginas de All-Star Comics nº57 (março de 1951).

O visual simplificado do Gavião Negro
com a assinatura de Joe Kubert.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial que o interesse do público em relação aos super-heróis vinha esfriando, atingindo o seu ponto álgido na viragem da década de 1950. Mercê dessa circunstância, e a exemplo de muitos dos seus congéneres, o Gavião Negro parecia condenado ao oblívio.
Sob a batuta do seu lendário editor-chefe, Julius Schwartz, a partir de 1956 a DC encetaria um processo de revitalização de algumas das suas personagens charneira da Idade de Ouro. Consistindo a ideia em revivê-las preservando os respetivos nomes  e habilidades, mas atribuindo-lhes origens e visuais renovados.
Na senda do sucesso de Flash (Barry Allen) e Lanterna Verde (Hal Jordan), ao Gavião Negro seria igualmente concedida uma segunda oportunidade em 1961, quando voltou a alçar voo para a ribalta em The Brave and the Bold nº34.

A nova vida da Maravilha Alada começou em Brave and the Bold nº34 (1961).
No entanto, por contraste com as declinações modernas de outras personagens clássicas da Editora das Lendas, o segundo Gavião Negro manteve o seu figurino inalterado - à parte a recuperação da sua icónica máscara alada.
Agora um agente policial de Thanagar chamado Katar Hol, o Gavião Negro da Idade de Prata - criação conjunta de Gardner Fox e Joe Kubert - tinha perseguido até à Terra um criminoso do seu planeta natal. Jornada em que fora acompanhado pela sua esposa e parceira Shayera. Capturado o réprobo, o casal alado decidiu permanecer no nosso mundo, a fim de estudar os métodos das forças policiais terrestres, bem como combater o crime com recurso a táticas Thanagarianas. Como disfarces, criaram as identidades civis Carter e Shiera Hall e tornaram-se curadores do Museu Metropolitano de Midway City.

Resultado de imagem para dc comics winged wonders garcia lopez
As Maravilhas Aladas voltaram a alçar voo na Idade de Prata.
Gavião Negro e Mulher-Gavião reforçariam entretanto as fileiras da Liga da Justiça da América. Quando a década de 1960 girava para o seu final - e numa altura em que o Multiverso DC era já um conceito consagrado - os leitores foram surpreendidos com a revelação de que o Gavião Negro original habitava a Terra-2, ao passo que a sua contraparte moderna tinha a Terra-1 como lar adotivo. Nos anos imediatos - e até a meio da década subsequente - o convívio entre as duas versões do mesmo herói foi enquadrado pelos encontros anuais mantidos entre a Liga da Justiça e a Sociedade de Justiça da América.
Quando não estava a combater o Mal ao lado dos seus companheiros da Liga da Justiça, o Gavião Negro vivia aventuras a solo na sua própria série mensal. A qual, em virtude da sua modesta prestação comercial, seria cancelada ao fim de 27 números e, posteriormente, fundida com a do Átomo. Hawkman and the Atom sofreria no entanto idêntico destino um ano mais tarde.

Cover
O último número de Hawkman foi lançado setembro de 1968.

Em 1985, Crise nas Infinitas Terras, a mãe de todas as sagas da DC, impôs uma maciça revisão na complexa continuidade da Editora das Lendas. No rescaldo desse traumático evento, quase todas as suas personagens tiveram as respetivas origens reescritas, enquanto outras foram pura e simplesmente apagadas da existência. No caso específico do Gavião Negro, não ocorreu nenhuma dessas coisas. Em vez de ter a sua continuidade reestruturada, o herói foi deixado a aboborar no fundo de uma qualquer gaveta. Tudo porque, na nova realidade unificada, existia agora apenas uma única Terra, na qual a Liga da Justiça fora precedida nos anos 40 pela Sociedade de Justiça da América. Logo, ninguém sabia ao certo onde encaixar o Gavião Negro ou como explicar a existência das suas duas versões.
Revisões posteriores tentaram determinar exatamente quem era o Gavião Negro e a Mulher-Gavião nos diferentes períodos históricos, e qual o papel que haviam desempenhado em cada um deles. Nessa perspetiva, nos primeiros anos do pós-Crise, as suas contrapartes da Idade de Prata continuaram a ser utilizadas, chegando mesmo a integrar o novo elenco da Liga da Justiça.
No que se revelaria uma emenda pior do que o soneto, em 1989 a DC procurou reiniciar a continuidade do Gavião Negro através da ovacionada minissérie Hawkworld (Mundo Gavião). Nela, Thanagar era uma sociedade decadente e fortemente estratificada que explorava os recursos naturais e a mão-de-obra semiescrava dos seus planetas-colónias. Filho do fundador da Polícia Alada Thanagariana, Katar Hol fez parte dessa força de elite antes de se rebelar contra o status quo. Afronta que lhe valeria o exílio numa ilha deserta seguido do degredo na Terra, onde acabaria por morrer.

Resultado de imagem para dc comics hawkworld
Em Hawkworld,
o Gavião Negro teve, uma vez mais, a sua origem recontada.
Esta nova narrativa causou, porém, várias inconsistências cronológicas. Desde logo porque, se Katar Hol era um recém-chegado ao nosso planeta, alguém teria sido o Gavião Negro antes dele. No sentido de cortar esta e outras pontas soltas na continuidade do herói, foi retroativamente estabelecido que o Gavião Negro e a Mulher-Gavião da Idade de Ouro tinham continuado a operar esporadicamente mesmo após terem saído de cena. De caminho foi também explicado que Fel Andar, um espião Thanagariano enviado para a Terra para se infiltrar na Liga da Justiça, se juntara ao grupo na década de 80 fazendo-se passar por um combatente do crime.
O quadro adquiriu contornos ainda mais confusos com a fusão das diferentes encarnações do Gavião Negro ocorrida em Zero Hora. Nesse desdobramento de Crise nas Infinitas Terras, da mescla de Carter Hall com Katar Hol nasceu o Deus Gavião. O plano surtiu, porém, o efeito contrário ao desejado e, após esses eventos, a continuidade do herói alado ficou ainda mais caótica. Tanto assim que a DC chegou a equacionar a possibilidade de suspender definitivamente a publicação daquela que era - e, para alívio dos fãs, continua a ser - uma das suas mais antigas e emblemáticas personagens.
Ao cabo de uma longa ausência, nos últimos anos da década de 90  a Maravilha Alada foi novamente resgatada ao ostracismo. Em JSA, a nova série mensal da Sociedade de Justiça da América, Carter Hall foi estabelecido com o verdadeiro Gavião Negro. Apesar de Katar Hol também ter vindo para a Terra e ter usado o mesmo cognome...
Esse aparente paradoxo seria apenas resolvido com Os Novos 52, a penúltima reestruturação do Universo DC. Na continuidade dela decorrente, Katar Hol voltou a ser o verdadeiro Gavião Negro, usando na Terra o alter ego Carter Hall. Outra das novidades foi ter o seu organismo infundido pelo Metal Enésimo, além de ligeiras modificações feitas ao seu visual.
Dado como morto na atual continuidade DC emanada de Renascimento (Rebirth, o mais recente reboot da Editora das Lendas), o Gavião Negro continua a ser Katar Hol, correndo o rumor de que ressurgirá em breve para estrelar um título epónimo.
Só o tempo dirá quais as ramificações do somatório destes eventos. Entretanto, os fãs (os mais pacientes, pelo menos) tentam, em vão, encontrar o fio à meada enquanto o novelo não cessa de aumentar de tamanho.

Imagem relacionada
Será a morte do Gavião Negro um condição temporária?

Ave bicéfala

Devido às muitas falhas de continuidade expostas acima, a versão clássica do Gavião Negro e a sua declinação da Idade de Prata continuam a coexistir na mitologia da DC. Recordemos, por isso, com um pouco mais de detalhe a origem de cada um deles.
A história do primeiro Gavião Negro tem raízes no Antigo Egito. Envolvido numa feroz contenda com Hath-Set, um cruel sacerdote, o Príncipe Khufu e a sua consorte, a Princesa Chay-Ara, acabaram capturados pelo seu inimigo. Hath-Set usou, então, uma adaga amaldiçoada forjada com Metal Enésimo para tirar a vida ao casal.

File:Hath-Set 001.jpg
Khufu e Chay-Ara à mercê de Hath-Set.
Escoaram-se milénios até que, em 1940, Khufu reencarnou em Carter Hall, um arqueólogo americano. O mesmo sucedendo com Chay-Ara e Hath-Set. Enquanto a primeira ocupava agora o corpo de Shiera Saunders, o segundo renasceu na pele de um cientista chamado Anton Hastor.
Após tocar na mesma adaga de Metal Enésimo usada para assassiná-lo séculos atrás, Carter Hall recuperou as memórias da sua vida pregressa. Processo em que tomou consciência de que Shiera Saunders e Anton Hastor eram, na verdade, reencarnações da sua amada e do seu verdugo.
Quando Hastor conjurou um feitiço para atrair Shiera ao seu covil secreto, Carter Hall socorreu-se das suas memórias e conhecimentos restaurados para confecionar um cinturão feito a partir de Metal Enésimo e um uniforme com um par de asas acoplado. Nascia assim o Gavião Negro.
Shiera foi resgatada pelo Gavião Negro e ambos testemunharam a presumível morte de Anton Hastor. Perdidamente apaixonado, o casal passou a combater o crime em conjunto como Gavião Negro e Mulher-Gavião.
Se a história do Gavião Negro original remonta a um passado longínquo, a do seu sucessor começa num planeta distante. Katar Hol era um honrado agente policial de Thanagar, no sistema estelar Polaris. Usando um cinturão antigravitacional e um par de asas, ele e a sua esposa, Shayera, eram aves de rapina em voo picado sobre os mais perigosos delinquentes do seu mundo.
Em 1961, o casal foi enviado para a Terra investido da missão de capturar um criminoso transmorfo chamado Byth - logo erigido a arqui-inimigo de ambos. Apesar de a operação ter sido coroada de êxito, Katar e Shayera escolheram permanecer no nosso mundo para colaborarem com as autoridades locais e estudarem os seus métodos de investigação criminal.
Quando penduravam as asas de Gavião Negro e Mulher-Gavião, os dois atendiam pelos nomes de Carter e Shiera Hall, os discretos curadores do museu de Midway City.
Imagem relacionada
Na Idade de Prata, Katar Hol e Shayera eram
 os novos protagonistas de uma velha história de amor.

Miscelânea 

*Apesar de creditado como coautor do Gavião Negro, Dennis Neville desenhou apenas as três histórias iniciais do herói, após o que foi rendido no posto por Sheldon Moldoff;
*De personalidade austera, não raro rude e truculenta, o Gavião Negro não é pessoa de trato fácil. Tem, contudo, em Ray Palmer (o segundo Átomo, conhecido como Eléktron entre a audiência lusófona) o seu melhor amigo. Ligação que remonta à Idade de Prata dos quadradinhos quando ambos partilharam a mesma revista;
*Um quarto de século antes do enlace de Reed Richards e Susan Storm (o Senhor Fantástico e a Mulher Invisível, da Marvel), Carter Hall e Shiera Sanders foram o primeiro casal super-heroico a dar o nó;
*Na saga Crise de Identidade (já aqui esmiuçada), foi o Gavião Negro quem propôs a execução sumária do Doutor Luz. Foi essa a verdadeira origem da animosidade que o Arqueiro Verde nutre por ele e não, como até aí fora sugerido, as inconciliáveis posições políticas de cada um deles;

Resultado de imagem para hawkman and atom
A improvável amizade entre uma ave de rapina e um Pequeno Polegar.
*São notórias as influências da mitologia de Flash Gordon, especificamente dos Homens-Falcão de Mongo, na conceção visual do Gavião Negro. Embora em menor medida, essa influência é também detetável na arquitetura urbana de Thanagar evocativa, a espaços, das cidades flutuantes que servem de lar à raça alada imaginada por Alex Raymond em 1934;
*Gavião Negro foi o único totalista nas histórias da Sociedade da Justiça da América publicadas durante a Idade de Ouro, tendo sido também o mais duradouro líder daquela que foi a primeira agremiação super-heroica da história da banda desenhada;

Os Homens-Falcão das histórias de Flash Gordon serviram de modelo ao Gavião Negro.
*Ao longo dos anos, o Gavião Negro e a sua série periódica arrebataram diversos prémios e distinções, com destaque para o Alley Award de 1962 para o Melhor Herói;
*Na tabela dos 100 melhores super-heróis de todos os tempos organizada pelo site IGN, o Gavião Negro ocupa a 56ª posição, à frente, por exemplo, de personagens icónicas da Marvel como Punho de Ferro e Homem-Formiga;
*Em Terras Tupiniquins, o Gavião Negro recebeu diversos nomes por parte das editoras que, ao longo das décadas, assumiram a publicação das suas histórias. Começou por ser chamado de Falcão da Noite pelo Grande Consórcio de Suplementos, passando a Falcão com a RGE antes de ser rebatizado de Gavião da Noite pela Metal Pesado. Também noutros segmentos culturais teve a sua denominação clássica - consagrada pela EBAL nos anos terminais da década de 1970 - alterada para Homem-Águia (na dobragem da série animada Super Friends) e Homem-Pássaro (na linha de bonecos lançada pela Gulliver no início dos anos 80).

Hawkman by Bryan Hitch
Pássaro de guerra.

Noutros media

A transição do Gavião Negro para o segmento audiovisual (onde tem ainda presença modesta), ocorreu apenas depois da sua primeira reformulação nos quadradinhos e foi por ela fortemente influenciada. Ora a solo. ora integrado na Liga da Justiça, em 1967 o herói alado fez várias aparições na série animada Superman / Aquaman: Hour of Adventure, produzida sob os auspícios da Filmation.
Apesar das muitas semelhanças com Katar Hol, esta primeira versão animada do Gavião Negro apresentava, porém, elementos diferenciadores, como o uso de uma garra metálica acoplada no pulso em vez do tradicional arsenal medieval.

Imagem relacionada
Na sua primeira versão animada,
o Gavião Negro tinha como parceiro de aventuras um falcão chamado Skreal.
Seria, no entanto, graças à sua participação em Super Friends que, a partir de 1977, o Gavião Negro ganharia maior notoriedade junto do público. De então para cá, tem marcado pontualmente presença noutras produções animadas da DC, as quais têm, salvo raras exceções, privilegiado Katar Hol em prejuízo de Carter Hall.
Foi também na década de 70, mais concretamente em 1979, que o Gavião Negro fez a sua estreia televisiva em ação real. Interpretado por Bill Nuckols, foi um dos astros de Legends of Superheroes, minissérie especial em dois episódios de 60 minutos cada produzida pelos estúdios Hanna-Barbera e originalmente transmitida pelo canal ABC. Já este século, a Maravilha Alada deu um ar da sua graça em Smallville e em Legends of Tomorrow, cabendo, respetivamente, a Michael Shanks e Falk Hentschel emprestar-lhe o corpo.
Ainda sem vaga na atual franquia cinematográfica da DC, vêm-se intensificando os rumores acerca de uma possível longa-metragem baseada no Gavião Negro. Cuja existência no universo estendido da Editora das Lendas já foi, de resto, confirmada. Numa das prequelas ao filme Man of Steel, Thanagar foi referenciado por um membro do Conselho Científico de Krypton como "um planeta habitado por bárbaros".

Resultado de imagem para smallville hawkman
O Gavião Negro de Smallville (esq.) e a sua contraparte de Legends of Tomorrow.



1 comentário:

  1. Heróis com várias histórias de origem, salvo raras exceções (que confirmam a regra), tendem a enfadar o leitor porque confundem sua cabeça (a do leitor, não a dos heróis). Quando se coloca em cena o elemento "reencarnação", a coisa fica ainda mais complicada, até porque boa parte dos roteiristas não entende do tema e cria regras reencarnatórias confusas e mesmo excludentes entre si.
    Há um curioso elemento de identificação entre o Gavião Negro e nós, homens héteros: sua maior fraqueza, passível de levá-lo à aniquilação total, é uma mulher...

    ResponderEliminar